Reservamos para mais tarde um comentário mais completo sobre o novo Ministro da Educação, da Ciência e do Ensino Superior. Para já, dizer que a sensação é amarga, porque aos cortes e aos despedimentos exigidos pela troika e acarinhados pelo governo e por qualquer ministro que viesse a ocupar esta pasta, há que juntar agora uma grande dose de conservadorismo, elitismo e autoritarismo deste senhor Nuno Crato, o anti-pedagogo. Aqui fica um aperitivo (retirado desta entrevista de Fevereiro à Rádio Ecclesia):
A escola livresca e acrítica:
“A nossa escola deveria assegurar a transmissão de conhecimentos e, às vezes, o que se passa é que, com pretextos muito grandiosos, de criar cidadãos críticos, jovens cientistas, escritores activos, eleitores activos, com esses slogans grandiosos, esquece-se aquilo que é fundamental na escola, que é transmitir conhecimentos básicos.”
O cheque-ensino:
“Há pessoas que defendem um chamado cheque de educação, há várias maneiras de o fazer, não sei exactamente qual a melhor maneira.”
Sai o Estado, entra a Economia (e cuidado com as Ciências Sociais):
“é que nós se olharmos para as orientações que saem do Ministério da Educação, só vemos absurdos ou vemos muitos absurdos, porque a área das chamadas Ciências da Educação em Portugal está muito desactualizada do que se passa de bom na investigação científica do mundo. É uma área muito ideológica, que nasceu desta ideia do centralismo, de que um Estado central haveria de conseguir controlar bem a Educação, e que o Estado central haveria de dizer a cada filho, a cada família, escola, professor, aquilo que deve fazer, ao mais ínfimo pormenor e duma forma muito marcada, ideologicamente, e pouco aberta àquilo que a Ciência nos diz hoje: aquilo que a Psicologia Cognitiva, os Estudos de Economia de Educação nos dizem sobre o que são as melhores práticas das escolas.”
Finalmente, o bombismo:
"Acho que o Ministério da Educação deveria quase que ser implodido, devia desaparecer, devia-se criar uma coisa muito mais simples, que não tivesse a Educação como pertença mas tivesse a Educação como missão, uma missão reguladora muito genérica e que sobretudo promovesse a avaliação do que se está a passar."
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