A ideia agora retomada pelo Governo de institucionalizar na administração pública o trabalho em voluntariado, é uma cópia recalcada de forma mais ultraliberal da que em 2009 chegou a ser anunciada pelo governo de Sócrates através da então ministra da educação e que viria a resultar num natural insucesso, tal era a afronta aos profissionais da educação
Desta feita, o tema do voluntariado a promover entre os funcionários públicos é propagandeado pelo secretário de Estado da Solidariedade e Segurança Social, Marco António, do mesmo governo que elegeu igualmente a administração pública como alvo das suas medidas mais drásticas ao denominado peso na despesa pública que se propõe cortar cegamente, na linha da descaracterização do Estado Social para que o país está a ser empurrado por sucessivos governos e agora com o pretexto do FMI.
A área da educação volta a ser dada como exemplo para a experiencia entretanto falhada, insistindo o governante que professores reformados podem dar explicações a alunos carenciados. Ou seja, um serviço público como o direito à educação e à aprendizagem na escola pública que este Governo fomenta, poder ser feito em regime de voluntariado, desresponsabilizando-se o Estado que deixa no desemprego milhares de docentes que não obtiveram colocação nomeadamente para o apoio ao estudo, entre tantos outros profissionais da educação.
O espírito do voluntariado não pode abrir portas ao assistencialismo, e muito menos à falta de solidariedade interageracional, quando o mesmo Governo que exalta o voluntariado como uma atitude cívica, continua a tendência de desmantelar os serviços públicos apenas com a obsessão de redução de trabalhadores, propondo-se atingir até ao fim desta legislatura menos cerca de 50 mil só na administração central. Um corte em meios humanos que resulta em aumento do desemprego, precariedade, e má qualidade de serviços que o voluntariado não pode branquear.
José Lopes (Ovar)
Sem comentários:
Enviar um comentário