segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Crianças em “risco” sem técnicos especializados

Sempre com o argumento da redução de despesas do Estado os cortes financeiros são verdadeiramente cegos, como fica bem demonstrado no exemplo concreto dos cerca de 300 técnicos especializados para acompanhar crianças que foram institucionalizadas, que estão a ser despedidos, pondo estas medidas economicistas do governo em causa os próprios projectos de vida das crianças em “risco”, tantas vezes retiradas às famílias, que agora correm o risco de ficarem entregues a pessoal auxiliar sem formação adequada para darem continuidade ao trabalho especifico que vinha sendo desenvolvido por equipas técnicas em instituições, que incluem educadores sociais, psicólogos e assistentes sociais ao abrigo do Plano DOM – Desafios, Oportunidades e Mudanças.

A frieza com que os governantes tratam áreas sociais como a que pode pôr em causa o Plano DOM só podem agravar a já de si deficitária capacidade de resposta das instituições, na ausência do Estado assumir o seu papel, que acolhem crianças vítimas de maus-tratos, violência doméstica e abusos de vários tipos que na generalidade, tais sinais só acabam por serem descobertos logo a partir dos jardins-de-infância pelos profissionais de educação em meio escolar e depois encaminhadas para instituições.

Mas se é verdade que o recurso à institucionalização não pode ser solução para tudo, nomeadamente para as duras consequências das fragilidades sociais e económicas que se estão abater sobre as famílias, que tantas vezes tornam as crianças desprovidas de meio familiar adequado. As medidas que despedem técnicos ao serviço de instituições nesta área, acabam também por se reflectir no amontoar de casos, das designadas crianças em “risco” na escola pública em que, na sequência da mesma linha de reduções de custos, sem equipas multidisciplinares e técnicos, como psicólogos com áreas de intervenção absurdas em mega-agrupamentos, não tem respostas profissionais e especializas adequadas para as crianças que vão começar a ficar na escola independentemente do diagnóstico. Tais são as justas e oportunas dúvidas que se deverão colocar agora, sobre a solução da institucionalização de uma criança fora da escola, quando o Estado desvaloriza o trabalho especializado e as deixa à mercê da mera e fria institucionalização.

José Lopes (Ovar)

domingo, 23 de outubro de 2011

Cortes na educação são desinvestimento humano

O retrocesso na educação e ciência que resultará de tão elevado corte orçamental (864 milhões de euros de despesa em 2012), cujo montante triplica o sacrifício recomendado no memorando assinado com a troika no âmbito do programa de ajuda externa a Portugal que apontava para uma redução de custos de 195 milhões, só vem aprofundar a degradação da escola pública atirando ainda mais Portugal para a retaguarda da União Europeia no que toca a investimentos, quando são imprevisíveis os efeitos da acumulação de tantos factores sociais de risco que se vivem na sociedade portuguesa, como resultado das políticas recessivas e neoliberais.

Mas é no investimento humano que mais se reflectem os cortes cegos na educação anunciados pelo governo que só resultarão na continuação da instabilidade vivida nos últimos anos nas comunidades escolares, imperando a desmotivação e a desmoralização, bem como o desrespeito inqualificável pela dignificação profissional de quem ironicamente tem como motivação no seu exercício profissional o desejo de ajudar os jovens a desenvolverem-se harmoniosamente. Ou quando se sujeitam os docentes nos agrupamentos de escolas à mais vil polivalência, transformando-os numa espécie de trabalhadores indiferenciados, não fosse a licenciatura, o doutoramento ou o mestrado na sua área de formação específica para a via do ensino.

Com tais medidas de desinvestimento na educação, a ameaça da continuada redução de profissionais no sector é preocupante, quando milhares de professores vão ficar fora do sistema a somar aos que já ficaram, e os que nele ficam, estão cada vez mais sujeitos à precariedade laboral e muitas vezes à mercê de ditames dos directores submissos às orientações do ministérios da educação, usando e abusando de recursos humanos, em que os docentes são usados como "tapa buracos" para colmatarem todas as consequências no ensino, dos sucessivos cortes orçamentais e das medidas avulso que vêm atrofiando as escolas, sem psicólogos ou sem técnicos mediadores culturais e de outras especialidades. Aceitação passiva sem adequada formação, que tem levado a que os professores assumam progressivamente papeis de variedade e complexidade crescente, cujo irrealismo de tais práticas só tem de ser denunciado. 

A armadilha dos agrupamentos nas suas várias vertentes e que de forma sorrateira vêm tornando natural a deslocação de professores do 2.º e 3.º ciclo, classificação que foram apagando das paredes destas escolas e dos seus documentos timbrados em silêncio, a que querem designar só por EB 2,3 para darem aulas das AEC,s e apoio ao estudo nas escolas do 1.º ciclo. Rentabilização de mão-de-obra que tenderá a ser gerida sem preocupações pedagógicas, mas assentes fundamentalmente na lógica economicista redução de custos evitando contratações de profissionais, vertente ainda mais reforçada na proposta de orçamento para 2012 que só agravará a realidade de que as crianças e os jovens não deixam fora dos portões da escola as suas condições de vida familiar e social, que este tempo difícil testemunha serem por vezes bem desumanas. Estas são as inquietações perante o retrocesso do papel da escola pública, quando muitos dos filhos das principais vítimas de toda esta politica intolerante do governo e da “troika” (FMI, BCE, CE), encontram na escola a satisfação de necessidades afectivas básicas, cada vez mais negadas por cortes verdadeiramente cegos que inegavelmente desumanizam as escolas. 

José Lopes (Ovar)

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Pontapé na escola pública


E sabem o que significa isto para os alunos? Significa menos escola pública: turmas maiores, menos disciplinas essenciais, menos apoios educativos, diminuição da segurança em aulas práticas, desvalorização do ensino manual e/ou artístico….É a escola mínima, muito menos capaz de perseguir a igualdade de oportunidades….

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

A Passadeira do desemprego e da precariedade

Eis o vídeo da acção de protesto de ontem, dos professores contratados e desempregados. Amanhã, Sábado, 15 de Outubro, todos e todas à manifestação internacional por uma democracia verdadeira!


quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Professores desempregados voltam aos protestos

Na sequência da ocupação pacífica das instalações do Ministério da Educação nas Laranjeiras, o grupo de professores contratados que nasceu no facebook e que já se havia manifestado a 10 de Setembro, promove na próxima quinta-feira, dia 13 de Outubro, uma nova acção de protesto.: encenação da Passadeira do Desemprego e da Precariedade, em frente ao Ministério das Finanças, no Terreiro do Paço, em Lisboa (link para o facebook).

Também no Porto, os professores contratados e desempregados promovem uma acção de protesto, no mesmo dia e à mesma hora: concentração na Rua de Santa Catarina (Café Majestic) (link para o facebook)


quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O barato sai caro


Os cortes para a Educação já são o triplo do que foi recomendado pela troika. O mal que estão a fazer à escola pública terá consequências dramáticas no desenvolvimento do país. Já aqui dissemos: a ignorância sairá muito mais cara do que investir na educação. É necessário que todos/as, professores, alunos, pais se juntem para defender a escola pública.

domingo, 2 de outubro de 2011