quinta-feira, 31 de março de 2011

Marcha da Educação adiada

Devido ao novo quadro criado pela dissolução da Assembleia da República, as organizações promotoras decidiram adiar a Marcha da Educação para o início do próximo ano lectivo. Texto justificativo aqui

terça-feira, 29 de março de 2011

Mais uma aventura nas AECs

Estive dar AECs de Inglês no concelho de Loures e além das condições precárias que já conhecemos (instabilidade financeira gerada não só pelo vencimento a recibos verdes, mas também porque não recebemos quando falta um professor titular, quando há greve da função pública ou até quando falta a água na escola), deparei-me com uma incrível indisponibilidade para fornecimento de material, incluindo fotocópias, e um desrespeito com o qual nunca me tinha deparado antes, em nenhum trabalho.
Lê aqui o testemunho completo

domingo, 27 de março de 2011

Colonialismo e racismo nos manuais de história

Notícia do Público online:

A democracia é mesmo a rua

Amargurada com o chumbo da avaliação docente, a senhora ministra disse na TV que a democracia não se faz na rua e a educação também não. Sem dúvida é um belo contributo à Educação para a Cidadania nas escolas: acabe-se com as manifestações.
Triste ministra. Felizmente as manifestações não só enriqueceram a democracia como contribuíram para mais pedagogia na escola e menos burocracia. Não foram certamente os vídeos patéticos de Isabel Alçada que o fizeram. A vitória contra a divisão da carreira docente, e agora a vitória contra este modelo de avaliação, que são vitórias de toda a escola pública, só foram possíveis porque houve muita gente que veio muitas vezes para a rua gritar. Afinal, as manifestações fazem parte da democracia e além disso valem a pena. Valem tanto a pena que passados dois ou três anos (os cento e tal mil) ainda conseguem mudar as coisas.

Miguel Reis

sexta-feira, 25 de março de 2011

Acabou o modelo de avaliação docente que incendiou as escolas

A oposição derrubou há pouco no parlamento o modelo de avaliação que tanta contestação motivou e que tanta instabilidade trouxe às escolas. O projecto de suspensão foi aprovado em votação final global e prevê a negociação de um novo modelo. Uns votaram por convicção, outros por oportunismo, mas o importante é que as escolas e a sociedade ficam a ganhar. A heróica e empolgante luta dos professores foi decisiva.(vê a notícia do jornal Público em actualização)

Aqui ficam os links para os projectos de lei hoje em discussão no parlamento e mais uma posição de escola:




Movimento da Escola Moderna: Sábado Pedagógico

quinta-feira, 24 de março de 2011

Pedagogia contra o Racismo

Permitam-me que partilhe esta experiência de muito regularmente me pronunciar, ainda que de forma já quase artesanal (através de e-mail) junto da comunidade escolar e educativa do Agrupamento de Escolas de Ovar a que pertenço. Neste caso refletindo sobre um trabalho de uma turma relativa ao Dia Internacional da Luta Contra o Racismo (21 de Março) em que é relacionado o movimento artistico Fauvismo.
Sem qualquer pretensiosismo dada até a minha pouca escolaridade, limito-me a usufruir a liberdade e a democracia que mesmo cada vez mais limitada, ainda assumo ser possível exercer desde que a exerçamos empenhadamente sem medos no seio pelo menos da escola pública. Esta tem sido a minha experiência, e enquanto tal for possível, ainda que dentro dos limites de que tenho consciência em meio escolar, exercerei tal postura.
É apenas esta experiência em meio escolar que gostaria de partilhar com o MEP.
Obrigado pela atenção dispensada
José Lopes (Ovar)

fauvismo

segunda-feira, 21 de março de 2011

Reforma curricular e mega-agrupamentos: afinal em que ficamos?

A reforma curricular foi chumbada pela oposição mas o Orçamento de Estado não prevê verbas para a contratação de dois professores de EVT e para os horários de Área de Projecto. Além disso, o avanço dos novos mega-agrupamentos pode estar dependente do cenário de eleições antecipadas. Na verdade, estamos em crer que a mobilização dos docentes e de toda a comunidade educativa será decisiva para determinar o que não passará ou passará do papel.



quinta-feira, 17 de março de 2011

Concentração de professores na Amora

Caros colegas,

Temos de voltar a manifestar a nossa indignação contra ESTA AVALIAÇÃO e contra todas as medidas desastrosas que destroem a Educação e que INJUSTIFICADAMENTE sacrificam os docentes.
Concentração de professores na AMORA. Sexta-feira, 18 de Março, 21h. Praça 5 de Outubro (Coreto da Amora, junto ao rio). Passa a palavra. Reenvia.

Um abraço,

Mário Carneiro

Parlamento discute concurso de professores

Serão discutidas diversas iniciativas legislativas que dizem respeito a todos os professores, e nomeadamente aos professores contratados:

a) Concursos em 2011 e vinculação de professores (votação da petição apresentada em Janeiro);

b) Projectos de lei e Projectos de Resolução sobre concursos e vinculação;

c) Retirada da ADD dos concursos;

Apela-se a todos os professores que possam estar presentes que venham encher as galerias do Parlamento para mostrarem o seu descontentamento e as suas expectativas de resoluções imediatas para os problemas que os assolam diariamente.

Não esperes por Setembro pois pode ser tarde demais.

Frente de Contratados do SPGL

Avaliação docente: tomada de posição do Agrupamento de Escolas de Eixo-Aveiro

segunda-feira, 14 de março de 2011

DREC não convive bem com direito de opinião

A recente demissão na DREC de Ernesto Paiva - que desde 1996 coordenava a Equipa de Apoio às Escolas de Coimbra - por ter subscrito um abaixo-assinado crítico ao actual modelo de avaliação dos professores (ainda que na qualidade de docente da Escola Secundária Infanta D. Maria) não pode ser encarada como uma mera decisão de retirada de confiança por “quebra de lealdade” deste militante socialista, que, contra a corrente de submissão ao líder partidário e primeiro-ministro, de forma subserviente, ousou, apesar do cargo de nomeação que exercia, ter opinião e manifestá-la. É um preocupante e evidente sinal de que a DREC também não convive bem com o direito de opinião.

Na mesma linha das potenciais consequências para quem viole a chamada “quebra de lealdade”, a Direcção Regional deixa transparecer o que pode acontecer a quem repetir a irreverência de questionar a politica do ministério da educação, tanto mais num período que se avizinha, de contestação e sobretudo, de inevitável questionamento às orientações surrealistas que brevemente chegarão às escolas e agrupamentos, como nos vêm habituando estes governantes, mesmo à revelia do importante chumbo pela oposição na Assembleia da República da reforma curricular aprovada pelo governo. Arrogância e pressão sobre as comunidades escolares e desde logo sobre os directores, que se vislumbra com laivos intimidatórios e de imposição, a que se acrescenta o despacho de Organização do Ano Lectivo e a continuação da reorganização da rede escolar, que só pode dar origem a mais instabilidade em meio escolar, com argumentos economicistas em detrimento de uma verdadeira politica educativa, que dote a escola de paz e da serenidade que vem precisando para o desempenho do seu verdadeiro papel na sociedade.

Resultado do novo modelo de gestão com que o ministério quis manter os directores como fiéis executantes da sua política, a generalidade destes tem-se limitado a funcionar como “correias de transmissão sem autonomia”, tirando alguns pontuais exemplos de coerência e dignidade, mesmo que isso implique a sua perca de confiança. O caso da demissão na DREC pelas razões invocadas para o “delito”, não pode ser desvalorizado nem branqueado, porque fomenta o medo e retrai o exercício de cidadania no seio da escola pública, em que a participação activa e democrática, incluindo nos órgãos de gestão das escolas de que se exige discussão e posição, nomeadamente no órgão estratégico (Conselho Geral) como é consagrado na lei, é fundamental na relação com os vários elementos da comunidade educativa e local.

José Lopes (Ovar)

domingo, 13 de março de 2011

Geração à Rasca enche o país



"Mais de 400.000 pessoas em várias cidades do país afirmaram que não aceitam a proposta que as remete para a precariedade, para a pobreza, para a dificuldade, para a dependência da família, dos amigos… pior, dependência da boa vontade do patrão. Hoje o país mudou, porque não voltaremos para trás. Temos mais força para reconquistar os nossos direitos.

A falta de direitos no trabalho é a falta de direitos na vida. Por isso, mais de 300.000 pessoas em Lisboa, mais de 80.000 pessoas no Porto, muitos outros milhares espalhados pelo país inteiro afirmaram “Já chega”. Não aceitamos mais exploração e precariedade.

A seguir ao dia de hoje não faltarão responsáveis políticos, comentadores e dirigentes a pregarem nas suas homilias nos media sobre as dificuldades em que nos encontramos, sobre a necessidade de visão realista que hoje é necessária e sobre a responsabilidade externa do que nos acontece por cá.

Mas da realidade sabemos nós, precários, desempregados, mal-empregados, estagiários, explorados… Sabemos que os problemas do trabalho e da vida não são nenhuma novidade, resultaram de vários anos de opções que fragilizaram o trabalho e os direitos para que alguns acumulassem privilégios. Sabemos que temos direito ao salário e à dignidade. Sabemos também que é o poder económico que nos tenta impor, pelas mãos do Governo e do seu parceiro, principal partido da oposição, a precariedade e a exploração como forma de ganhar mais quota, mais dividendos, mais poder.

Não aceitamos, não aceitaremos que nos roubem mais a vida. Exigimos todos os direitos a que temos direito apontando como solução a riqueza acumulada por poucos, resultado do nosso trabalho. Queremos essa riqueza de volta: nos serviços públicos, nos salários, nos direitos.

Onde existirem soluções imediatas, que se apliquem já. Quando não existirem opções imediatas, que se criem, que se inventem, porque é para isso que servem as democracias, as ideias, as propostas, as pessoas.

Hoje, o país mudou. Não voltaremos para trás.
A rua é nossa."

Professores enchem campo Pequeno



Nove mil professores de vários níveis de ensino e de norte a sul do país encheram hoje a sala de espetáculos do Campo Pequeno para contestar a política do Governo e aprovar o reforço da greve às horas extraordinárias. (notícia DN)


O Movimento Escola Pública esteve presente (clica para ampliar):

sexta-feira, 11 de março de 2011

Professores de Barcelos firmes no protesto

Os professores da Escola Secundária Alcaides de Faria, reunidos em Assembleia Geral de Professores no dia 01 de Março de 2011, declaram não dar seguimento a este processo de avaliação enquanto não forem publicados todos os articulados que permitam aos avaliadores e avaliados terem a informação total sobre o referido processo (...)
"Em anexo segue tomada de posição dos professores da Escola Secundária Alcaides de Faria em Barcelos, a propósito da avaliação de desempenho dos docentes. Esta moção foi aprovada por maioria (20 votos contra e 22 votos pela abstenção), em Assembleia Geral de Professores convocada para o efeito, num total de 174 presenças.
com tonificantes cumprimentos e saudações escolares,
em nome da comissão promotora da Assembleia Geral
José Maria Cardoso"


alcaides

quinta-feira, 10 de março de 2011

Protesto geração à rasca

É no mesmo dia e à mesma hora que o Plenário de Professores. Mera coincidência (desta vez não houve mesmo jogadas de bastidores com as datas). Passaremos em força pelo Campo Pequeno, para de seguida nos juntarmos ao final do protesto desta geração que também inclui muitos jovens professores na corda bamba. Que sejam dois grandes momentos de indignação!
Mais informações aqui

terça-feira, 8 de março de 2011

Próximo Sábado!

segunda-feira, 7 de março de 2011

Bom Carnaval!

Reforma curricular chumbada



Foi uma vitória dos alunos, dos professores, de toda a comunidade escolar e da sociedade. A oposição chumbou o decreto da reforma curricular antes aprovado pelo Governo e que determinava, entre outras medidas desastrosas, o fim do par pedagógico à disciplina de Educação Visual e Tecnológica. Reparem no vídeo a partir dos 20 minutos e 40 segundos, com a Ministra da Educação no papel de Secretária de Estado das Finanças. Resta agora ao PS o recurso ao Tribunal Constitucional. O argumento só podia ser o financeiro, porque a pedagogia há muito que fugiu da 5 de Outubro.

Relato da vigília de professores em Sintra

Primeiro, a contrastar com o característico frio sintrense e cansaço próprio do final de semana, o ambiente caloroso no Restaurante Apeadeiro, onde ao jantar se debateram análises e pontos de situação, principais problemas identificados, rumo para o retomar e o futuro do movimento de contestação docente e, incontornavelmente, a celebração comedida da revogação pela oposição, ontem na AR, do DL 18/2011, sendo presente em todos que o Governo voltará à carga mais cedo ou mais tarde com nova iniciativa legislativa, à qual será novamente vital opormos resistência tenaz.

O actual modelo de gestão, o processo imposto dos mega-agrupamentos e o encerramento de escolas, a degradação contínua dos direitos e das condições socioprofissionais, a precariedade eterna sem vinculação à vista por contraponto ao desemprego assustador que se anuncia já para Setembro, foram igualmente tónica de muitas conversas e trocas de impressões. Igualmente as relações com as organizações sindicais, as estratégias para a continuação da luta e a avaliação, um ano depois, da eficácia discutível do "acordo de princípios", estiveram no centro dos debates.

A troca de ideias prosseguiu, já fora do restaurante, a caminho do palacete da Câmara Municipal. Aí, as tarefas usuais, afixação das faixas (em defesa da Escola Pública e contra este modelo de ADD). A identificação à GNR, que compareceu no local, e o rever, mais ou menos emocionado, de colegas e companheiros desta e de outras lutas. A vigíla entretanto ia engrossando, com mais de 60 participantes.

Compareceu no local uma equipa de reportagem da SIC, que documentou em imagens a concentração e colheu duas extensas entrevistas ao presidente da APEDE e a Paulo Ambrósio, que reportou a luta de EVT como um exemplo para a resistência docente a todos os outros ataques que permanecem - frutos directos dos cortes orçamentais aos serviços públicos essenciais - consagrados no OE e nos sucessivos PEC's e executados friamente pelo governo do PS. Infelizmente a opção editorial, no telejornal das 00h00, foi emitirem a peça com imagens, mas somente com voz off, sem qualquer transmissão das referidas entrevistas. (alguns segundos das mesmas seriam, contudo, posteriormente exibidas no telejornal das 13h da SIC)

Presenças notadas: o editor do blogue "O Estado da Educação", Mário Carneiro, Jaime Pinho, do "Movimento Escola Púiblica" e a deputada do BE, Ana Drago, que também se dirigiu aos presentes numa intervenção escutada atentamente.

Depois das Caldas da Rainha, Aveiro e Sintra, foi sublinhado pelos organizadores da vigília a necessidade de alargar e multiplicar, nos agrupamentos e nas ruas, um pouco por todo o país, estas reuniões locais de professores. De fazer alastrar para os agrupamentos circundantes as tomadas de posição contra a ADD já existentes. A urgência de alertar e encorajar os colegas mais alheados para a necessidade de se incorporarem na luta. Apelos à participação dos professores nas iniciativas próprias que se avizinham (Campo Pequeno, Marcha pela Educação) e noutras (como os protestos da "Geração à Rasca").

Por volta da meia noite começou o regresso a casa, com a promessa de empenhamento na luta por parte de todos, e um "até breve!"

quinta-feira, 3 de março de 2011

Relato interessante...ou talvez não

Um professor que esteve presente na reunião Ministerial com os Directores de Escolas do Distrito de Setúbal, DREL Norte e Vale do Tejo do dia 24-2-2011 fez o relato que poderá ser lido AQUI.


A Reunião Ministerial com os Directores de Escolas do Norte será entre o dia 2 e 4 de Março. Prevê-se que a coisa vai ser " mais quente".

Governo português criticado internacionalmente

O European Trade Union Committee for Education (ETUCE), presidido por Ronnie Smith, aprovou uma posição, considerando que medidas como reduções salariais, agravamento dos horários de trabalho ou aumento do número de alunos por turma em cursos profissionais, entre outras, implicam uma significativa degradação das condições de trabalho dos docentes, coloca uma severa ameaça sobre o sistema educativo português e impedirá a concretização de compromissos assumidos por Portugal no âmbito da Estratégia Europa 2020.

A ETUCE recomenda ao governo português que mantenha um diálogo sustentável com as organizações de professores em todas as matérias referentes às condições de trabalho para que se construam soluções colectivas necessárias na actual situação, sendo reiterado o apoio às organizações sindicais dos docentes portugueses.

Esta posição foi dirigida por Ronnie Smith ao Presidente da República Portuguesa, ao Presidente da Assembleia da República, ao Primeiro-Ministro, à Ministra da Educação, ao Provedor de Justiça, ao Presidente da Comissão de Educação e Ciência da Assembleia da República e à Presidente do Conselho Nacional de Educação.

Recorda-se que a FENPROF também apresentou queixa, recentemente, da postura antinegocial do Governo e do ataque que tem sido deferido contra os professores ao Secretário-Geral da OIT, ao Secretário-Geral da UNESCO, ao Presidente da Internacional de Educação (IE) e a diversos comissários europeus com responsabilidades nas áreas laborais e sociais.

Pires de Lima

Entrevista a Raquel Pereira Henriques, presidente da Associação de Professores de História

1) Como caracteriza o ensino em Portugal nos últimos anos?

Não há um ensino, mas vários. Talvez o que caracterize o ensino em Portugal nos últimos anos seja mesmo a diversidade, a multiplicidade de projetos, individuais e coletivos, que se vão organizando em escolas com características muito distintas.

2) Que propostas sugeria para melhorar o ensino em geral e o da sua área disciplinar em particular?

O ensino em geral pode melhorar com formação adequada às necessidades, específica e não generalista. Pode melhorar se se devolver aos professores a responsabilidade de agirem como intelectuais e não como burocratas da educação.

Link para toda a entrevista

Dez Princípios para uma Renovação da Educação Escolar

Quase toda a gente sabe que o modelo de organização escolar tem prestado relevantes serviços à sociedade e às pessoas. Mas, nas últimas décadas, com a escolarização de massas, tem tido dificuldade em cumprir as promessas consagradas nas leis, com destaque para a promessa da igualdade de oportunidades de acesso, de sucesso e de usufruto dos bens educacionais.

Enquanto não temos um modelo alternativo de escolarização temos de procurar renovar o que existe. Aqui enuncio 10 princípios que podem contribuir para que tal aconteça.

1) Princípio da escuta. A escuta é um dos pilares da educação. Sem escuta não há compreensão do outro, não há proximidade, não há adequação, não há a convocação do ser para se inscrever no projeto de aprender. Precisamos de praticar, insistentemente, como defendia Rubem Alves, a escutatória, essa arte de nos centrarmos empaticamente na fala e nos silêncios do outro.

2) Princípio da confiança. A confiança é uma condição sine qua non da educação. Sem confiança nas potencialidades e na perfetibilidade do ser humano não há projeto educativo que possa ter sucesso. Sem confiança na capacidade e no poder transformador dos professores, sem confiança na possibilidade do compromisso de todos, a educação será uma palavra sem sentido.

3) Princípio da proximidade. A proximidade é a base da pedagogia. Sem proximidade o outro é um número que apenas conta para as estatísticas. Educar é estar próximo para perceber os bloqueios, os impasses, os talentos que podem emergir.

4) Princípio da diversidade. Porque a escola não pode mais ser alimentada com a ideia de que podemos ensinar todos como se todos fossem um só. «Tudo é diferente de nós e por isso é que tudo existe», como sustentava Fernando Pessoa. A diversidade é, pois, um princípio vital que tem de ser transposto para a ação pedagógica. Nos métodos, nas atividades, nos tempos, na avaliação. Porque a indiferença às diferenças só gera o insucesso.

5) Princípio da comunidade. Sem o sentido de pertença é difícil haver ambientes favoráveis de aprendizagem. Precisamos de cultivar valores, códigos, sentidos partilhados e comuns.

6) Princípio da flexibilidade. A flexibilidade tem muito a ver com a diversidade, mas é sinónimo. Ser flexível na gestão do agrupamento de alunos e na gestão do tempo (por exemplo) para que a ação educativa se possa adequar às singularidades do outro.

7) Princípio da humanidade. O sentido de humanidade naquilo que fazemos na escola é o que permite fazer crescer as crianças na autonomia, na liberdade, na responsabilidade, no respeito, na compaixão. Este princípio rejeita o excesso de escola (a escola a tempo inteiro que muitas vezes é uma prisão sem sentido), a escola como estação de serviço.

8) Princípio do exemplo. Porque a escola não pode ser só discurso. Tem de ser ação, exemplo, referências concretas. É sabido que ensinamos o que somos. E ensinamos por aquilo que fazemos. Mais do que pensamos.

9) Princípio da exigência. Porque a vida é cruel e vai exigir muito de nós precisamos de promover o rigor, o método, a resiliência, a determinação, o valor do conhecimento. Porque a vida não é um passatempo.


10) Princípio da aprendizagem. Todos estamos na escola para aprender, coisas certamente diferentes, mas complementares. E o trabalho dos alunos é aprender. Quando não aprende não está a cumprir o seu ofício. Não está a crescer, a desenvolver-se. Aprender sempre é o nosso destino e a nossa condição existencial.


Outros princípios haverá. Mas estes, quando levados à prática, são certamente alavancas poderosas da transformação da escola.

José Matias Alves

quarta-feira, 2 de março de 2011

A Grande Evasão

'Quem pode, foge. Muitos sujeitam-se a perder 40% do vencimento. Fogem para a liberdade. Deixam para trás a loucura e o inferno em que se transformaram as escolas. Em algumas escolas, os conselhos executivos ficaram reduzidos a uma pessoa. Há escolas em que se reformaram antecipadamente o PCE e o vice-presidente. Outras em que já não há docentes para leccionar nos CEFs. Nos grupos de recrutamento de Educação Tecnológica, a debandada tem sido geral, havendo já enormes dificuldades em conseguir substitutos nas cíclicas. O mesmo acontece com o grupo de recrutamento de Contabilidade e Economia. Há centenas de professores de Contabilidade e de Economia que optaram por reformas antecipadas, com penalizações de 40% porque preferem ir trabalhar como profissionais liberais ou em empresas de consultadoria. Só não sai quem não pode. Ou porque não consegue suportar os cortes no vencimento ou porque não tem a idade mínima exigida. Conheço pessoalmente dois professores do ensino secundário, com doutoramento, que optaram pela reforma antecipada com penalizações de 30% e 35%. Um deles, com 53 anos de idade e 33 anos de serviço, no 10º escalão, saiu com uma reforma de 1500 euros. O outro, com 58 anos de idade e 35 anos de serviço saiu com 1900 euros. E por que razão saíram? Não aguentam mais a humilhação de serem avaliados por colegas mais novos e com menos habilitações académicas. Não aguentam a quantidade de papelada, reuniões e burocracia. Não conseguem dispor de tempo para ensinar. Fogem porque não aceitam o novo paradigma de escola e professor e não aceitam ser prestadores de cuidados sociais e funcionários administrativos.

'Se não ficasse na história da educação em Portugal como autora do lamentável 'pastiche' de Woody Allen 'Para acabar de vez com o ensino', a actual ministra teria lugar garantido aí e no Guinness por ter causado a maior debandada de que há memória de professores das escolas portuguesas. Segundo o JN de ontem, centenas de professores estão a pedir todos os meses a passagem à reforma, mesmo com enormes penalizações salariais, e esse número tem vindo a mais que duplicar de ano para ano.

Os professores falam de 'desmotivação', de 'frustração', de 'saturação', de 'desconsideração cada vez maior relativamente à profissão', de 'se sentirem a mais' em escolas de cujo léxico desapareceram, como do próprio Estatuto da Carreira Docente, palavras como ensinar e aprender. Algo, convenhamos, um pouco diferente da 'escola de sucesso', do 'passa agora de ano e paga depois', dos milagres estatísticos e dos passarinhos a chilrear sobre que discorrem a ministra e os secretários de Estado sr. Feliz e sr. Contente. Que futuro é possível esperar de uma escola (e de um país) onde os professores se sentem a mais?'

Acção de protesto das AECs

Lê aqui mais informações e a notícia do jornal Público

terça-feira, 1 de março de 2011

Concentração de professores em Sintra

O núcleo de Sintra da APEDE organizará no próximo dia 4 de Março, sexta-feira, pelas 21 horas, junto ao edifício da Câmara Municipal de Sintra, uma Concentração/Vigília de professores que visa reforçar e dar visibilidade pública ao sentimento geral de contestação à actual política educativa.
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