sexta-feira, 17 de junho de 2011

Olhares para a pobreza

Um artigo interessante, publicado na Revista Educação (Brasil), discute o impacto da condição social e cultural das famílias no sucesso escolar. E apresenta propostas concretas para avançar rumo a uma verdadeira igualdade de oportunidades. Selecionámos alguns trechos, mas vale a pena lê-lo na totalidade.

“Sabemos que as chances de aprendizado são delimitadas socialmente. Todos podem aprender, mas os que têm famílias de maior capital cultural aprendem mais e mais rápido (…) em média, apenas 15% da variação das notas dos alunos referem-se exclusivamente à influência do trabalho da escola - pensando em escolas que funcionam bem, como todas deveriam funcionar.”

“(…) para que a pobreza não se perpetue em um círculo vicioso, é preciso investir em educação infantil, uma área para a qual apenas recentemente as políticas públicas despertaram. "A chave para a pobreza está acima de tudo na faixa etária de 0 a 5 anos", acredita. Mas também há caminhos a serem trilhados nos ensinos fundamental e médio. Para Francisco Soares, a formação de turmas menores, a adoção de tempo integral, o acompanhamento extraclasse e as atividades de férias são algumas das políticas públicas que devem ser adotadas.”

"Em 2009, o Ministério da Educação e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) identificaram dez políticas que conseguiram reverter as limitações sociais e melhorar a aprendizagem. Algumas delas atendem diretamente à inclusão dos alunos de contexto social associado à pobreza. É o caso da atenção individual ao aluno, feita através do acompanhamento da família, de atividades complementares na escola e de ações intersetoriais (troca de informações entre a escola e outras áreas, como a saúde e as varas da infância e adolescência).”

“(…)é preciso agir diretamente na formação do professor, que precisa saber como lidar com uma realidade para a qual não foi preparado nos cursos de pedagogia.”

“Outro exemplo é a questão da merenda. Muitos docentes reclamam que os alunos vêm à escola para comer. Não é fortuito. Segundo dados do IBGE, quase 12% das famílias ouvidas na última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) disseram que normalmente a quantidade de alimentos ingerida é insuficiente. "Se eles vêm para comer, essa é uma razão a mais para recebê-los, e não a menos" ”

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