A escola pública beneficiou indiscutivelmente de um significativo e mesmo gigantesco investimento na implementação das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), através do ambicioso Plano Tecnológico da Educação (PTE), que, para álem de projectos como o “Magalhães” que proporcionaram aos alunos e a muitas famílias o contacto com as TIC, dotou as escolas do 2.º e 3.º ciclo bem como o secundário com equipamentos decisivos para melhorar os métodos de ensino, deixando para trás, já sem saudade, os diapositivos ou aparelhos a caminho de museu como o retroprojector, o vídeo ou o gravador de DVD.
Atingido o objectivo de um computador por sala de aula no âmbito do PTE a que se seguiu um projector multimédia também por sala, os quadros interactivos vão também aumentando a sua presença como uma das novas tecnologias mais em evidência em meio escolar, que exigem maior rentabilização para justificar os ainda elevados custos neste investimento, cujos resultados não podem ser meramente virtuais.
Com tal potencial tecnológico que representam as ferramentas cada vez mais ao dispor dos professores, a sua formação contínua, está muito para alem das suas áreas profissionais de docência e formação académica, das disciplinas dadas a cada turma ou nas múltiplas tarefas específicas que se acumulam na sua vivencia na escola de hoje. A familiarização com as novas tecnologias na sala de aula, são outras tantas exigências a que estão desafiados a corresponder através da frequência de acções de formação em horário extra laboral.
O reforço das qualificações e a valorização das competências, como forma de ultrapassar o que os formadores consideram serem “principais factores inibidores da modernização tecnológica do sistema educativo, promovendo a utilização das TTIC nos processos de ensino e aprendizagem e na gestão administrativa da escola”, são os objectivos das acções de formação em curso, centradas na rentabilização dos Quadros Interactivos Multimédia, através da formação de docentes na perspectiva da utilização pedagógica.
Mas como também é reconhecido por docentes/formadores, muitos deles com percursos profissionais de verdadeiros entusiastas das TIC apesar dos escassos recursos então existentes, que nas duas últimas décadas se vinham dedicado de forma entusiasta e empenhada através de vários projectos, a motivarem os colegas e os alunos, assim como as comunidades escolares em geral a familiarizarem-se com a informática, “a disponibilidade da tecnologia é apenas a condição necessária (e por ventura a mais fácil) não constituindo por si qualquer solução para mudar a Educação em Portugal. As reais “mais-valias” resultam fundamentalmente da interacção entre as pessoas e só a participação empenhada dos Professores como “arquitectos dos contextos de aprendizagem” poderá potenciar para a Educação os benefícios desta e de outras tecnologias”.
No entanto e como são cada vez mais escassos os professores voluntários e autodidactas na área da informática, que em muitas escolas foram sendo o suporte técnico ao nível das TIC para a resolução de problemas do normal funcionamento, que nos tempos actuais, ao não serem resolvidas tecnicamente na hora, originam autênticos embaraços e contradições com a dinâmica imprimida pelo PTE em sala de aula. As perturbações e alterações ao plano de aula previsto e aos métodos pedagógicos a utilizar em alternativa, passaram a ser uma realidade incómoda na ausência de técnicos que correspondam aos múltiplos problemas (avarias) que surgem nos meios informáticos ao serviço da Educação hoje em dia.
Ao investimento assinalável que apetrechou as escolas, o Governo e o Ministério da Educação não corresponderam simultaneamente à necessária aposta na manutenção técnica, não só com uma idêntica e coerente aposta em docentes na área da informática, bem como técnicos, que nesta área assumam profissionalmente o papel fundamental de poderem corresponder às inúmeras solicitações que na realidade actual dos PTE nas escolas, passou a exigir resposta pronta na manutenção, para, tantas vezes “salvar” e não desfraldar as dinâmicas de sala de aula que as novas tecnologias querem potenciar. Uma carência bem real nas escolas, tendo mesmo em linha de conta os cortes nas verbas que dificultam a continuação de contratos para a manutenção de equipamentos informáticos com empresas do ramo.
José Lopes (Ovar)
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