Na passada sexta-feira, dei comigo a ver o resultado de dois concursos mais ou menos ao mesmo tempo. Habitualmente só aposto nos concursos de professores mas convenci-me a jogar também no euromilhões. Não ganhei em nenhum. Mas, de acordo com o resultado de um deles, mudarei outra vez muita coisa na minha vida: os concursos de professores fabricam mais vidas excêntricas do que a Santa Casa da Misericórdia.
Assim, fui premiado com a mesma precariedade de sempre. Com cerca de onze anos de profissão, vou a caminho da décima escola e do sétimo distrito de norte a sul do país. Com muitos horários (e salários) ridículos pelo meio. Não acham excêntrico?
No dia da apresentação na nova escola, tenho a esperança de ter tempo, por entre os quase duzentos e cinquenta km de viagem, a apresentação e as burocracias que acarreta, a tentativa de arranjar casa etc., para passar nas acções de protesto marcadas um pouco por todo o país. Porque a certeza que me tem acompanhado ao longo deste tempo é que a estabilidade dos professores não pode depender de um jogo viciado pelo desejo dos governos de cortarem orçamentos. Porque são mesmo precisos mais professores para melhorar a educação. E só ganharemos lutando.
Carlos Carujo
sábado, 30 de agosto de 2008
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
A escola da burocracia
“Aline, austríaca, é professora de Inglês e de Alemão numa escola em Linz. Quando lhe contei o fardo burocrático que pesa sobre os professores portugueses, as inúmeras reuniões de conselhos de turma, de conselhos de docentes, de departamentos, de articulações, etc., etc., que mais complicam do que resolvem, e as extensas actas que é preciso fazer para justificar a irrealidade, exclamou: mas vocês, portugueses, devem ser doidos!”
Lê aqui o texto completo de José Rosa Sampaio
Lê aqui o texto completo de José Rosa Sampaio
quarta-feira, 27 de agosto de 2008
Humanizar a escola precisa-se
Quando os números, os processos administrativos, as fichas de avaliação, os resultados dos alunos, os decretos regulamentadores, os gestores e a ditadura das estatísticas nos entraram pelas escolas adentro com toda a força no ano que passou, nada melhor do que lembrar os 40 anos da Pedagogia do Oprimido, de Paulo Freire, e celebrar uma escola humanizada onde a problematização e autonomia se levantam contra a estupidificação domesticada.
Por isso, este blogue associa-se à homenagem a Paulo Freire feita pela Sinistra Ministra.
Por isso, este blogue associa-se à homenagem a Paulo Freire feita pela Sinistra Ministra.
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
Marketing do governo não convence portugueses...
Um estudo sobre a confiança atribuída a 20 profissões demonstra que 90 por cento dos portugueses confiam nos bombeiros, carteiros e professores da escola primária e secundária. Já os políticos e os publicitários são os profissionais em quem menos se confia. A pesquisa foi realizada em 22 países pela GFK em parceria com o Wall Street Journal
Os portugueses avaliaram de forma positiva o trabalho desenvolvido pelos bombeiros (94 por cento), pelos carteiros (89 por cento) e pelos professores da escola primária e secundária (89 por cento). Os médicos surgem em quarto lugar (87 por cento) como profissionais confiáveis, à frente dos militares (80 por cento) e dos polícias (75 por cento).
Nas funções mais desacreditadas, em Portugal, depois dos políticos (86 por cento) e dos publicitários (61 por cento), surgem os empresários de grandes empresas, de acordo com 59 por cento dos portugueses, e os banqueiros, de acordo com 54% dos portugueses. No resto da Europa 85 por cento dos inquiridos não acreditam em políticos e 67 por cento em publicitários.
Tendo em conta o marketing do Ministério da Educação... Bem se vê que a publicidade nem sempre compensa....A maioria não se deixou enganar!
Os portugueses avaliaram de forma positiva o trabalho desenvolvido pelos bombeiros (94 por cento), pelos carteiros (89 por cento) e pelos professores da escola primária e secundária (89 por cento). Os médicos surgem em quarto lugar (87 por cento) como profissionais confiáveis, à frente dos militares (80 por cento) e dos polícias (75 por cento).
Nas funções mais desacreditadas, em Portugal, depois dos políticos (86 por cento) e dos publicitários (61 por cento), surgem os empresários de grandes empresas, de acordo com 59 por cento dos portugueses, e os banqueiros, de acordo com 54% dos portugueses. No resto da Europa 85 por cento dos inquiridos não acreditam em políticos e 67 por cento em publicitários.
Tendo em conta o marketing do Ministério da Educação... Bem se vê que a publicidade nem sempre compensa....A maioria não se deixou enganar!
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
Milhares de crianças sem vagas no pré-escolar
Adelaide, de quatro anos, estava inscrita no jardim-de-infância da Escola da Quinta da Condessa, na Pontinha. Mas há dias ficou a saber que não haverá lugar para ela. "Vai ter que ficar com a avó", conforma-se Horácio Santos, 54 anos, que assim terá que continuar a fazer vários quilómetros por dia para deixar a menina na casa da sogra. Não tem meios para pagar um jardim-de-infância privado. Francisco, também com quatro anos, inscreveu-se na Escola Básica Vasco da Gama, em Lisboa. Ficou em lista de espera. À sua frente estão cem meninos que também não conseguiram vaga, conta o pai, Paulo Leiria, 39 anos, que já inscreveu o filho num colégio.
No ano passado mais de uma em cada dez crianças inscritas (11,8 por cento) num jardim-de-infância público não conseguiu lugar, segundo a Inspecção-Geral de Educação, que analisou uma amostra representativa de escolas. E quase metade (47,6 por cento) das 263.887 que em 2006/07 frequentavam o pré-escolar estavam na rede privada (lucrativa ou de instituições de solidariedade social). O Ministério da Educação não disponibilizou dados mais actualizados.
Tendo em conta as estimativas da população residente em Portugal com idades entre os 3 e os 5 anos (cerca de 336 mil), haveria, em 2006, 72 mil crianças que não estavam em lado nenhum - nem numa escola pública, nem numa particular.
Leia a notícia completa na edição impressa do jornal Público, 18/08/08.
No ano passado mais de uma em cada dez crianças inscritas (11,8 por cento) num jardim-de-infância público não conseguiu lugar, segundo a Inspecção-Geral de Educação, que analisou uma amostra representativa de escolas. E quase metade (47,6 por cento) das 263.887 que em 2006/07 frequentavam o pré-escolar estavam na rede privada (lucrativa ou de instituições de solidariedade social). O Ministério da Educação não disponibilizou dados mais actualizados.
Tendo em conta as estimativas da população residente em Portugal com idades entre os 3 e os 5 anos (cerca de 336 mil), haveria, em 2006, 72 mil crianças que não estavam em lado nenhum - nem numa escola pública, nem numa particular.
Leia a notícia completa na edição impressa do jornal Público, 18/08/08.
Sobre as fichas e as ponderações estabelecidas pela tutela
"Não teremos certamente um sistema que reconheça o mérito, que diagnostique as fragilidades, que ajude a perspectivar rumos. Teremos, sim, um sistema com elevada probabilidade de viciar os resultados - por um lado, porque aos docentes são dados incentivos negativos; por outro, porque aos avaliadores é exigida uma tarefa megalómana"
Artigo de Maria Helena Ramalho no site da Educare (Junho de 2008)
Artigo de Maria Helena Ramalho no site da Educare (Junho de 2008)
sexta-feira, 8 de agosto de 2008
Mais uma do blogue Anterozóide
Aliás, um blogue que pelos vistos não vai de férias. Desfrute com descontracção.
Aliás, um blogue que pelos vistos não vai de férias. Desfrute com descontracção.
terça-feira, 5 de agosto de 2008
Educação é negócio?
O Ministério da Educação vai atribuir, já no próximo dia 12 de Setembro, um prémio de 500 euros aos melhores alunos do ensino secundário, numa iniciativa que implica um investimento global de meio milhão de euros.
"Tudo isto é uma deturpação dos valores que a escola deve passar e que devem ir no sentido de criar cidadãos conscientes e intervenientes na sociedade porque querem ser felizes. E isto não se faz pondo as crianças a cumprir tarefas a troco de dinheiro", considera a psicóloga Rita Xarepe, para quem "é errado pensar-se que os miúdos não são melhores alunos porque não querem e que passarão a sê-lo a troco de dinheiro".
O pedagogo Sérgio Niza também olha horrorizado para a remuneração do desempenho escolar. "É um truque ridículo que assenta na brutal ignorância dos governantes acerca das questões da Educação", qualifica este professor no Instituto de Psicologia Aplicada, lamentando que "as pessoas que gerem a Educação tenham esquecido que esta é um contrato de natureza social, onde adultos e jovens se comprometem entre si a atingir metas de conhecimento". Fundador da "Escola Moderna" - um movimento de professores que aposta na maior participação dos alunos na aprendizagem -, Sérgio Niza acrescenta em tom de alerta que "o comércio e o lucro não são os valores adequados para preservar e promover a responsabilidade".
Rui Trindade, professor da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, diz que "não é através de prémios financeiros que se resolve o problema da falta de sentido da escola". "Não me admiraria se os meninos começassem a viver na competição e se metessem a fazer batota ou a tomar drunfos para aguentar", antevê, insistindo que o desafio a não perder de vista é conseguir que a escola faça sentido para os alunos.
"Eu, como professor, tenho que ser capaz de imprimir um sentido àquilo que peço aos meus alunos e de lhes transmitir que o exercício que lhes estou a pedir lhes permitirá dar um salto em frente e que isso nem sempre é uma coisa lúdica, que implique recompensa imediata."
Sérgio Niza vai mais longe ao considerar que "não viria mal nenhum ao mundo se deixasse de haver atribuição de notas nas escolas". A quem o ouve com cepticismo, o pedagogo aponta o exemplo da Finlândia, país que obteve a melhor classificação nos três últimos Pisa - o programa de avaliação de alunos que abrange estudantes do ensino secundário de 57 países. "Na Finlândia, não há exames e os alunos progridem automaticamente, porque lá, em vez de se gastar brutalidades com alunos a repetir anos inteiros, o dinheiro é aplicado em professores auxiliares e assistentes que se vão encarregando dentro das salas de aula de não deixar atrasar os alunos."
Retirado daqui e daqui
"Eu, como professor, tenho que ser capaz de imprimir um sentido àquilo que peço aos meus alunos e de lhes transmitir que o exercício que lhes estou a pedir lhes permitirá dar um salto em frente e que isso nem sempre é uma coisa lúdica, que implique recompensa imediata."
Sérgio Niza vai mais longe ao considerar que "não viria mal nenhum ao mundo se deixasse de haver atribuição de notas nas escolas". A quem o ouve com cepticismo, o pedagogo aponta o exemplo da Finlândia, país que obteve a melhor classificação nos três últimos Pisa - o programa de avaliação de alunos que abrange estudantes do ensino secundário de 57 países. "Na Finlândia, não há exames e os alunos progridem automaticamente, porque lá, em vez de se gastar brutalidades com alunos a repetir anos inteiros, o dinheiro é aplicado em professores auxiliares e assistentes que se vão encarregando dentro das salas de aula de não deixar atrasar os alunos."
Retirado daqui e daqui
sexta-feira, 1 de agosto de 2008
No reino da burocracia
Já foi publicado no Diário da República o despacho que estabelece as percentagens de excelente e muito bom a atribuir aos professores. Entretanha-se no reino da burocracia. De bradar aos céus.
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