terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Um “brinquedo” caro


A investigação, intitulada «A Literacia informacional no Espaço Europeu do Ensino Superior (EEES): estudo da situação das competências da informação em Portugal» de uma equipa da Faculdade de Letras do Porto, é preocupantemente actual, já que alerta para uma realidade, que é bem mais acentuada no 1.º, 2.º e 3.º ciclo em que o computador portátil se “vulgarizou” e transformou num “brinquedo” caro em qualquer recreio ou espaço escolar.

Tendo por base o inquérito sobre o perfil dos utilizadores, as respostas sobre o uso dos recursos da net, é bem elucidativo, quando mais de 60% (alunos do ensino secundário) recorre para fins de lazer, enquanto ao nível do alunos do ensino superior ficam acima dos 50%, em contraponto às pesquisas para fins de estudo, neste caso ambos os tipos de alunos não chegam aos 5%. Uma inquietante constatação que transpondo para os níveis de ensino dos ciclos do ensino básico, podem ser ainda mais preocupantes, tal é a relação com esta nova ferramenta de trabalho ao nível escolar.

Não podemos voltar às lousas de xisto e já não podemos viver sem o potencial extraordinária da era digital. Mas não podemos continuar a ignorar algumas das conclusões desta investigação, como a falta de competências aos vários níveis de pesquisa, de selecção, tratamento e transformação da informação dos alunos que vão engrossando a “Geração copy/paste” como é referido na NM n.º 923 em que é reconhecido, que “ao excelente apetrechamento e manuseamento tecnológico dos jovens, não se alia um bom desempenho das competências e capacidade na busca e uso da informação (…)”. Uma lacuna em dotar os indivíduos de autonomia e desenvolvimento de capacidades criticas que a escola em si simplificou nos últimos tempos de desvalorização da escola pública e agora se reflecte também negativamente perante os desafios colocados pelas novas tecnologias em meio escolar. É tempo pois de os responsáveis da educação não se limitarem a ler relatórios inflacionados de sucesso, e saibam interpretar as conclusões que apontam para a determinante aprendizagem de regras mínimas do tratamento dos conteúdos que recebem de várias fontes, a partir dos primeiros anos de escola.

José Lopes (Ovar)

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