Já não é o resultado da indolência da razão causada pelo calor do verão nem é por falta de vontade mas da minha parte, confesso que não compreendo.
O engenheiro Sócrates tem dito que se conseguir a maioria para governar manterá exactamente o mesmo rumo da política do Governo, ao mesmo tempo também diz que é preciso um novo contrato de estabilidade com os professores, que o seu governo foi incompreendido, que fizeram tudo muito bem, que foi o governo que não se explicou e foram os professores que não compreenderam. Confesso. Olhando para o balanço de quatro anos do governo do engenheiro Sócrates há áreas de conflito, melhor dizendo, de contradição que não fazem sentido, não se podem compreender.
O governo admite neste princípio de Setembro da trapalhada informática das candidaturas que falta colocar 15 000 professores em "oferta de escola". Não explica, como é que pode afirmar que as escolas estão bem preparadas para começar o ano escolar quando falta colocar um número desta dimensão. Também não explica porque é que mais professores ficaram este ano fora do quadro de nomeação definitiva. E também não explica o que irá acontecer aos restantes 12 000 que não parecem ter perspectiva de colocação.
Mas ao mesmo tempo ouvimos dizer em tom de triunfo que a grande marca do sucesso do governo do PS foi a escola a tempo inteiro e a aprendizagem de inglês e de música no primeiro ciclo e o programa "Novas Oportunidades". Quem faz tudo isto?
Como é que é possível compreender que possa haver todo um alargamento da oferta educativa e mesmo assim haver professores que não foram colocados e não vão ser? Só se o engenheiro Sócrates acha que manter uma gigantesca bolsa de professores em condição de precariedade é uma forma adequada de responder às necessidades de educação do país. Talvez ache que subcontratar professores de inglês, ou de música, ou formadores das diferentes áreas, a recibo verde é uma marca da modernidade retrógrada com que vive bem.
Se o preço da modernidade de Sócrates é o agravamento da precariedade dos professores que se mantêm ano, após ano a trabalhar numa situação de contrato de escola, com horários reduzidos ou que são contratados a recibo verde, então esta é uma modernidade anómala.
Esta anormalidade de regresso ao passado dos direitos do trabalho não pode ser compreendida, só pode ser derrotada.
Hoje mesmo, no primeiro sábado de Setembro, a Ministra da Educação declarava numa entrevista à TSF que dos quatro anos de legislatura que agora termina não houve «nenhuma medida que fosse imprescindível», isto é teria tomado exactamente as mesmas medidas sobre o estatuto da carreira docente, sobre avaliação dos professores, sobre gestão e administração escolar. E mesmo assim declara que é preciso estabelecer um «espaço de confiança» entre o governo e os professores.
Deve ser das temperaturas de verão que teimam em se prolongar, mas por mim, isto não se compreende.
O que os professores exigiram na rua foi o respeito pela sua dignidade profissional. Foi a exigência de uma carreira que valorize a qualidade do trabalho prestado por oposição a uma carreira destinada exclusivamente a dividir os professores e pôr fim a uma ideia de equipa pedagógica cooperante e solidária. O que exigiram foi um modelo de avaliação que não se torne em si mesmo o objecto do trabalho docente.
Como é que o engenheiro Sócrates pode esperar estabelecer um contrato de confiança com os professores se não esclarece se esta ministra da educação que hoje declara que não prescindiria de uma única medida política, continuará a ser ministra do governo que ele pede aos portugueses?
Este pedido de um voto de confiança fundado sobre a escusa de esclarecer as intenções de quem quer ser governo é uma anormalidade do contrato político entre candidatos e eleitores.
Esta anormalidade de distorção da democracia não se pode compreender, só se pode derrotar. Texto de Alda Macedo, em escola.info
O engenheiro Sócrates tem dito que se conseguir a maioria para governar manterá exactamente o mesmo rumo da política do Governo, ao mesmo tempo também diz que é preciso um novo contrato de estabilidade com os professores, que o seu governo foi incompreendido, que fizeram tudo muito bem, que foi o governo que não se explicou e foram os professores que não compreenderam. Confesso. Olhando para o balanço de quatro anos do governo do engenheiro Sócrates há áreas de conflito, melhor dizendo, de contradição que não fazem sentido, não se podem compreender.
O governo admite neste princípio de Setembro da trapalhada informática das candidaturas que falta colocar 15 000 professores em "oferta de escola". Não explica, como é que pode afirmar que as escolas estão bem preparadas para começar o ano escolar quando falta colocar um número desta dimensão. Também não explica porque é que mais professores ficaram este ano fora do quadro de nomeação definitiva. E também não explica o que irá acontecer aos restantes 12 000 que não parecem ter perspectiva de colocação.
Mas ao mesmo tempo ouvimos dizer em tom de triunfo que a grande marca do sucesso do governo do PS foi a escola a tempo inteiro e a aprendizagem de inglês e de música no primeiro ciclo e o programa "Novas Oportunidades". Quem faz tudo isto?
Como é que é possível compreender que possa haver todo um alargamento da oferta educativa e mesmo assim haver professores que não foram colocados e não vão ser? Só se o engenheiro Sócrates acha que manter uma gigantesca bolsa de professores em condição de precariedade é uma forma adequada de responder às necessidades de educação do país. Talvez ache que subcontratar professores de inglês, ou de música, ou formadores das diferentes áreas, a recibo verde é uma marca da modernidade retrógrada com que vive bem.
Se o preço da modernidade de Sócrates é o agravamento da precariedade dos professores que se mantêm ano, após ano a trabalhar numa situação de contrato de escola, com horários reduzidos ou que são contratados a recibo verde, então esta é uma modernidade anómala.
Esta anormalidade de regresso ao passado dos direitos do trabalho não pode ser compreendida, só pode ser derrotada.
Hoje mesmo, no primeiro sábado de Setembro, a Ministra da Educação declarava numa entrevista à TSF que dos quatro anos de legislatura que agora termina não houve «nenhuma medida que fosse imprescindível», isto é teria tomado exactamente as mesmas medidas sobre o estatuto da carreira docente, sobre avaliação dos professores, sobre gestão e administração escolar. E mesmo assim declara que é preciso estabelecer um «espaço de confiança» entre o governo e os professores.
Deve ser das temperaturas de verão que teimam em se prolongar, mas por mim, isto não se compreende.
O que os professores exigiram na rua foi o respeito pela sua dignidade profissional. Foi a exigência de uma carreira que valorize a qualidade do trabalho prestado por oposição a uma carreira destinada exclusivamente a dividir os professores e pôr fim a uma ideia de equipa pedagógica cooperante e solidária. O que exigiram foi um modelo de avaliação que não se torne em si mesmo o objecto do trabalho docente.
Como é que o engenheiro Sócrates pode esperar estabelecer um contrato de confiança com os professores se não esclarece se esta ministra da educação que hoje declara que não prescindiria de uma única medida política, continuará a ser ministra do governo que ele pede aos portugueses?
Este pedido de um voto de confiança fundado sobre a escusa de esclarecer as intenções de quem quer ser governo é uma anormalidade do contrato político entre candidatos e eleitores.
Esta anormalidade de distorção da democracia não se pode compreender, só se pode derrotar. Texto de Alda Macedo, em escola.info
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