Em tempo de eleições, actualizámos um texto cuja primeira versão é de Julho:
O desastre das políticas educativas de Sócrates e Maria de Lurdes Rodrigues deixou a escola de pantanas e motivou os maiores protestos de que há memória. Os professores souberam defender a escola pública e não se renderam.
Rapidamente, a revolta alastrou nas escolas, na blogosfera, nas ruas. A arrogância e insensibilidade do governo despoletaram inevitavelmente este slogan: “Sou professor, não voto PS”. Ou, numa versão ainda mais desesperada: “Vota à Esquerda ou à Direita, mas não votes PS”.
Não há dúvida de que o PS não merece os votos dos professores nem de todos os que defendem a qualidade da escola pública. Mas o dito slogan abre portas a todos os oportunismos, precisamente porque é vazio de conteúdo político. E bastarão assim umas palavras agradáveis, umas promessas vagas, umas falinhas mansas, para que certos partidos se posicionem como grandes defensores da escola pública e dos direitos dos professores.
O caso mais emblemático é o de Manuela Ferreira Leite. Num ápice veio dizer que rasgava as políticas educativas deste governo e que, se chegar ao poder, vai suspender o actual modelo de avaliação, vai revogar o actual estatuto do aluno, vai rever o estatuto da carreira docente e acabar com as burocracias.
Ferreira Leite sabe que precisa dos votos dos professores e vai tentar caçá-los a qualquer preço. Mas vejamos: Ferreira Leite não tem uma única ideia sobre o modelo de avaliação que defende, Ferreira Leite não se compromete em revogar o actual modelo de gestão das escolas e, principalmente, Ferreira Leite recusa dizer que vai acabar com a divisão da carreira em professores de primeira e professores de segunda. Acima de tudo Ferreira Leite sabe que quer poupar nos salários dos professores e acabará por arranjar uma forma de o fazer.
Manuela Ferreira Leite foi a ministra da educação que apelidou uma geração de rasca e não hesitou em patrocinar cargas policiais a estudantes. Manuela Ferreira Leite defendeu com unhas e dentes o aumento das propinas e a ideia de que a universidade quando é para todos tem que ser paga, porque quando era apenas para os filhos dos ricos era gratuita.
Pior ainda: Manuela Ferreira Leite, há pouco mais de um ano, disse-o com todas as letras: É preciso privatizar a Educação. Foi em Abril de 2008:
“Questionada depois pelos deputados do PSD sobre as funções do Estado, Manuela Ferreira Leite respondeu que começaria por privatizar «aqueles sectores em que os privados já estão, como a saúde a educação». «São dois sectores em que não vejo porque é que o Estado não se retira» (...)”
Este é o esqueleto de Manuela Ferreira Leite: para ela, tudo o resto são rebuçados e acessórios. Com ou sem avaliação de professores, com ou sem modelo de gestão, com ou sem estatuto do aluno, o que ela quer é retirar o Estado da Educação. E abri-la à iniciativa privada, ou não defendesse o primado do mercado sobre a igualdade de oportunidades.
Mas há mais. A prova provada de que as actuais posições de Ferreira Leite são puro oportunismo é que, aquando da primeira manifestação de professores, esta dama de ferro afirmou com todas as letras que concordava com a política de Sócrates e Maria de Lurdes Rodrigues, avisando-os para não recuarem. Na verdade, a política do chicote atrai Ferreira Leite. Mas, claro, o poder atrai ainda muito mais, e para lá chegar não faz mal nenhum largar o chicote por uns tempos.
É por estas e por outras que o discurso dominante sobre o voto útil tornou-se um equívoco. Qual a utilidade para a escola e para os professores de serem governados por Ferreira Leite? Nenhuma. Haverá um aninho de paninhos quentes e depois preparem-se para a dança das manifestações outra vez.
Os professores que se cuidem e a escola pública também. E cuidarem-se é continuarem a lutar, todos os dias. E, antes do voto, ler os programas de todos os partidos. Votar em consciência, e não em desespero. Votar útil, portanto.
O desastre das políticas educativas de Sócrates e Maria de Lurdes Rodrigues deixou a escola de pantanas e motivou os maiores protestos de que há memória. Os professores souberam defender a escola pública e não se renderam.
Rapidamente, a revolta alastrou nas escolas, na blogosfera, nas ruas. A arrogância e insensibilidade do governo despoletaram inevitavelmente este slogan: “Sou professor, não voto PS”. Ou, numa versão ainda mais desesperada: “Vota à Esquerda ou à Direita, mas não votes PS”.
Não há dúvida de que o PS não merece os votos dos professores nem de todos os que defendem a qualidade da escola pública. Mas o dito slogan abre portas a todos os oportunismos, precisamente porque é vazio de conteúdo político. E bastarão assim umas palavras agradáveis, umas promessas vagas, umas falinhas mansas, para que certos partidos se posicionem como grandes defensores da escola pública e dos direitos dos professores.
O caso mais emblemático é o de Manuela Ferreira Leite. Num ápice veio dizer que rasgava as políticas educativas deste governo e que, se chegar ao poder, vai suspender o actual modelo de avaliação, vai revogar o actual estatuto do aluno, vai rever o estatuto da carreira docente e acabar com as burocracias.
Ferreira Leite sabe que precisa dos votos dos professores e vai tentar caçá-los a qualquer preço. Mas vejamos: Ferreira Leite não tem uma única ideia sobre o modelo de avaliação que defende, Ferreira Leite não se compromete em revogar o actual modelo de gestão das escolas e, principalmente, Ferreira Leite recusa dizer que vai acabar com a divisão da carreira em professores de primeira e professores de segunda. Acima de tudo Ferreira Leite sabe que quer poupar nos salários dos professores e acabará por arranjar uma forma de o fazer.
Manuela Ferreira Leite foi a ministra da educação que apelidou uma geração de rasca e não hesitou em patrocinar cargas policiais a estudantes. Manuela Ferreira Leite defendeu com unhas e dentes o aumento das propinas e a ideia de que a universidade quando é para todos tem que ser paga, porque quando era apenas para os filhos dos ricos era gratuita.
Pior ainda: Manuela Ferreira Leite, há pouco mais de um ano, disse-o com todas as letras: É preciso privatizar a Educação. Foi em Abril de 2008:
“Questionada depois pelos deputados do PSD sobre as funções do Estado, Manuela Ferreira Leite respondeu que começaria por privatizar «aqueles sectores em que os privados já estão, como a saúde a educação». «São dois sectores em que não vejo porque é que o Estado não se retira» (...)”
Este é o esqueleto de Manuela Ferreira Leite: para ela, tudo o resto são rebuçados e acessórios. Com ou sem avaliação de professores, com ou sem modelo de gestão, com ou sem estatuto do aluno, o que ela quer é retirar o Estado da Educação. E abri-la à iniciativa privada, ou não defendesse o primado do mercado sobre a igualdade de oportunidades.
Mas há mais. A prova provada de que as actuais posições de Ferreira Leite são puro oportunismo é que, aquando da primeira manifestação de professores, esta dama de ferro afirmou com todas as letras que concordava com a política de Sócrates e Maria de Lurdes Rodrigues, avisando-os para não recuarem. Na verdade, a política do chicote atrai Ferreira Leite. Mas, claro, o poder atrai ainda muito mais, e para lá chegar não faz mal nenhum largar o chicote por uns tempos.
É por estas e por outras que o discurso dominante sobre o voto útil tornou-se um equívoco. Qual a utilidade para a escola e para os professores de serem governados por Ferreira Leite? Nenhuma. Haverá um aninho de paninhos quentes e depois preparem-se para a dança das manifestações outra vez.
Os professores que se cuidem e a escola pública também. E cuidarem-se é continuarem a lutar, todos os dias. E, antes do voto, ler os programas de todos os partidos. Votar em consciência, e não em desespero. Votar útil, portanto.
Sem comentários:
Enviar um comentário