quarta-feira, 30 de junho de 2010

Petição bem acolhida no parlamento

Alguns dos subscritores da petição pela redução do número de alunos/as por turma e por professor/a, e pela colocação de uma auxiliar em cada sala de Jardim de Infância, foram hoje recebidos pela Comissão Parlamentar de Educação.

Estiveram presentes Miguel Reis (Professor, Movimento Escola Pública), Helena Dias (ex presidente da FERLAP, Movimento Escola Pública), Paulo Guinote (professor, autor do blogue “A Educação do Meu Umbigo”), Vítor Sarmento (ex-presidente da CONFAP, Movimento Escola Pública), Silvana Paulino (professora, Movimento Escola Pública) e Pedro Feijó e Ana Martins (ambos da Associação de Estudantes da Escola Secundária de Camões).

A sessão, presidida pelo deputado Luís Fagundes Duarte, contou com várias intervenções dos subscritores da petição, e dos deputados Miguel Tiago (PCP), Ferreira Gomes (PSD), Conceição Casanova (PS), Ana Drago (BE) e João Prata (PSD – relator da petição).

A petição foi muito bem acolhida por quase todas as bancadas parlamentares. Bloco de Esquerda e PCP mostraram total concordância com a petição e anunciaram projectos de lei para responder positivamente às nossas propostas. O PSD também elogiou a iniciativa, deixando algumas perguntas relacionadas com a possibilidade de nesta matéria conferir autonomia às escolas e de permitir a deslocação de professores em serviço burocrático para a parte lectiva.

Da parte do PS, o debate parece não ter evoluído, insistindo este grupo parlamentar em desconversar em vez de construir. Argumentos apresentados: turmas mais pequenas não permitem a heterogeneidade de alunos; muitas turmas dos CEF têm poucos alunos mas o sucesso escolar é inferior; o número médio de alunos por turma em Portugal é bastante baixo.
Mais uma vez, vários subscritores da petição responderam:
- é precisamente com menos alunos por turma que pode haver mais condições para a heterogeneidade das turmas, dado que o professor pode acompanhar mais de perto os diferentes ritmos e capacidades dos diferentes alunos;
- grande parte das turmas dos CEF é constituída por alunos com um historial grande de insucesso escolar, e por isso não é uma comparação justa;
- esta petição defende a redução do número máximo de alunos por turma e não o número médio. O problema são as turmas demasiado grandes e não as turmas pequenas.

Nota ainda para a intervenção do professor Paulo Guinote, que revelou um estudo que indica que a redução do número de alunos por turma tem implicações no aumento do sucesso escolar, principalmente quando se trata de alunos provenientes de meios sociais/económicos/culturais mais desfavorecidos.
Esta quinta-feira, reuniremos com o Grupo Parlamentar dos Verdes e na próxima semana com o PSD. Aguardamos depois a subida de petição a Plenário, e desejamos que as propostas nela contidas possam vir a ser uma realidade nas escolas.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Deputados recebem subscritores da petição

Esta quarta-feira, dia 30 de Junho, às 11h30, a Comissão Parlamentar de Educação ouvirá o Movimento Escola Pública e outros subscritores da petição pela redução do número de alunos/as por turma e por professor/a, e pela colocação de uma auxiliar em cada sala de Jardim de Infância.

Estamos empenhados em sensibilizar os/as deputados/as de todos os grupos parlamentares para a justeza destas propostas, até porque elas têm merecido um amplo consenso de pais, alunos, professores e milhares de outros cidadãos. Contamos como o bom senso de todos/as para ajudar a combater o insucesso escolar.

Pais, avós, professores e alunos protestam contra encerramento das escolas

(foto no site da fenprof)

Pais, avós, professores e alunos, ao todo, cerca 300 protestaram em Viseu contra o “abate de escolas” e a constituição de “mega agrupamentos”, durante uma manifestação promovida pelo Sindicato dos Professores da Região Centro (SPRC).

Vieram de vários concelhos, onde as escolas do 1º Ciclo do ensino básico podem vir a encerrar com a nova proposta do Ministério da Educação, de encerrar escolas com 20 alunos.

A manifestação começou no Rossio de Viseu e seguiu depois até ao Governo Civil, onde um delegado sindical e uma representante dos pais entregaram um abaixo-assinado com 2000 assinaturas de pessoas de oito concelhos onde já se iniciou o processo de constituição dos mega agrupamentos.

“Não dizemos que não pode encerrar nenhuma escola [do 1º Ciclo] , mas não aceitamos é o encerramento cego”, reforçou o representante do Sindicato dos Professores da Região Centro, Francisco Almeida.

Jornal do Centro

Aprovada mais uma Moção contra os mega-agrupamentos

A Assembleia Municipal de Tavira aprovou uma moção, “manifestando o seu desacordo e solicitando ao governo a revogação da resolução que cria os” Mega -Agrupamentos.Por proposta de José Manuel do Carmo, eleito do Bloco de Esquerda na Assembleia Municipal de Tavira, após mais de duas horas de debate, a quase unanimidade (apenas uma abstenção) foi conseguida na aprovação desta moção, incluindo o voto favorável da totalidade da bancada do PS em torno da ideia genérica de que a criação destes “mega -agrupamentos” deveria ser mais amadurecida e, sobretudo, em concertação com a comunidade escolar. O texto da moção do Bloco de Esquerda vai mais longe, afirmando que esta medida do governo se traduzirá em pioria do funcionamento das escolas e da qualidade da educação, o que, aliás, não impediu a adesão da bancada que apoia o governo.

Vê aqui a moção

500 escolas vão encerrar. E as 3000 que MLR encerrou?

Assistimos, a um pouco por todo o país, à contestação do encerramento de escolas, nomeadamente, por autarquias, confederação de pais e até a Associação de Municípios, esta última dizendo que "não acredita que o Governo feche 500 escolas.

Interrogo-me: Por onde andaram estas entidades nos últimos 5 anos? Por que razão a Associação de Municípios “não acredita que o Governo feche 500 escolas”, se, em 4 anos, MLRodrigues fechou 3000, retirando as crianças dos seus espaços naturais e anulando as suas redes de segurança e de afecto?
Onde estiveram quando, às centenas, aquelas crianças foram/são enclausuradas nos chamados “Centros Escolares”,perdendo a sua individualidade e as suas raízes? Onde estão as autarquias a quem aquela medida deu/dá um jeitão, uma vez que as escolas encerradas, nos centros das populações, libertaram espaços nobres que deram e darão condomínios, agências bancárias e até parques de estacionamentos.

E nós, professores, onde estivemos? talvez perdidos nos trocados do tipo “avaliação sim , mas esta não”, enquanto nos perdíamos no fumo a ocidente, o fogo avançava a oriente. Lembro-me de alguém ter tentado, e, passados os dois minutos de antena, ter sido silenciado e lembro-me que na manifestação de 15 de Novembro, ter pedido um minuto de silêncio pela 3000 escolas, então, encerradas, mas, foi só um minuto.

Pode, pois, a Associação de Municípios acreditar que, se não fecharem mais estas 500, 3000 e muitas já o foram e saberá a Associação de Municípios que isto acontece porque a Escola virou filão de negócio.

Que “investidor” virará as costas a este negócio? Miúdos às centenas no mesmo espaço, poupando pessoal e recursos (como sabemos o pagamento é por cabeça), edifícios novinhos, trabalhadores, professores incluídos, com vulnerabilidade contratual total. A casa está arrumada, agora é pôr a escola a render, ou seja, entregá-la ao negócio. (eu disse negócio, não disse privatização que são coisas diferentes e que gente com responsabilidade confunde, confundindo).

Há 3 anos alguém tentou centrar a luta dos professores naquilo que deveria ser o seu aspecto principal: o desmantelamento da Escola Pública Democrática numa empresa. As duas vertentes deste processo foram o esvaziamento dos direitos dos professores trabalhadores, resultando na vulnerabilidade contratual a que, hoje, estão sujeitos, e, mais grave ainda, o encerramento de milhares de Escolas e o nascimento de uns quantos armazéns, a que chamaram "centros escolares", onde enclausuraram/enclausuram as nossas crianças.

Doi ter razão, sobretudo, se ela vem antes do tempo, porque o Tempo se atrasou.

Anabela Almeida

sábado, 26 de junho de 2010

A Educação na Finlândia

A Educação na Finlândia – Segredos de um sucesso” é um pequeno e belo livro de Paul Robert, editado em português pela Afrontamento. De leitura fácil e rápida, condensa muita informação concreta sobre o ensino neste país. O governo Sócrates, cinicamente, chegou a considerar este ensino um exemplo a seguir, mas faz quase tudo ao contrário.
Recomendamos uma leitura integral da obra, mas não resistimos a deixar aqui uma série de interessantes passagens:

- “A pequena dimensão das escolas (300 a 400 alunos em cada escola de 6º/9º anos; 400 a 500 nas escolas de 10º/12º anos) cria uma atmosfera de proximidade e permite à direcção conhecer pessoalmente todos os alunos”

- “[Há] três monitoras especializadas mais uma auxiliar por cada grupo de 12 crianças nas salas de um aos três anos; dois educadores de infância, uma monitora e uma auxiliar por cada grupo de 21 crianças entre os três e os seis anos”

- “Durante os primeiros anos de escolaridade (dos sete aos 13 anos), o número de alunos não deve ultrapassar os 25 por turma. Mas a norma parece andar mais à volta dos 20 alunos por turma, ainda que possa haver excepções. Na escola 6º/9º anos de Juhanala, nenhuma das turmas que visitei tinha mais de 20 alunos”

- “O número de aulas semanais (disciplinas obrigatórias mais disciplinas opcionais) não poderá ser superior a 30 em qualquer nível do ensino obrigatório.”

- “Em 1985 os grupos (turmas) de nível são suprimidos, passando-se a privilegiar a heterogeneidade global”

- “Alguns Jardins-de-infância estão abertos 24 horas por dia para permitir que os pais que trabalham à noite tenham quem olhe pelos filhos”

- “As escolas das zonas rurais podem funcionar com muito poucos alunos. A de Koli, por exemplo, tem 25 alunos distribuídos por duas turmas: a primeira para os alunos do pré-escolar e dos níveis um e dois. A segunda para os alunos dos níveis três a seis. Dois professores, uma assistente e um cozinheiro fazem funcionar esta pequena escola, que constitui uma comunidade muito unida no seio de um território vasto com apenas 200 habitantes.”

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Pais e professores do mesmo lado

"A Federação Nacional dos Professores (FENPROF) e a Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP) defenderam esta quinta-feira que o encerramento de escolas só pode acontecer quando estiver garantido que as condições das escolas de acolhimento são melhores, escreve a Lusa.

A CONFAP e a FENPROF convergiram na posição de que «o encerramento só pode ter lugar quando estiver garantido» que as condições das escolas de acolhimento são mais positivas do que as da escola que fecha.

No encontro, que se realizou na sede do Sindicato dos Professores da Região Centro, as duas organizações concordaram também que,«em matéria de rede, compete aos municípios, suportados pelo conselho municipal de educação, e às escolas, através dos seus órgãos de gestão, nomeadamente pelos seus conselhos gerais e num quadro da sua autonomia, tomar decisões».

Rejeitam «imposições do poder central» numa declaração conjunta lida no final da reunião, em que participaram o secretário geral da FENPROF, Mário Nogueira, e o presidente da CONFAP, Albino Almeida, e em que foi analisado o processo de constituição de mega-agrupamentos de escolas, bem como o encerramento de escolas.

Para as duas organizações, «nos processos de reorganização da rede que não têm em conta os interesses das comunidades, os principais prejudicados são os alunos» e os conselhos municipais de educação devem reunir-se e tomar posição.
Diário IOL"

Ler também:

Declaração conjunta entre a Fenprof e a Confap

Pais e Professores querem mudanças no Ensino Especial

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Ministério da educação sugere baixar o salário mínimo para menos de metade?

O exame nacional de Matemática do 9º ano realizou-se no dia 18 de Junho, sexta-feira passada.

A “questão nº 10.3” dava o exemplo de Laura: tinha ido trabalhar, tinha de viajar de autocarro porque morava longe. Os tons utilizados para caracterizar o contexto eram de festa, férias, arraiais de Verão. De distracção.

É provável que os milhares de Lauras e Tiagos de 15 e 16 anos de idade que fizeram este exame não tenham relacionado com a vida real um “dado” do exercício. A saber, o preço de cada hora de trabalho de Laura sugerido por este exame vindo do ministério da educação.

Não sabemos a idade de Laura, nem as habilitações, nada sobre a entidade patronal.

O que parece estranho é o preço da hora de trabalho pago a Laura. No caso, presume-se, trabalho de balcão: um biscate.

Agora que o exame já passou talvez haja tempo para fazer um exercício extra. Se, como afirma o exame, Laura ganhava 1,5 euros /hora, qual o ordenado mensal que ganharia, considerando um horário de 7 ou 8 horas por dia, 22 dias úteis por mês?

terça-feira, 22 de junho de 2010

Movimento Escola Pública condena Mega-Agrupamentos


O Movimento Escola Pública condena os mega-agrupamentos, consagrados na Resolução do Conselho de Ministros n.º 44/2010 porque:

1. o governo escolheu o final do ano lectivo para mudar radicalmente a rede escolar e a organização dos seus recursos sem critérios claros e transparentes; sucedem-se as reuniões entre Direcções Regionais e Presidentes de Câmara, entre estes e as direcções escolares recém-instaladas sem se perceber como e porquê;

2. assenta num modelo de concentração do poder que se opõe à proximidade e qualidade de gestão propagandeada pelo Governo, dado que cada director/a pode ter a seu cargo 3000 alunos/as e todo o pessoal docente e não docente, reforçando o seu estatuto de capataz dos poderes instituídos;

3. favorece o clientelismo político porque na disputa entre as direcções de cada escola a agrupar terão mais hipóteses de ganhar os que estiverem melhor colocados perante os poderes instituídos;

4. não resulta de uma avaliação credível e de uma negociação responsável: não se conhecem os dados do insucesso das escolas de 1.º ciclo a encerrar, nem o peso que teve a avaliação externa das escolas, nem as razões que levam ao encerramento de escolas, onde recentemente foram gastos milhares de euros dos contribuintes, e que até foram bandeira do Governo – é, entre outros, exemplo a Escola Básica de 1º Ciclo de Várzea de Abrunhais, em Lamego, que o Primeiro-Ministro, em Fevereiro deste ano, considerou a escola tecnologicamente mais evoluída do país e que vai ser fechada e integrada no centro escolar de Lamego - não negoceia com as comunidades educativas, incluindo associações de pais/mães;

5. esvazia o projecto educativo de cada escola e a cultura de escola; pediu-se a cada escola que definisse o seu projecto educativo, que o construísse colectivamente, que por ele fosse responsável e por ele prestasse contas; sabe-se que em cada escola quase tudo depende de como age a sua direcção, da forma como se partilham informação e saberes, de como a escola se responsabiliza pelo sucesso e realização dos seus alunos e alunas, do peso da dignidade humana em cada dia, da qualidade da relações interpessoais, da reflexão sobre cada decisão da qual dependerá o futuro dos mais novos, da intensidade da partilha que corrige os erros, aprende com os fracassos e se anima com as vitórias; e apesar de tudo isto, o Conselho de Ministros reuniu e decidiu que projecto educativo e cultura de escola podiam ir para o lixo!

5. baseia-se em critérios administrativos e economicistas: segundo o Governo, o mínimo para se manter uma escola são 21 alunos… porque sim; não se conhece ainda a dimensão da redução de pessoal, nomeadamente pessoal não docente, mas tudo antecipa que serão necessários menos recursos humanos nestes hipermercados escolares.


Assim:

- Exigimos conhecer todos os estudos e avaliações que suportam estas decisões do Governo, e queremos saber concelho a concelho o que cada autarca negoceia com cada escola; por isso apelamos à denúncia de casos que o mereçam;


- Defendemos o reforço do diálogo e articulação inter-ciclos, recusando que concentrar estabelecimentos educativos em agrupamentos de grandes dimensões, sob a alçada de um director, seja a forma de resolver este problema;

- Aceitamos o encerramento de escolas apenas e quando, comprovadamente, ele seja a melhor solução para o sucesso das crianças;

- Concordamos com o agrupamento de escolas, desde que o processo nasça de baixo, das escolas e das suas comunidades, e que não seja uma imposição dos poderes, não ultrapassando, no entanto, limiares razoáveis para uma gestão de qualidade.

Movimento Escola Pública, 22/06/2010

sábado, 19 de junho de 2010

Luta dos profissionais das AEC´s acelera!



Consulta este blogue, em ebulição.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Tantas razões...Tamanhas evidências

Publicamos mais uma série de comentários pertinentes à petição que já ultrapassou as 18.500 assinaturas (na net e em papel). São vozes de pais, de professores, de alunos, de todos/as. Porque todos/as nós vivemos a escola, no passado, presente e futuro. Não podemos ignorar.


Eu, aluno do 9.º ano do ensino básico e como deficiente visual, assino esta petição em favor de melhorar os meus estudos e os dos meus colegas, não esquecendo os professores.

Eduardo Rito


Sou professora do 3º ciclo, tenho 9 turmas e uma média de 25 alunos por turma, façam as contas ao nº total de alunos...

Maria Antónia de Carvalho

Tenho um filho numa turma de 29 alunos. É impossível aos professores atenderem a todas as dúvidas dos alunos. Como não pode ter explicações, está a ficar cada vez mais distante dos que podem. Onde está a igualdade de oportunidades?

Helena Gonçalves


Os professores não são fabricas computadorizadas porque sempre foram seres humanos! Não se educa nem forma industrialmente! Todos os dias PAGO como contribuinte para o funcionamento deste País! Exigo democracia!

Andreia Marques


Com tanto professor no desemprego, façam 2 turnos nas escolas e turmas de 15 alunos a Matemática e FQ no máximo 20 nas outras disciplinas

Maria Manuel Ceia Rodrigues


O sucesso escolar também depende da disponibilidade que o professor tem para com os mesmos. Se tiver uma turma com muitos alunos, dificilmente chegará a todos, e esclarecerá todas as dúvidas.

Iolanda Cunha


Cada aluno(a) é um mundo, formado e em formação, que merece ser tratado com respeito pelas suas características individuais e integrado socialmente, de forma harmoniosa. UM professor necessita de condições para atender às especificidades dos alunos.

Lígia Freitas


O teor prospectivo desta petição, foi algo por que pugnei durante toda a minha vida como profissional. Só um modelo de ensino-aprendizagem cada vez mais personalizado , se aproxima dos valores democráticos (justiça, liberdade, igualdade), sendo o factor mais pregnante do sucesso escolar.

Jacinto Leitão


Qual o pai ou mãe que conseguiria ensinar 22 filhos gémeos todos os dias na mesma sala? Assim acontece com cada professor! sem este factor contemplado, não é possível nem diminuir o insucesso nem aumentar o sucesso!Tenho dito!

Albino Vaz


Turmas numerosas não facilita o trabalho do professor nem a aprendizagem do aluno. Como mãe esta questão é preocupante e também porque existe tanto desemprego, a redução nº alunos por turma, seria benéfica extensivamente para todos. Quanto ao nº de alunos por professor, queremos que estes possam ter condições de trabalho que lhes permita desempenhar as suas funções com dignidade e uma redução nº de alunos será importantíssima!

Maria Isabel Mourão


Porque só assim haverá alguma possibilidade de o "material" humano com que trabalhamos ver respeitado o direito a ser tratado como tal, e não como simples números para dados estatísticos.

Maria da Conceição Nascimento


É importante reduzir o número de alunos, mas é também muito importante alterar os conteúdos das matérias e tornar as matérias mais reais para que os alunos possam estudar temas que tenham mais a ver com a nossa realidade actual.

Luisa Silva


Esta aberração no sistema de ensino é comparável à situação da prática da disciplina de Educação Física, em escolas do 2º e 3º Ciclo, sem pavilhões (existem muitas....demais!), e sem as mínimas condições para a aplicação da disciplina, tão importante para a saúde física e mental dos nossos jovens. É lastimável. E depois, estes professores, com alguma falta de senso, preocupam-se em cumprir programas, obrigando os alunos a efectuarem Testes escritos, para os avaliarem.......

Anabela Gomes


É muito importante o que na petição se exige, mas há que lembrar ainda a falta de instrumentos e de instalações e nas Escolas de Música e de Dança do Conservatório Nacional, que levam os alunos a desistirem por falta dos mesmos, desperdiçando-se assim, esforços pessoais e financeiros. Serão aproveitados pelo Estrangeiro como se tem visto. É triste! Então, reduzam-se as turmas por Professor, o nº. de alunos por turma. Exija-se dos professores uma melhor e qualificada pedagogia, maior assiduidade e exigência para impor respeito com afecto e responsabilidade.

Isabel Maria de Barros

Petição alunos/turma: Audiência com PCP

Na Quinta-feira, entre as 15.15 e as 16 h, em audiência solicitada pelo Movimento Escola Pública Igualdade e Democracia, a propósito da Petição recentemente apresentada na Assembleia da República com mais de 18000 subscritores, o Grupo Parlamentar do PCP, na pessoa da sua assessora para a Educação Ana Serrano, recebeu duas representantes deste movimento, Maria Helena Dias e Maria José Vitorino, para esclarecimentos e troca de pontos de vista.
Foram abordadas as questões relacionadas com as propostas de um(a) assistente operacional por cada sala de jardim de infância, e de limite máximo de número de alunos por turma e por professor, constantes do texto da petição.
A assessora do PCP mostrou interesse em ambos os pontos, levantando algumas questões e suscitando esclarecimentos, em particular no que se refere à fundamentação do limite máximo de alunos por turma, sendo desenvolvido debate sobre o teor da petição e o seu impacto em medidas políticas educativas nacionais e locais.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Os eternos contratados, as vinculações extraordinárias e a política ordinária

Já pelo menos por duas vezes esteve para ser mas não foi. Uma vez o governo prometeu mas caiu e, em gestão, decidiu não cumprir o compromisso assumido. Da segunda, desta feita, não era seguro mas parecia ser possível encontrar uma maioria política só que entretanto a crise chegou e alguém tinha de pagar a factura.
A sina de professor/a contratado/a é um fado: de casa às costas, sempre em risco de desemprego e quando surge a miragem de uma resolução da situação acaba por alguma razão por se esfumar num ambiente político sempre com outras prioridades. Assim, as possibilidades de vinculação extraordinária de professores/as e educadores/as contratados/as não se concretizaram frustrando milhares nas suas justas expectativas de estabilidade profissional, entre os/as quais se contam contratados/as sucessivamente há mais de uma década que nunca viram, antes pelo contrário, o seu trabalho reconhecido pelo Ministério da Educação.
Quando os cortes tocam a todos/as, a todos/as os/as de baixo entenda-se, não surpreende que os/as profs contratados/as estejam incluídos no pacote para pagar a factura várias vezes: através da precariedade e do desemprego, da estagnação eterna na carreira, do duplo congelamento nos salários, dos aumentos dos impostos e dos preços dos bens de consumo.
E para o próximo ano lectivo, ao invés de se esperar uma vinculação extraordinária, é mesmo o próprio concurso “ordinário” que está em causa nos próximos anos mantendo a precariedade como política ordinária dos Ministérios da Educação. E os/as contratados/as vêem-se na contingência de voltar outra vez ao começo. E no começo há a reivindicação dos seus direitos.
Reivindicar o quê? Uma tentação pseudo-realista seria partir do ponto em que a política de fazer pagar os/as de baixo nos coloca exigindo apenas o mínimo: a vinculação de alguns/algumas dos/as mais afectados/as, deixando a solução do caso dos/as outros/as para depois. Só que é uma possibilidade condenada ao fracasso. Porque apesar da situação dos/as que estão há mais tempo na precariedade ser mais injusta e de ser também percebida socialmente como mais injusta, quantos/as menos lutarem menor será a possibilidade de impor qualquer alteração das políticas de cortes estruturais nos direitos. Porque aqueles que ficarem de fora numa próxima vinculação extraordinária sabem que não haverá segundas oportunidades em muitos anos e que ou a situação se resolve para muitos/as por muito tempo ou então a precariedade continuará. E porque desta forma, através de uma vinculação extraordinária, se mantém a essência da profissão no futuro como precária já que os próximos governos terão certamente uma política de minguar entradas para os quadros.
Neste caso, a reivindicação necessária é a que chega ao fundo da questão unindo, a que concilia os interesses legítimos de quem tem ficado de fora com os interesses da qualidade do próprio sistema de ensino: um processo de vinculação dinâmica que permita resolver os problemas de emprego actuais e assegure o futuro da profissão docente como profissão estável para produzir uma educação de qualidade. Sabemos que a política ordinária faz contas e não conta com direitos prejudicando os/as de sempre. Mas sabemos também que é precisa uma luta extraordinária de todos/as os/as professores/as e educadores/as para assegurar a estabilidade na profissão docente.
Carlos Carujo, Rio Maior

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Profissionais das AECs de Mafra fizeram ouvir a sua voz



Vê mais aqui

Desistir e disfarçar

Nada de novo na estratégia deste e do anterior governo. Encarar o insucesso escolar de frente dotando as escolas de meios humanos é algo que nunca lhes passou pela cabeça. Preferiram empurrar o insucesso para os cursos profissionais. É uma visão classista da escola, é a escola que só reproduz as desigualdades de origem.

Vê a notícia do público:

Chumbos estão a diminuir devido a limpeza nas estatísticas

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Desconversar para reinar


O Público traz esta sexta-feira um artigo de fundo sobre o tamanho das turmas e a sua relação com o sucesso escolar, a propósito das mais de dezoito mil assinaturas entregues no parlamento pelo Movimento Escola Pública. Conseguindo ser elucidativo sobre a patetice dos argumentos governamentais, é um facto que as estatísticas publicadas podem confundir os que andam menos atentos a estas coisas.

O Paulo Guinote, que é um dos primeiros subscritores da petição, desmascarou de forma eficaz, aqui e aqui, a estratégia do desconversar para reinar.

Sublinhamos apenas o seguinte:

1) Esta petição defende a redução do número máximo de alunos por turma e não o número médio, mediano, mínimo ou outro qualquer. Precisará o Secretário de Estado de aulas de Matemática? Não, não precisa, só gosta de desconversar.

2) Acha o governo que, com o mesmo professor e à mesma disciplina, um grupo de 28 alunos tem tanto ou mais sucesso na aprendizagem do que o mesmo grupo mas com menos seis alunos? É desta pergunta que fogem, desconversando.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Muitas vozes reais


Sabemos que o governo vai recorrer a todo o tipo de argumentos baixos para justificar a sua oposição à redução do número máximo de alunos/as por turma e por professor, e pela presença de uma assistente operacional em cada sala de jardim de infância. Até por isso não nos cansamos de divulgar os testemunhos de quem assina esta petição, que não falam de realidades virtuais ou estatísticas mas sim da experiência evidente do dia a dia:

Como aluna, durante o ensino básico e secundário, senti muitas vezes a dificuldade de estar numa sala com cerca de trinta alunos e apenas um professor. O esforço necessário por parte de alunos e professores é imenso e, nos casos em que não existe cooperação, (o que acontece muitas vezes por parte das turmas nessas idades), o que se retira das próprias aulas é, de facto, muito pouco.

Diana Pereira

Tenho um filho com 11 anos no 6º ano e desde que entrou no sistema público que nunca são menos de 24/26 alunos na turma e este ano lectivo até são 28 alunos: 14 raparigas e 14 rapazes com idades entre os 11/12 anos! Conclusão: não serve para nada as aulas de 90 minutos, até pelo contrário !!! Álém de que todo o pessoal auxiliar não aumenta - DIMINUI! É obrigatório investir no futuro deste País e isso é investir na educação, cultura e nas novas gerações!

Célia Correia

O elevado número de alunos torna inviável a diferenciação pedagógica na sala de aula, cada vez mais necessária no actual contexto escolar

Maria Eugénia Pais

Um ensino de qualidade pressupõe que se tenha tempo útil de aula para apoiar todos os alunos.

Paula Brum da Silveira

Concordo plenamente com a redução do número de alunos por turma. Pois ando no EFA nível Secundário e a turma é muito grande, assim com turmas enormes é impossível um professor trabalhar. Se fossem turmas reduzidas o ensino seria mais proveitoso e mais eficaz.

Susana Oliveira

A "grande paixão" passa também por questões simples. É impossível obter o mesmo rendimento dos alunos em turmas grandes. Basta olhar para o exemplo nórdico, que só é apontado quando interessa para verem. E por favor NÃO venham com a estatística que temos entre 12 a 15 alunos por turma pois ninguém ACREDITA

António Rua

Desde que sou professora, já lá vão uns trinta anitos, que falo no assunto.

Maria Arlete Sítima

Também os alunos, talvez dos mais interessados neste assunto, deveriam ter acesso a esta petição e tomar uma posição pública, através das suas organizações e associações.

Francisco Caldas

Que o Ministério deixe de fazer contas de merceeiro e reduza o nº de alunos por turma, nomeadamente nas aulas de línguas vivas!

João de Azevedo

Atenção que o número elevado de crianças por turma também existe no pré-escolar, onde as crianças são mais pequenas e necessitam de mais atenção individualizada. É no início da entrada para a escola que se deve fazer uma grande aposta. É aqui que se marca a diferença!!!

Paula Cristina de Macedo

A qualidade tem que se sobrepor à quantidade. Sem qualidade não há ensino eficaz. O economicismo asfixia o ensino. Como em muitas vezes na vida, o barato sai caro...

António de Castro

O n.º de alunos por turma deve ser reduzido, para que exista um maior sucesso escolar. Imaginem um professor de 1.º ciclo com 25 alunos de 1.º ano. Se todos passassem por esta experiência percebiam e davam mais valor ao nosso papel.

Lina Queiroz

Como é possível desbaratar-se tanto dinheiro no Magalhães e querer agora fechar escolas e reduzir o número de professores aumentando o número de alunos? Até onde vai a nossa paciência?

Fernando Freitas

Procurem dar o máximo de destaque a esta petição porque muita gente a assinará

Gonçalo Marques

Dez mil alunos surdos sem acompanhamento


Dez mil surdos portugueses estão sem o devido acompanhamento escolar, por não terem professores que «gestualizem» com eles, denunciou esta segunda-feira o professor da Universidade Portucalense, no Porto, António Vieira.
Para o autor do «Gestuário de Língua Gestual Portuguesa» (1991), «o Governo demitiu-se das suas responsabilidades no que respeita à formação de professores para alunos surdos, o que resulta numa grave discriminação social para quem sofre desta deficiência».

As críticas de António Vieira foram feitas à margem de duas conferências promovidas hoje no Porto pela Universidade Portucalense (UPT) em parceria com a Associação Nacional de Docentes de Educação Especial. Em comunicado difundido pela UPT, António Vieira recorda que a língua gestual portuguesa foi reconhecida em 1997 como língua oficial de Portugal e língua materna da comunidade surda portuguesa.

«Se na escola, nos diferentes graus de ensino, o professor não tem competências para comunicar com um surdo, então, ao nível da formação, o Governo distingue entre portugueses de primeira e de segunda categoria», acusa o docente.
O especialista em Educação Especial lamenta ainda que os pais dos surdos, 98% dos quais ouvintes, «não tenham direito a qualquer apoio público para desenvolverem competências que lhes permitam comunicar na língua dos filhos». António Vieira considera que «o Estado deveria ter preocupações visíveis com uma questão que diz respeito à dignidade humana», dotando a escola e os cidadãos dos instrumentos necessários à construção de uma sociedade «verdadeiramente inclusiva».

O docente da UPT sublinha que as novas tecnologias aplicadas ao ensino têm ajudado deficientes mentais e cegos, mas, «no caso dos surdos, as tecnologias não representam qualquer mais-valia comunicacional».

Diário Digital / Lusa

terça-feira, 8 de junho de 2010

Assinaturas entregues no parlamento



O Movimento Escola Pública entregou esta terça-feira mais de dezoito mil assinaturas pela redução do número de alunos/as por turma e por professor/a. Fomos cordialmente recebidos pelo Presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, e pelo deputado João Prata que será o relator da petição.

Apresentámos as nossas razões, acolhidas com simpatia e com o desejo de que a petição faça um caminho positivo. Em breve, seremos ouvidos na Comissão de Educação. Ainda antes, já na próxima semana, reuniremos com os grupos parlamentares do PCP e do PSD. Tudo faremos para sensibilizar os/as deputados/as para a justiça desta causa.

Protesto dos professores das AECS em Mafra




"Somos um grupo de professores responsáveis pelas Actividades de Enriquecimento Curricular (AEC) no Agrupamento de Escolas de Mafra e vimos por intermédio da carta aberta anexada informa-lo da acção de sensibilização que levaremos a cabo na próxima segunda-feira dia 14 de Junho entre as 8:30 e as 11 da manhã em frente à EB1 Hélia Correia em Mafra.
A referida acção pretende alertar para a necessidade de uma intervenção efectiva por parte das instâncias responsáveis com vista à futura melhoria das condições laborais de profunda precariedade a que a nossa classe docente tem estado sujeita.
Como referido, em anexo segue o nosso manifesto o qual, sendo uma carta aberta, foi também enviado a todos os interessados e implicados na organização destas actividades.
Agradecemos o Vosso acompanhamento desta acção e desta problemática.
Um grupo de professores das AEC do Agrupamento de Escolas de Mafra."

Vê mais no blogue dos professores das AECs da Grande Lisboa

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Mais de dezoito mil assinaturas a caminho do Parlamento

(foto da recolha de assinaturas durante a manifestação de 29 de Maio)

O Movimento Escola Pública entrega esta terça-feira 18 265 assinaturas (cerca de 17 mil online e as restantes em papel) pela redução do número máximo de alunos/as por turma e por professor/a. Seremos recebidos às 16h pelo Presidente da Assembleia da República, Jaime Gama.

O objectivo inicialmente colocado (4 mil assinaturas) foi largamente ultrapassado, sinal claro do apoio que esta causa tem merecido dos mais diversos quadrantes profissionais, sociais e políticos. Esperamos agora que a proposta possa fazer o seu caminho em matéria legislativa e que venha a ser uma realidade em cada escola. São necessárias medidas como esta para combater de frente o insucesso escolar e a escola pública não pode esperar mais.

sábado, 5 de junho de 2010

Educação para a paz e para a ecocidadania

“La crisis ecosocial en clave educativa” apresenta-se como um “Guia Didáctico para uma nova cultura da Paz” e é editado pela Fuhem, uma instituição sem fins lucrativos de Espanha através do seu Centro de Investigação para a paz (CIP-Ecosocial). Apesar de estar escrito em castelhano e de não se ter acesso aos extras que vêm num cd à parte é uma leitura interessante que se pode descarregar aqui. E pode constituir um instrumento pedagógico para pensar a crise ambiental, a dívida do terceiro mundo e a dívida ecológica, os mitos produtivistas e desenvolvimentistas, o feminismo etc.

Muito alarido por quase nada


Muito alarido gerou a medida que permite aos alunos com mais de quinze anos que chumbem no 8º ano, realizar os exames finais do básico que, em caso de aprovação, dão acesso ao 10º ano.

De facto, é difícil a um aluno que ainda nem conseguiu fazer o oitavo ano obter sucesso em provas que avaliam a matéria do nono ano. Sobre isto, não há facilitismo nenhum. Quem conseguir fazê-lo terá tanto direito a estar no décimo ano como qualquer outro aluno, dado que terá que provar que domina razoavelmente as matérias de todo o ensino básico. Trata-se de dar mais uma oportunidade. Isso não nos incomoda, bem pelo contrário.

Há contudo um problema de desigualdade. Os alunos com mais de 15 anos que transitem para o 9º ano não têm direito a candidatar-se a estas provas. Ora, a solução não é tirar tudo a todos mas sim dar tudo a todos. Permita-se então a estes alunos que transitaram para o 9º realizar também as ditas provas.

Não compreendemos tanto alarido. Qual facilitismo? Qual sucesso estatístico? A medida ajudará uma percentagem mínima de alunos, incontáveis na estatística. Para nós, o problema é outro.

O problema é que isto é quase nada. É uma medida vazia que não ataca as causas do insucesso escolar. A falta de apoios humanos e materiais têm um efeito-barreira que afecta em primeiro lugar os alunos mais desfavorecidos. E o governo limita-se a dar a alguns desses alunos uma oportunidade para um salto praticamente impossível.

Sócrates e Alçada não querem encarar o problema de frente. Recusam a presença de equipas multidisciplinares nas escolas, e aceitam de bom grado as turmas de 28 alunos. A escola pública é que paga.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Melhor educação, melhor democracia

Num artigo publicado no American Journal of Political Science de Janeiro de 2010, Sondheimer e Green defendem que os níveis de educação têm um efeito causal na participação eleitoral.

Vários autores desde há algum tempo tinham estabelecido que a quantidade de anos de ensino é um dos elementos que permite prever se determinado indivíduo vota ou não (por exemplo Wolfinger e Rosenstone -1980) mas esses estudos não iam ao ponto de afirmar que seria a própria mais-educação a causar a afluência às urnas, uma vez que esta se cruza com outros factores individuais, familiares, sociais e económicos. Sondheimer e Green vêm agora defender que a própria educação causa um aumento da percentagem de participação eleitoral.

Em seu apoio citam várias experiências que comparavam os resultados de grupos sujeitos a condições de intensificação da escolaridade com grupos de controlo:

A experiência de Perry dos anos 60 que se seleccionaram ao acaso grupos de crianças desfavorecidas e se submeteram a uma pré-escolarização intensiva e que resultou numa taxa de participação eleitoral em 2000/2 que superava em 44% a do grupo de controlo;

A experiência da Fundação “I Have a Dream” de Boulder que 1992 intensificou os apoios escolares de um grupo de alunos do quinto ano e que resultou numa taxa de participação eleitoral em 2004 que superava em 26% a do grupo de controlo;

A experiência de Tennesse STAR que em 1985 assegurou que crianças a partir do pré-escolar tivessem turmas reduzidas (entre 13 a 17 em comparação com entre 22 a 25) e que resultou numa taxa de participação eleitoral que superava em 10-11% a do grupo de controlo.

Apesar de se poder contrapor a esta posição a evidência empírica de que a subida dos níveis educativos nas sociedades ocidentais não fez com que os níveis de abstenção baixassem, trata-se aqui sobretudo de pensar o efeito de melhor escola e não de mais escola.

Tal como se trata de pensar para além do elemento quantitativo: melhorar a educação não significa apenas mais participação eleitoral mas sobretudo melhor participação cidadã, mais capacidade crítica que é uma das ferramentas mais importantes da democracia. Melhor educação será assim tanto um direito individual quanto um dever cívico.

E, claro, numa altura em que corre o abaixo-assinado sobre a redução do número de alunos por turma, este poderá ser um argumento adicional em defesa desta posição.

Ler aqui.

Carlos Carujo, Rio Maior

terça-feira, 1 de junho de 2010

Fechar 900 escolas e transferir 15 mil alunos?

A notícia de que o Governo decidiu encerrar cerca de 900 escolas básicas com menos de 21 alunos até ao final do próximo ano lectivo deixa-nos sérias preocupações.

Na verdade a ministra diz existirem já acordos com as autarquias para o encerramento imediato de 400 escolas, havendo mais escolas em que é provável também esse mesmo acordo, o que poderá elevar o número a mais de 500 escolas este ano, mas não informou, no entanto, quantos quilómetros por dia terão que percorrer os alunos entre as suas casas e as novas escolas, nem quantas horas mais essas viagens irão acrescentar ao já tão sobrecarregado horário curricular dos alunos do ensino básico.

O MEP não considera que a falta de condições das escolas que se pretendem fechar justifique, por si, o encerramento. Se as escolas não têm condições devem ser-lhes garantidas, para que os alunos não se vejam prejudicados com longos percursos diários. Consideramos, no entanto, que algumas situações devidamente ponderadas, poderão aconselhar o encerramento. Terá que ser sempre o interesse dos alunos, a sua necessidade de boas condições de estudo e tempo de lazer que devem determinar a decisão.

Gupo Parlamentar do PS tem sérias reservas sobre a pertinência da proposta de diminuição do número de alunos por turma e por professor

O Movimento Escola Pública foi hoje recebido pelos deputados Conceição Casa Nova e Nuno Araújo do Grupo Parlamentar do Partido Socialista, aos quais apresentou as medidas propostas na petição sobre a redução de número de alunos por turma e por professor.

Nesta reunião os representantes do Movimento Escola Pública apresentaram as razões da petição, que neste momento já conta com cerca de 18000 assinaturas, tendo os deputados do Grupo Parlamentar do Partido Socialista referido que o número de alunos por professor é neste momento, um número muito mais reduzido do que o da generalidade dos países da OCDE, verificando-se apenas em algumas zonas urbanas um número de alunos por turma e por professor mais elevado do que os que constam da petição.

Os representantes presentes do Movimento Escola Pública esclareceram que não é o número médio que preocupa os signatários da petição, mas a definição de limites máximos, que não possam ser ultrapassados e que permitam um trabalho mais personalizado em sala de aula, que terá como efeito um melhor aproveitamento escolar e consequente diminuição dos trágicos números do insucesso escolar dos nossos jovens.

Questionados sobre se o Grupo Parlamentar do Partido Socialista acompanharia as propostas da petição, com a apresentação de um projecto próprio, os deputados presentes na reunião informaram-nos que a questão ainda não foi discutida no Grupo Parlamentar, o que acontecerá, no entanto, antes da reunião que se fará entre os peticionários e a Comissão Parlamentar de Educação, tendo no entanto deixado bem claras sérias reservas ao que na petição se propõe.