sábado, 5 de junho de 2010

Muito alarido por quase nada


Muito alarido gerou a medida que permite aos alunos com mais de quinze anos que chumbem no 8º ano, realizar os exames finais do básico que, em caso de aprovação, dão acesso ao 10º ano.

De facto, é difícil a um aluno que ainda nem conseguiu fazer o oitavo ano obter sucesso em provas que avaliam a matéria do nono ano. Sobre isto, não há facilitismo nenhum. Quem conseguir fazê-lo terá tanto direito a estar no décimo ano como qualquer outro aluno, dado que terá que provar que domina razoavelmente as matérias de todo o ensino básico. Trata-se de dar mais uma oportunidade. Isso não nos incomoda, bem pelo contrário.

Há contudo um problema de desigualdade. Os alunos com mais de 15 anos que transitem para o 9º ano não têm direito a candidatar-se a estas provas. Ora, a solução não é tirar tudo a todos mas sim dar tudo a todos. Permita-se então a estes alunos que transitaram para o 9º realizar também as ditas provas.

Não compreendemos tanto alarido. Qual facilitismo? Qual sucesso estatístico? A medida ajudará uma percentagem mínima de alunos, incontáveis na estatística. Para nós, o problema é outro.

O problema é que isto é quase nada. É uma medida vazia que não ataca as causas do insucesso escolar. A falta de apoios humanos e materiais têm um efeito-barreira que afecta em primeiro lugar os alunos mais desfavorecidos. E o governo limita-se a dar a alguns desses alunos uma oportunidade para um salto praticamente impossível.

Sócrates e Alçada não querem encarar o problema de frente. Recusam a presença de equipas multidisciplinares nas escolas, e aceitam de bom grado as turmas de 28 alunos. A escola pública é que paga.

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