Assistimos, a um pouco por todo o país, à contestação do encerramento de escolas, nomeadamente, por autarquias, confederação de pais e até a Associação de Municípios, esta última dizendo que "não acredita que o Governo feche 500 escolas.
Interrogo-me: Por onde andaram estas entidades nos últimos 5 anos? Por que razão a Associação de Municípios “não acredita que o Governo feche 500 escolas”, se, em 4 anos, MLRodrigues fechou 3000, retirando as crianças dos seus espaços naturais e anulando as suas redes de segurança e de afecto?
Onde estiveram quando, às centenas, aquelas crianças foram/são enclausuradas nos chamados “Centros Escolares”,perdendo a sua individualidade e as suas raízes? Onde estão as autarquias a quem aquela medida deu/dá um jeitão, uma vez que as escolas encerradas, nos centros das populações, libertaram espaços nobres que deram e darão condomínios, agências bancárias e até parques de estacionamentos.
E nós, professores, onde estivemos? talvez perdidos nos trocados do tipo “avaliação sim , mas esta não”, enquanto nos perdíamos no fumo a ocidente, o fogo avançava a oriente. Lembro-me de alguém ter tentado, e, passados os dois minutos de antena, ter sido silenciado e lembro-me que na manifestação de 15 de Novembro, ter pedido um minuto de silêncio pela 3000 escolas, então, encerradas, mas, foi só um minuto.
Pode, pois, a Associação de Municípios acreditar que, se não fecharem mais estas 500, 3000 e muitas já o foram e saberá a Associação de Municípios que isto acontece porque a Escola virou filão de negócio.
Que “investidor” virará as costas a este negócio? Miúdos às centenas no mesmo espaço, poupando pessoal e recursos (como sabemos o pagamento é por cabeça), edifícios novinhos, trabalhadores, professores incluídos, com vulnerabilidade contratual total. A casa está arrumada, agora é pôr a escola a render, ou seja, entregá-la ao negócio. (eu disse negócio, não disse privatização que são coisas diferentes e que gente com responsabilidade confunde, confundindo).
Há 3 anos alguém tentou centrar a luta dos professores naquilo que deveria ser o seu aspecto principal: o desmantelamento da Escola Pública Democrática numa empresa. As duas vertentes deste processo foram o esvaziamento dos direitos dos professores trabalhadores, resultando na vulnerabilidade contratual a que, hoje, estão sujeitos, e, mais grave ainda, o encerramento de milhares de Escolas e o nascimento de uns quantos armazéns, a que chamaram "centros escolares", onde enclausuraram/enclausuram as nossas crianças.
Doi ter razão, sobretudo, se ela vem antes do tempo, porque o Tempo se atrasou.
Anabela Almeida
Anabela Almeida
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