Num artigo publicado no American Journal of Political Science de Janeiro de 2010, Sondheimer e Green defendem que os níveis de educação têm um efeito causal na participação eleitoral.
Vários autores desde há algum tempo tinham estabelecido que a quantidade de anos de ensino é um dos elementos que permite prever se determinado indivíduo vota ou não (por exemplo Wolfinger e Rosenstone -1980) mas esses estudos não iam ao ponto de afirmar que seria a própria mais-educação a causar a afluência às urnas, uma vez que esta se cruza com outros factores individuais, familiares, sociais e económicos. Sondheimer e Green vêm agora defender que a própria educação causa um aumento da percentagem de participação eleitoral.
Em seu apoio citam várias experiências que comparavam os resultados de grupos sujeitos a condições de intensificação da escolaridade com grupos de controlo:
A experiência de Perry dos anos 60 que se seleccionaram ao acaso grupos de crianças desfavorecidas e se submeteram a uma pré-escolarização intensiva e que resultou numa taxa de participação eleitoral em 2000/2 que superava em 44% a do grupo de controlo;
A experiência da Fundação “I Have a Dream” de Boulder que 1992 intensificou os apoios escolares de um grupo de alunos do quinto ano e que resultou numa taxa de participação eleitoral em 2004 que superava em 26% a do grupo de controlo;
A experiência de Tennesse STAR que em 1985 assegurou que crianças a partir do pré-escolar tivessem turmas reduzidas (entre
Apesar de se poder contrapor a esta posição a evidência empírica de que a subida dos níveis educativos nas sociedades ocidentais não fez com que os níveis de abstenção baixassem, trata-se aqui sobretudo de pensar o efeito de melhor escola e não de mais escola.
Tal como se trata de pensar para além do elemento quantitativo: melhorar a educação não significa apenas mais participação eleitoral mas sobretudo melhor participação cidadã, mais capacidade crítica que é uma das ferramentas mais importantes da democracia. Melhor educação será assim tanto um direito individual quanto um dever cívico.
E, claro, numa altura em que corre o abaixo-assinado sobre a redução do número de alunos por turma, este poderá ser um argumento adicional em defesa desta posição.
Ler aqui.
Carlos Carujo, Rio Maior
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