Depois de acabado politicamente o ministério de Maria Lurdes Rodrigues e enquanto não sabemos o que se segue, é urgente não calar nem esquecer que o processo de avaliação continua a produzir efeitos negativos. Entre aqueles/as que resistiram não entregando os objectivos individuais temos muitos/as a que foram fixados objectivos pelos órgãos directivos das Escolas e alguns (quantos?) a que estes mesmos órgãos se recusaram a fixar objectivos. Se para os primeiros o caso parece resolvido, o problema mais urgente é o limbo em que estarão os segundos. Haverá que consequências deste acto?
Tomemos um exemplo, em resposta a um pedido de esclarecimento de um grupo de colegas do agrupamento de Escolas de São Teotónio que recusaram a entrega de objectivos individuais de avaliação e cuja direcção se recusou a estabelecer objectivos, a Direcção Regional de Educação do Alentejo afirma que nestas circunstâncias não poderá existir qualquer avaliação. Que se seguirá daqui em termos de concursos e de carreira? Será legítimo prejudicar aqueles/as a quem as direcções não estabeleceram objectivos (uma decisão que não lhes cabe) e não tocar naqueles/as que objectivamente tomaram a mesma decisão e apenas tiveram a “sorte” da direcção da escola ter tomado a decisão de os fixar por eles? Ou melhor, colocando as coisas nos seus verdadeiros termos, será legítimo prejudicar de alguma forma os milhares de professores/as que foram consequentes com a esmagadora maioria dos colegas e não entregaram objectivos? Será legítimo tirar alguma consequência (supostamente pedagógica ou profissional) de um processo de avaliação marcado pelo autoritarismo, por um percurso atabalhoado, por uma recusa de milhares que foi ética, de quotas que outros ocuparam por estes resistiram etc.?
Em primeiro lugar, há que recusar quaisquer chantagens e represálias sobre aqueles que levaram mais longe a luta contra uma forma delirante de avaliação de docentes. Há que dizer que as colegas das Escolas de São Teotónio (e outras) não estão sozinhas. E há que lutar com elas para que uma situação de igualdade se mantenha em todos os casos.
Em segundo lugar, há que recusar quaisquer consequências futuras do processo de “avaliação” de professores/as que aconteceu nos anos passados. É o mais lúcido e a única solução eticamente viável. É tempo de enterrar a avaliação versão MLR e travar todas as suas consequências.
Carlos Carujo, Alcobaça
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2 comentários:
Carlos,
Estou de acordo e solidário com os7as colegas do agrupamento de S. Teotónio. Porém, estou também muito preocupado, pois não é caso único!
Eu sei de outro caso, do qual não se fala, onde houve tudo o que descreves, mais a agravante de delegada sindical do SPGL estar «feita» com o director.
Sei também que a fenprof apenas estaria em condições de fazer um levantamento geral de todos os casos de repressão deste género (é efectivamente uma medida repressiva, sancionatória e ilegal, o recusar avaliar alguém só porque não entregou os OI).
Espero que alguém com maiores responsabilidades na estrutura da fenprof leia esta mensagem e compreenda que é urgente fazer qualquer coisa de concreto em apoio a estes camaradas, como é evidente!
Manuel Baptista
(a título individual)
A minha subscrição para as palavras do CCarujo.
E, tal como afirma o JGil a urgência é destruir a monstruosidade que é o homicídio da profissão docente - esse terrorismo de estado contra a escola pública.
abraços
fq
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