Notícia da Agência Lusa:
O Movimento Escola Pública lança na quinta-feira uma petição pela redução do número máximo de alunos por turma e por professor, considerando que essa medida contribuirá para combater o insucesso escolar e prevenir a indisciplina.
Entre os primeiros subscritores do documento estão os dirigentes sindicais da FENPROF Mário Nogueira e António Avelãs, os presidentes das confederações de pais, Albino Almeida (CONFAP) e Maria José Viseu (CNIPE), os coordenadores dos movimentos independentes de professores, Octávio Gonçalves (Promova), Ilídio Trindade (MUP) e Ricardo Silva (APEDE), e o autor do blogue "A Educação do Meu Umbigo", Paulo Guinote.
"É uma medida muito importante que contribui para combater o insucesso escolar e prevenir fenómenos de indisciplina. Um professor com uma turma de 28 alunos tem muito menos capacidade para acompanhar todos os estudantes", afirmou à agência Lusa Miguel Reis, do Movimento Escola Pública.
No documento, os subscritores defendem que nos jardins-de-infância e 1.º ciclo o número máximo de alunos seja de 19 por professor, mas de 15 por docente quando estejam inseridas crianças com necessidades educativas especiais.
Do 5.º ao 12.º ano de escolaridade exigem que o número máximo de alunos por turma seja de 22, descendo para 18 sempre que se verifiquem aquelas circunstâncias. Por outro lado, propõem que cada professor não leccione a mais de cinco turmas por ano lectivo, num limite de 110 alunos.
"Com 21 ou 22 alunos o acompanhamento seria mais individualizado e, por conseguinte, o ambiente de sala de aula seria mais favorável às boas aprendizagens", acrescentou o responsável, lembrando que nos grandes centros urbanos existem turmas "com 28 alunos ou mais".
A lei estabelece que o número de alunos nas turmas do 2.º e 3.º ciclos e secundário varie entre os 24 e os 28 alunos e que no 1.º ciclo o número máximo seja 24.
"Há casos de professores com sete turmas e com mais de 200 alunos. É impossível acompanhar a realidade. Uma coisa é saber o nome dos alunos, outra coisa é identificar as dificuldades de cada um", sublinhou.
Segundo Miguel Reis, o objectivo da petição é levar a discussão ao plenário da Assembleia da República, para a qual são necessárias 4000 assinaturas.
"A grande maioria dos professores é favorável, porque esta medida melhorará a qualidade do seu trabalho", defendeu.
A petição será lançada na quinta-feira em Lisboa.
3 comentários:
Segundo o que li em termos de comparação internacional, o número máximos de alunos por turma em Portugal está perfeitamente alinhado com os de outros países. Não me pareça que exista qualquer necessidade pedagógica em diminuir o número de alunos por turma, nem qualquer vantagem em fazê-lo. As desvantagens são óbvias, maiores custos, quer de gestãoo, quer de recursos, quer de pessoal.
Caro Pyros:
Penso que o que terá lido é que o número de alunos por professor é dos mais baixos da Europa. Isso sim é verdade, porque essas contas têm em conta todos os professores, desde os que estão nos órgãos de gestão das escolas, aos que estão destacados no ministério, nas direcções regionais, em trabalho burocrático, etc. etc. Se contarmos com os professores disponíveis para dar aulas os números são bem diferentes. Basta entrar numa escola para perceber isso. Em relação às turmas o número máximo em Portugal é excessivo, até com os problemas de partida que temos. Não é difícil perceber que leccionar com 22 alunos numa turma é qualitativamente diferente de o fazer com 28. E, de facto, grande parte deste problema poderia ser resolvido com o mesmo número de professores. Mas não excluímos que possam ser necessários mais professores (também há muitos com horários parciais) assim como temos a certeza que são necessárias equipas multidisciplinares com assistentes sociais, mediadores culturais, terapeutas da fala, psicólogos (há 1(!) por escola). Investir na qualidade do ensino é um investimento inadiável.
Miguel Reis
Algo que me esqueci de dizer
O número médio de alunos por turma em Portugal até não é muito alto...mas o problema não é esse...
De facto, independentemente dos valores médios, o que esta petição pretende é reduzir o número máximo de alunos por turma. O número médio até pode ser mais baixo que no resto da Europa, más isso pouco importa se isso implica que tenhamos muitas turmas por esse país fora com 28 alunos. O Movimento Escola Pública considera muito importante a redução drástica desse número máximo. Claro que não é nenhuma varinha mágica para resolver o probelma do insucesso, mas lá que ajuda , isso ajuda.
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