terça-feira, 22 de junho de 2010
Movimento Escola Pública condena Mega-Agrupamentos
O Movimento Escola Pública condena os mega-agrupamentos, consagrados na Resolução do Conselho de Ministros n.º 44/2010 porque:
1. o governo escolheu o final do ano lectivo para mudar radicalmente a rede escolar e a organização dos seus recursos sem critérios claros e transparentes; sucedem-se as reuniões entre Direcções Regionais e Presidentes de Câmara, entre estes e as direcções escolares recém-instaladas sem se perceber como e porquê;
2. assenta num modelo de concentração do poder que se opõe à proximidade e qualidade de gestão propagandeada pelo Governo, dado que cada director/a pode ter a seu cargo 3000 alunos/as e todo o pessoal docente e não docente, reforçando o seu estatuto de capataz dos poderes instituídos;
3. favorece o clientelismo político porque na disputa entre as direcções de cada escola a agrupar terão mais hipóteses de ganhar os que estiverem melhor colocados perante os poderes instituídos;
4. não resulta de uma avaliação credível e de uma negociação responsável: não se conhecem os dados do insucesso das escolas de 1.º ciclo a encerrar, nem o peso que teve a avaliação externa das escolas, nem as razões que levam ao encerramento de escolas, onde recentemente foram gastos milhares de euros dos contribuintes, e que até foram bandeira do Governo – é, entre outros, exemplo a Escola Básica de 1º Ciclo de Várzea de Abrunhais, em Lamego, que o Primeiro-Ministro, em Fevereiro deste ano, considerou a escola tecnologicamente mais evoluída do país e que vai ser fechada e integrada no centro escolar de Lamego - não negoceia com as comunidades educativas, incluindo associações de pais/mães;
5. esvazia o projecto educativo de cada escola e a cultura de escola; pediu-se a cada escola que definisse o seu projecto educativo, que o construísse colectivamente, que por ele fosse responsável e por ele prestasse contas; sabe-se que em cada escola quase tudo depende de como age a sua direcção, da forma como se partilham informação e saberes, de como a escola se responsabiliza pelo sucesso e realização dos seus alunos e alunas, do peso da dignidade humana em cada dia, da qualidade da relações interpessoais, da reflexão sobre cada decisão da qual dependerá o futuro dos mais novos, da intensidade da partilha que corrige os erros, aprende com os fracassos e se anima com as vitórias; e apesar de tudo isto, o Conselho de Ministros reuniu e decidiu que projecto educativo e cultura de escola podiam ir para o lixo!
5. baseia-se em critérios administrativos e economicistas: segundo o Governo, o mínimo para se manter uma escola são 21 alunos… porque sim; não se conhece ainda a dimensão da redução de pessoal, nomeadamente pessoal não docente, mas tudo antecipa que serão necessários menos recursos humanos nestes hipermercados escolares.
Assim:
- Exigimos conhecer todos os estudos e avaliações que suportam estas decisões do Governo, e queremos saber concelho a concelho o que cada autarca negoceia com cada escola; por isso apelamos à denúncia de casos que o mereçam;
- Defendemos o reforço do diálogo e articulação inter-ciclos, recusando que concentrar estabelecimentos educativos em agrupamentos de grandes dimensões, sob a alçada de um director, seja a forma de resolver este problema;
- Aceitamos o encerramento de escolas apenas e quando, comprovadamente, ele seja a melhor solução para o sucesso das crianças;
- Concordamos com o agrupamento de escolas, desde que o processo nasça de baixo, das escolas e das suas comunidades, e que não seja uma imposição dos poderes, não ultrapassando, no entanto, limiares razoáveis para uma gestão de qualidade.
Movimento Escola Pública, 22/06/2010
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
5 comentários:
na verdade prefiro um só rei a muitos reizinhos! E que os departamentos ganhem mais força pq é neles que está o trabalho de ser professor. Um só director? para quê tantos? no meu agrupamento impera o compadrio político, qual a diferença?
Se o país poupar com menos "reinados"
melhor...ou só deve haver poupança para os outros? E é nos departamentos que exigimos a qualidade! Nunca votei PS!
A questão não é essa. Os departamentos ganham força se as pessoas que os constituem se organizarem nesse sentido, e no da qualidade educativa, do ponto de vista do melhor serviço público... aos alunos!. A lógica do cada um por si alimenta compadrios, e é indiferente o número de "reis", se a cultura e postura for de corte. E já agora também pode funcionar no interior de um departamento, ou em rivalidades entre grupos e departamentos, que como é costume ajudam os mais fortes, ou os que souberem manobrar as divisões! Quanto ao país poupar... isso depende da gestão que se faz, e está por provar que o que parece poupança (GRANDES formatos = menos despesa) seja sempre assim; fartos de soluções milagreiras andamos nós todos! Menos chefes de secretaria, menos directores, menos adjuntos de direcção, mais professores em cada departamento... será tudo poupar, não há custos? Garante-se melhor a qualidade pela dimensão? Viva quem se demarca de compadrios, vote em que partido votar. OU não?
Perfilam-se surreais ligações administrativas e pedagógicas de escolas separadas por dezenas de quilómetros, com projectos educativos tão idênticos como a velocidade e o toucinho. Adivinham-se os inerentes megagrupamentos de docentes e a megamobilidade dos ditos, com o primeiro tempo da tarde a quilómetros do local onde leccionaram de manhã. Tudo caucionado pela crise económica, pela grilheta limitativa do calendário das presidenciais e pelo jogo dos pequenos interesses dum bloco central envergonhado. Com esta desumana fórmula de gerir escolas, a decantada qualidade do ensino deteriorar-se-á ainda mais. Desaparecerá a gestão de proximidade que o acto educativo não pode dispensar. O que restava da pedagogia cederá passo ao centralismo administrativo que, sendo já mau, agora fica gigantescamente deplorável. O caciquismo vai refinar-se, a burocracia expandir-se e a indisciplina aumentar. Não esperem que se aprenda mais ou que o abandono e o insucesso escolar diminuam. Só florescerá a aldrabice das estatísticas e a crista dos galos que permanecerem nos poleiros. in Gadgetismos por Santana Castilho, Público 24.06.2010
Mas há alguém tão cego que pense que as consequências dos mega-agrupamentos incidem apenas nos Directores?
Cegos e condutores de cegos...
Na verdade algo mais tem que ser feito nas questão dos Mega, no Agrupamento de Escolas de Forte da Casa iniciamos a luta ,mais uma vez . Até ao Fim.
Brevemente receberão noticias nossas.
Enviar um comentário