Hoje foi a prova dos 9 para o plano de acção da Matemática, um dos baluartes do desgoverno da nada saudosa Lurdinhas. E pelos vistos… a conta estava errada. Não surpreendem nada estes resultados, eram mesmo esperados. Durante o mandato da Maria de Lurdes Rodrigues imperou o facilitismo. Havia que fabricar sucesso escolar e não confiando nos “seus” professores, mandou baixar o grau de dificuldade dos exames até ao limite do ultraje.
As atitudes bacocas que imperaram durante esses quatro anos foram de tal ordem que chegou a reivindicar sucessos na melhoria de resultados de exames, sem se dar conta que os alunos examinados não tinham sido sujeitos a qualquer medida por ela implementada… excepto, claro, a de baixar a fasquia.
A não ser que os exames mantivessem o mesmo baixo grau de exigência, muito naturalmente, os resultados seriam mais próximos dos a que nos habituamos. A Matemática tem sido mesmo uma grande dor de cabeça.
Impõe-se aqui uma reflexão…
Poderíamos referir aqui várias das razões comummente apontadas para os fracos resultados a esta disciplina: Características da população, em geral; características da população, em geral; estatuto sócio/económico; famílias – envolvimento/acompanhamento; imagem negativa da Escola/pouco valorizada; imagem negativa da Matemática/baixas expectativas nos resultados.
E podemos pensar nas políticas educativas. Muito haveria a dizer sobre estas e sobre o famoso plano de acção. Tanto que não cabe aqui. Irei deter-me num aspecto: a forma como foi implementado.
Os alunos costumam ter melhor sucesso educativo nesta disciplina nos primeiros anos, os seus resultados vão piorando à medida que vão passando de ciclo para ciclo. Também é um facto conhecido que sempre que um professor apela a conhecimentos adquiridos noutros anos depara-se com um cenário preocupante. Dir-se-ia que a maioria dos alunos fez tábua rasa assim que ouviu o toque de campainha do fim das aulas e foi para férias. Poderá ser porque as suas aprendizagens não foram suficientemente consolidadas? Foram decoradas mas não compreendidas?
Se assim é, como poderemos contornar o problema? Com certeza a resposta não será simples.
Os programas são muito extensos e, atendendo ao número elevado de alunos por turma, a rentabilização do trabalho baixa bastante. As matérias são dadas a correr o que não dá tempo aos alunos para fazerem um percurso de aprendizagem efectivo e integrador das noções matemáticas. A aprendizagem pela descoberta, a construção dos conceitos, é grandemente comprometida devido à forma como o sistema de ensino está organizado.
Muitas das medidas do plano de Acção da Matemática foram avulsas e implementadas às três pancadas. Não encararam de frente o cerne da questão: o insucesso escolar inicia-se na pré-primária que ainda não é levado à séria em Portugal. Nesse nível as crianças deveriam estar a desenvolver competências fundamentais para a aprendizagem da matemática: raciocínio lógico, abstracção, relacionação, cálculo mental, etc. No primeiro ciclo os grupos deveriam ser pequenos para que o professor conseguisse fazer o devido acompanhamento do percurso de aprendizagem de cada aluno, respeitando assim o seu ritmo de aprendizagem, fundamental para estimular o gosto pela descoberta e construção da matemática. Para finalizar, o tamanho das turmas e a extensão do programa é incompatível com as horas da disciplina não sendo em nada facilitadores de uma boa aprendizagem, de que já falei atrás.
Sem uma boa base, não há estrutura que resista. Ou se faz um bom investimento nos primeiros anos de escolaridade dos alunos ou então… não há plano que resulte. Ou se faz uma correcta adequação dos currículos ou continuamos a fazer-de-conta.
Além do mais, refira-se que os alunos que agora fizeram o exame do 9º ano começaram a beneficiar deste plano de acção apenas no 7º ano de escolaridade. Será contudo curioso analisar os resultados dos exames daqui a 5 anos, a altura em que estarão no 9º os alunos que fizeram todo o seu percurso escolar ao abrigo do PAM.
Silvana Paulino
Silvana Paulino
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