quarta-feira, 21 de julho de 2010

Quem tem medo da Constituição?

Diz que o PSD quer mudar a constituição, atacando alguns dos pilares do Estado Social, como é o caso da Educação. Logo veremos se o descaramento se mantém. Para já, lembramos os mais distraídos do que diz o texto constitucional sobre este assunto. Em nosso ver, o que lá está, está muito bem.

Artigo 73.º (Educação, cultura e ciência)


1. Todos têm direito à educação e à cultura.

2. O Estado promove a democratização da educação e as demais condições para que a educação, realizada através da escola e de outros meios formativos, contribua para a igualdade de oportunidades, a superação das desigualdades económicas, sociais e culturais, o desenvolvimento da personalidade e do espírito de tolerância, de compreensão mútua, de solidariedade e de responsabilidade, para o progresso social e para a participação democrática na vida colectiva.


3. O Estado promove a democratização da cultura, incentivando e assegurando o acesso de todos os cidadãos à fruição e criação cultural, em colaboração com os órgãos de comunicação social, as associações e fundações de fins culturais, as colectividades de cultura e recreio, as associações de defesa do património cultural, as organizações de moradores e outros agentes culturais.


4. A criação e a investigação científicas, bem como a inovação tecnológica, são incentivadas e apoiadas pelo Estado, por forma a assegurar a respectiva liberdade e autonomia, o reforço da competitividade e a articulação entre as instituições científicas e as empresas.


Artigo 74.º (Ensino)


1. Todos têm direito ao ensino com garantia do direito à igualdade de oportunidades de acesso e êxito escolar.


2. Na realização da política de ensino incumbe ao Estado:


a) Assegurar o ensino básico universal, obrigatório e gratuito;

b) Criar um sistema público e desenvolver o sistema geral de educação pré-escolar;

c) Garantir a educação permanente e eliminar o analfabetismo;

d) Garantir a todos os cidadãos, segundo as suas capacidades, o acesso aos graus mais elevados do ensino, da investigação científica e da criação artística;

e) Estabelecer progressivamente a gratuitidade de todos os graus de ensino;

f) Inserir as escolas nas comunidades que servem e estabelecer a interligação do ensino e das actividades económicas, sociais e culturais;

g) Promover e apoiar o acesso dos cidadãos portadores de deficiência ao ensino e apoiar o ensino especial, quando necessário;

h) Proteger e valorizar a língua gestual portuguesa, enquanto expressão cultural e instrumento de acesso à educação e da igualdade de oportunidades;

i) Assegurar aos filhos dos emigrantes o ensino da língua portuguesa e o acesso à cultura portuguesa;

j) Assegurar aos filhos dos imigrantes apoio adequado para efectivação do direito ao ensino.


Artigo 75.º (Ensino público, particular e cooperativo)


1. O Estado criará uma rede de estabelecimentos públicos de ensino que cubra as necessidades de toda a população.


2. O Estado reconhece e fiscaliza o ensino particular e cooperativo, nos termos da lei.


Artigo 76.º (Universidade e acesso ao ensino superior)


1. O regime de acesso à Universidade e às demais instituições do ensino superior garante a igualdade de oportunidades e a democratização do sistema de ensino, devendo ter em conta as necessidades em quadros qualificados e a elevação do nível educativo, cultural e científico do país.


2. As universidades gozam, nos termos da lei, de autonomia estatutária, científica, pedagógica, administrativa e financeira, sem prejuízo de adequada avaliação da qualidade do ensino.


Artigo 77.º (Participação democrática no ensino)


1. Os professores e alunos têm o direito de participar na gestão democrática das escolas, nos termos da lei.


2. A lei regula as formas de participação das associações de professores, de alunos, de pais, das comunidades e das instituições de carácter científico na definição da política de ensino.


Artigo 78.º (Fruição e criação cultural)


1. Todos têm direito à fruição e criação cultural, bem como o dever de preservar, defender e valorizar o património cultural.


2. Incumbe ao Estado, em colaboração com todos os agentes culturais:


a) Incentivar e assegurar o acesso de todos os cidadãos aos meios e instrumentos de acção cultural, bem como corrigir as assimetrias existentes no país em tal domínio;

b) Apoiar as iniciativas que estimulem a criação individual e colectiva, nas suas múltiplas formas e expressões, e uma maior circulação das obras e dos bens culturais de qualidade;

c) Promover a salvaguarda e a valorização do património cultural, tornando-o elemento vivificador da identidade cultural comum;

d) Desenvolver as relações culturais com todos os povos, especialmente os de língua portuguesa, e assegurar a defesa e a promoção da cultura portuguesa no estrangeiro;

e) Articular a política cultural e as demais políticas sectoriais.


Artigo 79.º (Cultura física e desporto)


1. Todos têm direito à cultura física e ao desporto.


2. Incumbe ao Estado, em colaboração com as escolas e as associações e colectividades desportivas, promover, estimular, orientar e apoiar a prática e a difusão da cultura física e do desporto, bem como prevenir a violência no desporto.


Constituição da República Portuguesa. 7ª Revisão Constitucional - 2005
PARTE I - Direitos e deveres fundamentais. TÍTULO III - Direitos e deveres económicos, sociais e culturais

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