quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Quanto faltará para a derrocada final?

No quadro de cortes orçamentais que o Governo pretende efectuar no próximo ano lectivo constam as horas, até agora, atribuídas ao desporto escolar.

Se esta medida for para a frente, muitas das actividades que todos os anos se encontram inscritas nos Planos Anuais de Actividades dos Agrupamentos de Escolas e Escolas não agrupadas, serão inviabilizadas. Cai mais uma pedra da escola de todos nós, uma derrocada que a pouco e pouco está a transformar o Ensino Público num monte de escombros, com graves consequências para as novas gerações, o que comprometerá, em larga escala, o destino do nosso país.

O desinvestimento na prática desportiva implicará um recuo, tanto mais grave quanto o facto de já termos um significativo atraso, em relação à média europeia, no desenvolvimento de competências, no âmbito das diversas modalidades desportivas. Estar-se-á a jogar pela janela fora todo o esforço e empenho de uma década, para diminuir o fosso que nos manteve na cauda da Europa, também nesta área.

A disciplina de Educação Física compreende 3 tempos lectivos semanais de 45 minutos, ao nível do ensino básico, o que é manifestamente insuficiente para o desenvolvimento das competências que lhe são atribuídas: é a única alternativa escolar cujo foco principal é o corpo e a actividade física. O desporto Escolar funciona como um complemento a essa área, que em muito contribui para o crescimento harmonioso das crianças e jovens, já que a pratica de desporto e fundamental para a saúde e bem-estar individual. Ajuda os jovens a chegarem a uma integração segura, adequando o desenvolvimento da mente, do corpo e o equilíbrio;
Num país onde os hábitos de vida saudável ainda não entra nas preocupações de largas faixas da população, esta área influi na mudança de atitudes, cujos frutos se irão colher ao nível da promoção da saúde pública e na qualidade de vida de cada um. A média/longo prazo fará baixar a factura com as despesas médicas, entre outras coisas.

Impõe-se uma redefinição de prioridades, por parte do governo, relacionadas com o investimento público, sob pena de se estar a empenhar o progresso económico e social da nossa nação. As despesas com a educação merecem ser mais do que parcelas desagradáveis de uma equação, engendrada para servir interesses económicos imediatos de alguns. Cortar cegamente nas despesas com o ensino é um verdadeiro crime, tendo em conta que o desenvolvimento e a produtividade têm por base uma formação integral e de qualidade para todos os indivíduos.
Silvana Paulino do MEP

(Um agradecimento especial aos Professores de Educação Física que contribuiram para a elaboração deste Post) 

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