domingo, 17 de outubro de 2010

Irracionalidade no ensino: denúncia

Sou professor numa escola onde já acabam as Beiras e já cheira a Douro.

O motivo pelo qual hoje estou a escrever para esta campanha não é uma situação concreta que reflita o maior ou menor desinvestimento na educação, o maior ou menor número de recursos humanos e materiai (sejam ela(e)s professora(e)s, auxiliares, administrativos, salas, impressoras, etc, etc, etc,). É tudo isto, mas, essencialmente a completa falta de estratégia de politica educativa.

Muito sucintamente, o caso é o seguinte:

Para além de ter uma reprografia que abre às 9:00, fecha às 11:15, e abre às 14:00 e encerra às 16:00, de existir apenas uma impressora para todos os docentes dessa escola, faltarem auxiliares de acção educativa, ter sido inaugurado um novo centro escolar para o 1º Ciclo que por exemplo as instalações para as AEC`s de Educação Física não tem qualquer tipo de espaço fechado, e os seus equipamentos estão adequados para alunos do secundário!!. O facto de existir um aluno portador de deficiência profunda, que faz com que necessitem de um auxiliar ou professor permanentemente com ele, pois não é autónomo para necessidades tão básicas como comer ou ir a uma casa de banho.

Como digo para além de todas estas questões que, umas vezes melhor outras vezes pior se vão ultrapassando (não há outro remédio) o que para mim já não é razoável são as escolhas ao nível da política educativa.

Vejam este caso: No ano passado existiam 2 turmas de 9º ano que eram cef`s de cabeleireiras e outro de mecânica. Este ano juntaram-se as 2 turmas e fez-se um 10º ano Curso profissional de Turismo.

Digam-me que raio de racionalidade existe para este tipo escolhas e opções.
Na verdade nenhuma, nem neste caso nem em muitos outros que estão replicados pelo país. Na maior parte das vezes nem são as escolas as grandes culpadas, estas são as estratégias que elas encontram para três situações que se deparam: 1- a necessidade de terem que manter os alunos na escola e cumprirem as metas do abandono; 2 - porque os cursos profissionais são importantíssimos para financiarem as escolas e 3- para manterem o crédito horário.

2 comentários:

DIFERENTES SOMOS TODOS NÓS disse...

"O facto de existir um aluno portador de deficiência profunda, que faz com que necessitem de um auxiliar ou professor permanentemente com ele, pois não é autónomo para necessidades tão básicas como comer ou ir a uma casa de banho."
Que quis dizer ao colocar esta situação ao lado das lacunas da sua Escola. Que o Aluno não deveria estar na Escola?

Anónimo disse...

Claro que deveria estar numa escola, mas não nesta escola.
Desde a escola inclusa que bastantes "alunos" portadores de deficiência profunda, estão num estabelecimento de ensino que não lhes proporcionam as condições e o tipo de trabalho que deve ser desenvolvido com pessoas com este nível de deficiência, por outro lado faz com que as escolas com recursos humanos tão diminutos como é o caso dos auxiliares de acção educativa e de técnicos especializados que no caso não existem, tenham obviamente que priorizar os cuidados para aquela pessoa, mas aí também a escola fica a funcionar pior.
É só isso.
Ninguém ficou a ganhar com esta alteração apenas o ministério.
Noutro patamar mas o principio é o mesmo, no caso do ensino da música, transferiu-se o ensino para as escolas acabando com o ensino nas escolas especializadas. Não estou a dizer que aqueles alunos não deveriam estar nas escolas do ensino regular, o problema é que as escolas não lhe oferecem as condições necessárias para desenvolver a sua formação na área e às escolas põe uma série de dificuldades (financeiras, de equipamentos) que a partir do momento que lá estão tem que ser tidas em contas pois são alunos como qualquer outro.
Mas mais uma vez não vem servir ninguém.