quinta-feira, 25 de setembro de 2008

100% de aprovações


A imagem é do blogue anterozóide e o post que se segue é do blogue (Re)Flexões:

A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, afirmou ontem, em Lousada, que um dos objectivos da sua equipa é alcançar nos próximos anos cem por cento de aprovações no final do nono ano de escolaridade.

“Os nossos alunos não são menos inteligentes, os nossos professores não são menos preparados, as nossas escolas eram piores, mas estão a ficar melhores. Portanto, com todas as condições, não é uma utopia, é mesmo uma meta para cumprir.”

Quando eu era um rapazinho, de bibe e calções, a minha professora primária (era assim que eram tratados os professores do 1º ciclo) ensinou-me que somar batatas com cebolas e tomates só era bom para fazer uma bela de uma caldeirada. Era aquilo a que se costumava chamar de “misturar alhos com bugalhos”.

Talvez porque a ministra da educação é um tudo nada mais nova do que eu, talvez porque não teve a felicidade de ter conhecido a minha professora primária (era assim que eram tratados os professores do 1º ciclo), a senhora não sabe que quando se misturam alhos com bugalhos sai “caldeirada” na certa.
Por isso não se coíbe de fazer comparações entre realidades que não são comparáveis.

É que o motivo porque os jovens portugueses não têm tanto sucesso académico como os jovens de outros países, tem muito pouco a ver com a Escola e tem quase tudo a ver com a sociedade e com as políticas públicas, que os respectivos governos põem em prática.

Tomemos como exemplo a questão dos filhos dos imigrantes:
Por cá, em muitas situações, é como se nem existissem. Sem qualquer apoio de integração, vivem em situação semi-clandestina, nos limites da marginalidade. Na escola, são obrigados a cumprir um currículo extenso, leccionado numa língua que não dominam, sem que a escola disponha de recursos materiais e humanos para dar efectivo cumprimento a um programa de língua portuguesa para não falantes.

Nos países de sucesso de que fala a ministra, os mesmos filhos de imigrantes têm um período inicial de aprendizagem da língua em que é ministrado o currículo, e só depois são plenamente integrados no sistema escolar. Ou em alternativa frequentam escolas bilingues, permitindo-lhes uma integração plena no sistema.

E no que respeita às condições de trabalho das famílias e ao tempo que têm para acompanhar as suas crianças?
Quando temos nas nossas escolas percentagens elevadas de alunos cujos pais labutam diariamente pela sobrevivência, como é que podemos esperar que os jovens cumpram com sucesso as exigências de um currículo de figurino único?

A menos que o sucesso a 100% tenha por base a falsificação e a fraude, não é possível decretar a aprovação da totalidade dos alunos no final de um ciclo de escolaridade.

Comentário nosso:

Chegará o tempo em que será possível aprovar todos os alunos. Não por decreto mas porque realmente todos aprenderam.

Sem comentários: