quarta-feira, 10 de setembro de 2008

A semana dos números


Esta é a semana das estatísticas. E a máquina de propaganda do Ministério da Educação ligou todos os motores para se fazer ouvir mais que os dados da OCDE. Já aqui dissémos e repetimos que a diminuição dos chumbos é um objectivo importante. Aliás, idealmente, ninguém devia chumbar porque todos deviam aprender.

E já toda a gente percebeu que nem por isso se aprendeu mais ou melhor neste ano que passou. Não há cosmética que mascare a crua realidade. A Ministra, com a grande lata que a caracteriza, veio dizer que tudo isto se deve ao trabalho de professores e alunos. Não há dúvida que os professores e alunos trabalham e muito, mas isso não chega. E todos sabem que não chega sem bolsas de professores de apoio, sem equipas multidisciplinares de combate ao insucesso escolar, sem um investimento de monta no ensino especial, sem meios financeiros para as escolas elaborarem projectos e envolverem todos os alunos.

São necessárias condições humanas e materiais para que todos aprendam verdadeiramente e um investimento honesto nessas condições. O império crescernte das empresas de explicações mostra como esse investimento não existe.

Os malabarismos estatísticos do governo português foram divulgados para fazer cortina de fumo aos dados mais arrepiantes que nos apareceram ontem por via da OCDE, neste estudo. Algumas conclusões:

57% dos trabalhadores não têm mais do que o 6º ano e só 28% tem mais do que o 9º ano

95% dos gastos em Educação são em salários, mas os professores portugueses não são dos que ganham melhor na Europa. Ou seja, falta investimento a sério em equipamentos e projectos nas escolas.

Há um professor por cada 9 alunos no ensino secundário e um por cada 11 no básico, o melhor rácio da OCDE. Mas esconde que os alunos têm mais carga horária, e que o ratio de 20 alunos por turma (um dos maiores da OCDE) só é mantido à custa de turmas muito pequenas e turmas muito grandes. Além disso, metade dos professores lida directamente com mais de 100 alunos.

Os desempregados com curso superior aumentaram de 2,8% em 1998 para 5,4% em 2008. Ao contrário da média da OCDE que desceu de 4% para 3,5% (edicação impressa do Jornal de Negócios)

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