segunda-feira, 22 de setembro de 2008

O Mercado das Explicações e as Explicações da Ministra


Uma equipa de investigadores da Universidade de Aveiro concluiu que as famílias portuguesas gastam pelo menos 118 euros por mês em explicações para que os seus filhos recuperem das más notas ou consigam melhores resultados para entrar no Ensino Superior. O facto foi noticiado pelo Correio da Manhã

Por outro lado o Público online lembra outra das conclusões do estudo: “O mercado das explicações representa em Portugal um fenómeno comercial em crescimento, com o explicador doméstico a perder terreno para os cada vez mais numerosos centros de explicações, muitos deles “franchising” de multinacionais.”

O estudo diz também que “os professores em início de carreira que não encontram colocação no sistema escolar optam pelas explicações para fazerem face ao desemprego e simultaneamente não se desligarem da sua área do saber.”

Perante estes dados a Ministra da Educação disse que a situação é característica de países do Terceiro Mundo e que “o país não se pode conformar com a dependência que as famílias têm do mercado de explicações para o êxito escolar”, acrescentando que “o estudo acompanhado, as aulas de recuperação e de substituição” devem permitir que os jovens façam a sua aprendizagem dentro da escola.

Comentário:

Pois, a Ministra da Educação que atira jovens professores para o desemprego e não garante condições de trabalho materiais e humanas às escolas, vem tristemente dizer que as medidas que implementou deviam evitar o recursos às explicações. Só que a evidência é que não evitam. E da boca da ministra não veio nenhuma proposta séria para evitar esta realidade, responsável pelas maiores desigualdades ao nível da educação. É que, reparem, se como diz o estudo, as famílias que mais recorrem às explicações são de classes média e média alta (compreende-se, são as que podem pagar) isto só quer dizer que mesmo para o famoso “aluno médio” os meios da escola são insuficientes. Imagine-se o que não será para muitos dos alunos das classes baixas.

2 comentários:

Maria José Vitorino disse...

A maravilha da investigação mediática é que descobre "novidades" que toda a gente conhece; já agora, também é giro cruzar dados com a informação fiscal - estes gastos não são contabilizáveis no irs das famílias, excepto houver recibos, o que acontece nos centros de explicações e raramente nos explicadores domésticos (assim chamados na notícia).

Maria José Vitorino disse...

correcção : acontece quando acontece...