terça-feira, 7 de julho de 2009

O concurso precário e o barato que sai caro


- 99% dos docentes que concorreram para ingressar em quadro não o conseguiram (apenas entraram 417 dos cerca de 50.000 candidatos que apresentaram 65.464 candidaturas - menos de 1%);

- 11.836 docentes que já pertencem aos quadros (40,9% do total de docentes dos QZP) não obtiveram colocação no novo quadro criado (Quadro de Agrupamento).


São decepcionantes os resultados deste concurso, principalmente quando nos concursos anuais eram colocados nos quadros em média cerca de três mil professores, e, pior ainda, quando este ano assistimos a uma vaga tão grande de aposentações.

A escola que temos é em grande parte assegurada por profissionais precários e na corda bamba, muitos deles alternando essa situação com o desemprego. Isto num país em que muitas escolas têm turmas demasiado grandes, onde o abandono e insucesso escolares são dos maiores da Europa, onde faltam professores de apoio, onde milhares de alunos e famílias recorrem às explicações privadas porque a escola não oferece recursos humanos suficientes.

Mas, para este governo como para os anteriores, as escolas não precisam de mais professores. Só que o barato, neste caso sai muito caro.

2 comentários:

Anónimo disse...

O barato sai caro para o povo, mas não é assim para os senhores.
Vejamos: não é verdade que o privilégio assenta hoje em dia no conhecimento, e sobretudo no saber-fazer?
-não é verdade que uma escola massificada vai aumentar a competição pelos lugares nas universidades que venham a conferir a tal garantia de emprego bem remunerado, estável, de prestígio, retirando hipóteses aos filhos da classe previlegiada?
- não é verdade que este governo dito «socialista» tem feito tudo o que os arautos do neoliberalismo desejavam fazer, mas não conseguiram? que eles foram mais longe, em todos os domínios, que qualquer governo de direita pós-25 de Abril?
- não é verdade que, se o governo anunciasse o desmantelamento puro e simples da escola pública, iria causar uma revolta muito grande, não apenas nos professores, como de toda a população trabalhadora?

JÁ SE PERCEBE O QUE ESTE GOVERNO ANDOU A FAZER: A CRIAR AS CONDIÇÕES DE PRIVATIZAÇÃO DA ESCOLA PÚBLICA, A TODOS OS NÍVEIS, SIMULTANEAMENTE ESPATIFANDO AS COISAS BOAS QUE ELA TINHA E QUE PODERIA DAR VONTADE A ALGUMA CLASSE MÉDIA (AINDA) COM CAPACIDADE ECONÓMICA DE AÍ COLOCAR OS SEUS FILHOS!!!!!!!!
Esta ministra da educação e seu AMIGO E ORIENTADOR DE TESE DE DOUTORAMENTO (Prof. João Freire) são da escola dos libertarianos (de direita), uma escola que preconiza a quase extinção do estado; a sub-contratação aos privados de actividades tradicionalmente desempenhadas pelo estado.
O prof. João Freire é também o autor de um estudo (encomendado pelo presente governo) que serviu de base para a «reforma» da administração pública, incluindo as formas de avaliação...
Penso que já sabiam isto, não?
MB

Maria José Vitorino disse...

http://www.debatereducacao.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=55&Itemid=18