Ontem fechou-se outra vez por quatro anos a porta da vinculação para milhares de professores/as e educadores/as. Este facto deve fazer-nos lembrar que os sucessivos governos apostam tanto em ter professores e educadores precários quanto em precarizar e humilhar os professores/as que já estão no quadro. A precarização da actividade docente é um dos consensos mais perenes dos poderes que têm governado a educação.
No discurso oficial, o facto dos concursos se realizarem de quatro em quatro anos corresponde a uma “estabilização” do corpo docente. Na realidade significa que, mesmo que entretanto exista aquilo que o Ministério reconhece como “necessidades permanentes do sistema”, nenhum professor/a ou educador/a entrará nos seus quadros com todas as consequências que isso tem na vida das pessoas. Na realidade deixa os quadros de zona numa espécie de limbo em que este pertencem a um quadro que já não existe, em que são excedentários ou supernumerários apesar de serem necessários às escolas.
E, daqui a quatro anos, as portas que voltarem a abrir talvez não sejam as mesmas. Tudo se prepara para que a transparência de listas nacionais deixe de existir. Tudo se prepara para que directores plenipotenciários ou executivos municipais desconhecedores da realidade das escolas sejam os novos actores principais da contratação de professores. Tudo se prepara para que os governos seguintes inventem novas formas de precariedade e limitem ainda mais a verdadeira estabilização do corpo. Tudo se prepara a menos que nós nos preparemos antes. E lutemos com todas as forças que tivermos pelo direito à vinculação.
Carlos Carujo, São Brás de Alportel
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