terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Dúvidas existenciais

Ver ovelha_ne...jpg na apresentação de diapositivos
Quero partilhar convosco uma reflexão acerca de um assunto que me anda a dar que pensar, a mim e a vários colegas com quem falei, quer em reuniões, quer informalmente, que se prende com as metas a atingir em termos de percentagens de negativas para os próximos anos.

As escolas estão a estabelecer metas para baixar as negativas (o que se associa a aumentar o sucesso), mas isso não faz sentido algum porque significa colocar nas mãos dos professores um assunto que tem origem em diversos fatores, onde parte deles nem sequer tem que ver com a escola.

Desde que começamos a dar aulas, desde que estagiamos nos dizem que "o professor tem de arranjar estratégias para...": motivar, levar os alunos a estudar, levar os alunos a não faltar, a gostar das aulas, a um sem fim de coisas. Só que nunca ninguém nos diz qual a estratégia para superar esta ou aquela dificuldade. E não nos dizem porque essa estratégia, de facto, não existe. Não existem estratégias globais, pelo que apenas algumas resultam, e pontualmente, sendo normalmente tiros no escuro ou, na melhor das hipóteses, na penumbra.

Estratégias, estratégias, estratégias, ninguém as tem como receita; nem os melhores professores, nem os melhores pedagogos. O que acontece é que as estratégias que estão nas mãos dos professores, já há muito tempo atingiram o seu pico de eficácia, pelo que daqui em diante o que for preciso fazer para baixar o insucesso terá que ser apontado a causas exteriores à escola. Se os níveis de sucesso forem melhorados à força apenas no interior das escolas isso será uma farsa.

Estarei a ver mal? Alguém me elucide.

Numa sociedade em que tudo piora (o nível de vida, o desemprego, as situações familiares, as dívidas, a corrupção, a criminalidade, a paparoca para a barriga, etc.) como pode a escola melhorar? Se, em média, o interesse dos alunos pela escola, assim como os resultados por eles demonstrados, tem diminuído a olhos vistos nos últimos anos, como vamos atingir as metas? Como vamos, no fundo, transformar a pioria em melhoria? Se eu tenho mais negativas agora nos elementos de avaliação do que há meia dúzia de anos (e estou convicto de que sou agora melhor profissional, com uma série de material pedagógico produzido), como posso colocar mais positivas nas pautas? Só se me obrigarem.

Estarei a ver mal?

António Galrinho

2 comentários:

miguel reis disse...

Concordo que muito do que tem que ser feito para melhorar o sucesso escolar é fora da escola e na sociedade como um todo. Mas discordo absolutamente de que não haja nada para melhorar na escola. Assim não fazia sentido reivindicar a redução do número de alunos por turma, por exemplo. Ou mais equipas multidisciplinares. E já agora, também não concordo que cada professor tenha atingido a perfeição e não possa melhorar nada a nível profissional. Formações gratuitas, em horários decentes e com temas pertinentes precisam-se.

miguel reis disse...

Concordo que muito do que tem que ser feito para melhorar o sucesso escolar é fora da escola e na sociedade como um todo. Mas discordo absolutamente de que não haja nada para melhorar na escola. Assim não fazia sentido reivindicar a redução do número de alunos por turma, por exemplo. Ou mais equipas multidisciplinares. E já agora, também não concordo que cada professor tenha atingido a perfeição e não possa melhorar nada a nível profissional. Formações gratuitas, em horários decentes e com temas pertinentes precisam-se.