terça-feira, 13 de maio de 2008

Pequena sugestão para os fazedores de grelhas

Depois de ter lido aqui em baixo a mãe de todas as grelhas, achei por conveniente apresentar algumas sugestões. Em primeiro lugar, creio que o ponto 10 devia ser decisivo. Sobretudo na avaliação de quem faz grelhas. Tomado a sério o ponto “evita banalidades e perdas de tempo” pouparia ao escritor uns bons noventa pontos de avaliação de condutas. É inspirado e embalado por este por este, modestamente, ouso sugerir aos ilustres construtores de grelhas que se limitem aos pontos seguintes:

Objectivos sobre condutas dos docentes:
1- Diz sim a tudo o que venha dos seus superiores hierárquicos;
2- Empenha-se mais e mais e mais e mais… (Calma com a interpretação: empenhar aqui deve ser lido no sentido de se sentir culpado sempre que se faça qualquer coisa porque nessa coisa deveria estar – sempre – mais empenhado do que o que se está ou no sentido do avaliador poder – sempre – defender que se poderia estar mais empenhado. Não relacionar a expressão “empenha-se” com as descidas dos salários reais ou com a inflação).
3- Trabalha (muito) para além do que é o seu horário de trabalho;
4- É perfeito de acordo com a Ordem Moral Burocrática que definiu todos os traços do empregado modelo.

Como esta grelha não está fechada, podem sugerir novos pontos.

Escrevendo um pouco mais a sério: a avaliação do trabalho imaterial ao implicar dimensões como o “empenho” leva a colocar no terreno dispositivos de controlo por parte de patrão/superior hierárquico destinados a extrair mais-valia eterna e culpabilizadora porque se pode exigir sempre mais empenho (creio que a análise do professor José Gil numa conferência recente ia neste sentido). É o que se passa com os professores, com a divisão da carreira, com a gestão anti-democrática.
Está em curso uma transformação do carácter intelectual da profissão docente que afoga a investigação e a criatividade num mar de regras absurdas. Já todos percebemos que esta burocratização da profissão docente no caminho que nos querem impor. É fatal como o destino. O que não é fatal é que os/as professores/as a aceitem.

Carlos Carujo, Elvas

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