quarta-feira, 4 de março de 2009

Para lá de qualquer entendimento possível



Ministério e sindicatos num impasse

Docentes acusam ministra de estar a tornar negociações uma farsa "Não vamos baixar os braços e a nossa voz não se vai calar". O aviso é de José Ricardo, vice-secretário-geral da Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE), após a reunião de ontem com o ministério da Educação, em que mais uma vez não houve entendimento.
Mário Nogueira, da Fenprof, acrescenta que o encontro só reforçou a ideia de o "cordão humano" de sábado" é um novo sinal de que os professores vão voltar em força à rua". A divisão da carreira em duas categorias, a existência de quotas para aceder à mais elevada e o modelo de avaliação são pontos que continuam a dividir sindicatos e Governo.
No entanto, os vários lados saíram da reunião com visões diferentes: por um lado, o Secretário de Estado Adjunto da Educação Jorge Pedreira considerou que houve "uma convergência de posições relativamente a muitos aspectos";
por outro, a FNE e Fenprof dizem que se verificaram "divergências intransponíveis". "Houve um claro distanciamento entre as nossas posições e as do Ministério. Já tenho poucas esperanças num entendimento com este Governo", confessa José Ricardo.
Para Mário Nogueira, o Governo tentou fazer passar a ideia de convergência trazendo para a discussão um documento "tão geral que se podia aplicar a qualquer modelo de avaliação e toda a gente concorda". "Quando discutimos qualquer ponto mais específico, querem reforçar o que de mais negativo há no Estatuto da Carreira", diz.
O sindicalista lembra que a ministra Maria de Lurdes Rodrigues só voltou às negociações devido à pressão dos sindicatos - através das greves e manifestações - e que as sucessivas reuniões mostram que será necessário voltar à rua para o levar a tomar decisões. "Esta é uma pseudo-negociação porque o Ministério não recuam em nada. As negociações estão a tornar-se numa farsa", concorda José Ricardo. Mesmo sem esperança, os sindicatos não vão ficar calados à espera de outra ministra, promete: "Vão ouvir até ao fim tudo o que temos para dizer".
Ministério espera pareceres
Quanto ao modelo de avaliação, o secretário de Estado confirmou que não vai apresentar uma versão final porque está à espera de dois pareceres: um do Conselho Científico para a Avaliação dos Professores (CCAP) e outro da OCDE para propor alterações. "Provavelmente, teremos esses pareceres em finais de Maio, no caso do Conselho Científico, e durante o mês de Junho, no caso da OCDE", adiantou Jorge Pedreira.
Até lá, o Governo pretende discutir as opções políticas que suportam as questões técnicas, disse o governante. Para Mário Nogueira, são precisamente as questões políticas que dividem sindicatos e Ministério: "Eles vêem o modelo de avaliação como uma forma de controlar a progressão na carreira, nós como uma forma de controlar a qualidade e melhorar a formação", resume. - LUSA

Patrícia Jesus in DN

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