Efeitos das reformas na educação
Pedro S. Martins apresentou na Universidade de Londres um estudo sobre o impacto das reformas dos últimos três anos na aprendizagem dos alunos do ensino secundário em Portugal. Diz ele, no seu blog Economia das Pessoas:
Infelizmente as minhas análises indicam que este impacto é negativo.O estudo baseia-se na informacao individual dos resultados dos exames em todas as escolas secundarias portuguesas desde o ano lectivo 2001-02 ate ao ultimo ano lectivo completo (2007-08). [...]Em termos especificos, comparo a evolução dos resultados internos e externos (exames nacionais) nas escolas públicas do Continente com as escolas privadas e também com as escolas públicas das regiões autónomas. A motivação para esta escolha está no facto de os dois ultimos tipos de escolas não terem sido afectadas - pelo menos não com a mesma intensidade - pelas várias alterações introduzidas no estatuto da carreira docente. Nessa medida, tanto as escolas privadas como as escolas públicas das regiões autónomas podem servir como contrafactual ou grupo de controlo.[...]Os resultados indicam uma deterioração relativa de cerca de 5% em termos dos resultados dos alunos das escolas públicas do Continente em relacao tanto às escolas publicas da Madeira e Acores como às escolas privadas. A minha explicação para este resultado prende-se com efeitos negativos em termos da colaboração entre professores a partir do momento em que a sua avaliação prende-se essencialmente com o seu desempenho individual. Por outro lado, o aumento da carga burocrática associada à avaliação também poderá ter tido custos em termos da qualidade da preparação das aulas.Por outro lado, verifiquei que a variação em termos dos resultados internos destes mesmos alunos é menor, embora também negativa - cerca de 2% (em contraponto a 5% nos exames nacionais). A diferença entre os dois resultados, que sugere aumento da inflação das notas, pode explicar-se pela ênfase colocada pelo ECD - pela menos nas suas primeiras versões - nos resultados dos alunos como item a ser considerado na avaliação dos professores.
[...]
Os resultados em si são preocupantes. Mas mais preocupante ainda será não aprender com erros e correr o risco de repeti-los no futuro.
Destaques meus. Mais pormenores na versão académica do estudo, publicada em versão "working paper" pelo Institute for the Study of Labor, aqui.
Maria José Vitorino (MEP)
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