(adaptado de um E-mail que nos chegou do Nuno Saraiva)
O Governo aprovou há pouco tempo, em Conselho de Ministros a redução do número de professores a avaliar. E prometeu ainda o número de quadros para a docência e subir o ordenado das novas chefias. O objectivo é dividir os professores, antes da greve marcada para 19 de Janeiro. José Sócrates não quer arriscar começar o ano de todas as eleições com nova contestação maciça dos professores.
As medidas assim aprovadas pelo Conselho de Ministros teve um objectivo político claro: dividir os professores e reduzir o número de adesões à greve de 19 de Janeiro. Ao DN, uma fonte governamental garantiu que se trata de "uma rearrumação do tabuleiro de xadrez", em que se joga a batalha com os docentes. A 20 de Novembro, quando saiu do Conselho de Ministros em que anunciou a simplificação do modelo de avaliação dos professores, Maria de Lurdes Rodrigues trazia um semblante carregado. Era uma mulher cansada e desgastada pela pressão da rua, e, como se não bastasse, tinha de despir a capa da intransigência para anunciar mais uma cedência no braço-de-ferro com os professores. Poucos dias antes, e pela segunda vez em menos de um ano, 120 mil professores tinham desfilado em Lisboa contra o modelo de avaliação. Duas semanas depois, o Expresso publicou uma sondagem que foi como que um suplemento de alma para a Ministra da Educação. Uma maioria significativa dos inquiridos pronunciou-se a favor da avaliação dos docentes. Fonte do Governo garantiu ao DN que "quem a viu por esses dias encontrava uma outra mulher". Aliviada e descontraída, tinha agora o argumento da opinião pública que lhe permitia retomar o discurso de que o Governo não abdica do processo de avaliação. Nessa altura, intensificaram-se as negociações com sindicatos e conselhos executivos das escolas, sempre sob a orientação política do primeiro-ministro. José Sócrates nunca participou nas reuniões, até para não fragilizar ainda mais a posição da sua ministra da Educação, mas foi sendo informado com detalhe da evolução das negociações
O Conselho de Ministros aprovou de seguida um pacote de medidas que configuram uma nova cedência às exigências dos professores: a dispensa de avaliação dos professores que se aposentarem até 2011 e dos contratados que não estivesse integrados em qualquer grupo de recrutamento, o alargamento do período de colocações de três para quatro anos e, em jeito de bónus, uma subida de quase 50% do suplemento de ordenado das futuras chefias das escolas. O Governo prometeu ainda um aumento "histórico" do número de vagas no próximo concurso de professores.
Com estas medidas, o Governo tentou, de novo, dividir os professores de modo a esvaziar a greve marcada para 19 de Janeiro. Fonte do Executivo assegurou ao DN que a dispensa de avaliação de alguns docentes traduz-se num "alívio de carga burocrática significativo", deixando assim sem argumentos os conselhos executivos que têm defendido a impossibilidade de proceder à avaliação. Por outro lado, as outras medidas procuram contentar uma parte da classe que nos últimos seis meses mais dores de cabeça tem dado a José Sócrates. O primeiro-ministro não quer, em ano eleitoral, arriscar nova contestação maciça como as registadas nas duas últimas manifestações. Os sindicatos é que não estão dispostos a deixar-se seduzir por esta "operação de charme" do Executivo. Mário Nogueira, da Fenprof, disse que a dispensa de avaliação é uma tentativa de "comprar os professores". Carlos Chagas, do Sindep, assegurou também que "estas medidas implicam o falhanço completo da política de avaliação do Ministério". A 19 de Janeiro, data da nova greve de professores, se verá quem ganha a guerra
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