Não somos naturalmente cooperativos, lembra Michel Crozier. Somos naturalmente discriminadores, disse, numa emissão de “O amor é”, Júlio Machado Vaz, noticiando que há mais de cento e cinquenta crianças seropositivas nas escolas portuguesas, sendo que são aconselhadas pelos técnicos competentes a esconder isso da escola.
A sociobiologia (com o desconforto ideológico que, de certo modo, me causa a sua alusão) também investe no esclarecimento da nossa natureza competidora. A nossa condição animal, explicará isto. O que é que nos diferencia e identifica como espécie? a cultura. É através dessa condição cultural da espécie humana que nos tornamos cooperativos; não discriminadores; conviria, não discricionários.
As outras espécies desenvolvem características de cooperação, de solidariedade, funcionais à sua sobrevivência e bem-estar. Na espécie humana a cultura sobreleva essa funcionalidade dos padrões de comportamento duráveis (instinto). E vai ao ponto de se elevar à educação para a cooperação, para a solidariedade, para a emancipação (palavra incómoda, que alguns querem desactualizada, vá-se lá saber porquê).
Usar a cultura para o reforço da instintiva competição, da discriminação, é, pela força destas, a reinvenção de uma legitimada barbárie pelo desvio para uma competição reforçada pelos poderosos instrumentos da cultura, para uma discriminação discricionária, bem mais cruéis e sofisticadamente auto-sustentadas do que as das outras espécies, revertidas em novas e naturalizadas formas de escravidão humana. A instituição capitalista “mais valia” é o zénite da naturalização desta escravidão. A instituição escolar “classificação” é-lhe absolutamente instrumental e imprescindível.
Os professores, ao recusarem este modo classificatório de Avaliação, estão a resistir à mudança para a sustentação de uma cultura burocrática que tão criativamente sabe colocar cada macaco no seu galho.
Em termos de condição competidora, chega bem o que temos de animal. A cultura serviria para a temperar e transcender em modos cooperativos e solidários de viver, recriando o que, sendo da nossa natureza animal, pela educação reverta em relações superiores, isto é, da condição humana.
O que aqui está em causa, não é a avaliação – factor de crescimento e aprendizagem, formativa, que outra não tem sentido no quadro da educação – mas a classificação, no seu mais genuíno apelo à competição, à discriminação, porventura, à discricionariedade.
Rosa Soares Nunes
A sociobiologia (com o desconforto ideológico que, de certo modo, me causa a sua alusão) também investe no esclarecimento da nossa natureza competidora. A nossa condição animal, explicará isto. O que é que nos diferencia e identifica como espécie? a cultura. É através dessa condição cultural da espécie humana que nos tornamos cooperativos; não discriminadores; conviria, não discricionários.
As outras espécies desenvolvem características de cooperação, de solidariedade, funcionais à sua sobrevivência e bem-estar. Na espécie humana a cultura sobreleva essa funcionalidade dos padrões de comportamento duráveis (instinto). E vai ao ponto de se elevar à educação para a cooperação, para a solidariedade, para a emancipação (palavra incómoda, que alguns querem desactualizada, vá-se lá saber porquê).
Usar a cultura para o reforço da instintiva competição, da discriminação, é, pela força destas, a reinvenção de uma legitimada barbárie pelo desvio para uma competição reforçada pelos poderosos instrumentos da cultura, para uma discriminação discricionária, bem mais cruéis e sofisticadamente auto-sustentadas do que as das outras espécies, revertidas em novas e naturalizadas formas de escravidão humana. A instituição capitalista “mais valia” é o zénite da naturalização desta escravidão. A instituição escolar “classificação” é-lhe absolutamente instrumental e imprescindível.
Os professores, ao recusarem este modo classificatório de Avaliação, estão a resistir à mudança para a sustentação de uma cultura burocrática que tão criativamente sabe colocar cada macaco no seu galho.
Em termos de condição competidora, chega bem o que temos de animal. A cultura serviria para a temperar e transcender em modos cooperativos e solidários de viver, recriando o que, sendo da nossa natureza animal, pela educação reverta em relações superiores, isto é, da condição humana.
O que aqui está em causa, não é a avaliação – factor de crescimento e aprendizagem, formativa, que outra não tem sentido no quadro da educação – mas a classificação, no seu mais genuíno apelo à competição, à discriminação, porventura, à discricionariedade.
Rosa Soares Nunes
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