segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Os Directores como comissários políticos


Os futuros Directores executivos serão, a um tempo, muito fortes perante os corpos docentes, mas extremamente vulneráveis perante as estruturas centrais e intermédias do ME. A tendência será, em especial se for confirmada a sua avaliação segundo o SIADAP, para o poder político os transformar em comissários locais das suas políticas.

Por Paulo Guinote,
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Reflexão suscitada:

Este é de facto um dos maiores problemas do novo modelo de gestão. Os directores tenderão a ser cada vez mais os capatazes do governo dentro da escola. Em boa verdade, isso já se vai passando actualmente em muitos Conselhos Executivos, obcecados em cumprir as ordens que vêm de cima sem as questionar, apesar de terem sido eleitos pelos colegas da escola. O novo modelo de gestão naturaliza e legitima esta prática, que já tem um caminho feito.

Qualquer modelo de gestão justo deve ter como pilar fundamental a assumpção de que a direcção da escola, democraticamente mandatada, defenda junto do poder político as reivindicações, os projectos e as aspirações da comunidade escolar, quando elas, obviamente, não forem discriminatórias ou não atentarem contra direitos individuais e colectivos de crianças, pais, auxiliares, ou professores.

Há, obivamente, limites para a autonomia. Quando uma direcção de uma escola, apoiada pela comunidade escolar, determina que não recebe alunos de “bairros problemáticos”, o ministério deve intervir e desautorizar tal prática.

Mas quando uma escola precisa de um ginásio a sério, ou de mais psicólogos, ou de assistentes sociais, ou de n equipamentos pedagógicos e culturais, ou de apoios para projectos educativos inovadores (que escola não precisa?), ou de mais professores para pôr tudo isto em prática e não sobrecarregar os mesmos, o órgão executivo da escola deve pugnar por todos os apoios necessários junto do ministério.

Um modelo de gestão justo é aquele que permite que todos os membros da comunidade educativa se exprimam e proponham alternativas, projectos e recursos, que permitam a todos os alunos aprender e evoluir e a todos os profissionais condições adequadas de trabalho.

A direcção da escola, em vez de ser a cara do ministério que aplica a burocracia e justifica os cortes financeiros, deve ser a cara da escola e das suas justas aspirações junto do governo.

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