domingo, 1 de fevereiro de 2009

A Escola Pública de qualidade e para tod@s é possível








Em dia de tempestade, cerca de 70 pessoas deslocaram-se ao auditório do Liceu Camões (Lisboa) para debater a escola que temos e que queremos. Um momento de reflexão e de proposta de que muitos já sentiam falta. Houve ideias pertinentes e, como é natural e saudável, polémica e contraditório.

O debate foi divido em duas partes: a primeira, sobre a escola que queremos, e a segunda, sobre o momento actual da luta dos professores. Aqui ficam algumas ideias soltas que se podem extrair de ambos os debates, sem prejuízo de um resumo e de uma conclusão mais organizada, que apresentaremos em breve:

Primeira parte: Escola - o que temos, o que queremos

- A Escola não se pode isolar daquilo “que mexe lá fora”. Não podem haver paredes que a separem das movimentações cidadãs que reclamam a mudança social e o repeito pelos direitos humanos

- Não se pode alimentar a cultura da desistência face ao insucesso: “os alunos têm maus hábitos de trabalho”, “estão desmotivados”, “a culpa é da família”. Pelo contrário, é preciso ir ao encontro das motivações dos alunos.

- A Escola Pública tem vindo a falhar na sua missão de garantir a “mobilidade social”. Há cada vez mais licenciados no desemprego

- A escola deve ajudar a formar cidadãos críticos e instruídos e não robots.

- Os rankings são a reprodução da ideologia do mercado para a escola. Promovem a competição entre escolas, entre professores, entre alunos. E porque não têm em conta a origem social, económica e cultural dos alunos nem as condições das escolas, acabam por ser um indicador pouco útil e enganador. (“há alunos que levam marmitas do refeitório da escola para comer em casa”)

- o discurso da ministra da educação é notoriamente tecnico-empresarial. A ideologia da escola empresa vai ganhando terreno: o director, a divisão da carreira e as hierarquias no interior da escola, os processos de gestão por resultados, a escola/fábrica.

- é uma ideia peregrina esta de separar a avaliação dos professores da avaliação das escolas. Mas as escolas não precisam bem de uma avaliação mas sim de um processo de aprendizagem organizacional. A avaliação não faz sentido se for para seriar e seleccionar. Ela deve ser essencialmente formativa: “que saudades da formação na pedagogia de projectos”.

Segunda parte: “Debate livre sobre a luta dos professores”

Intervieram professores do MEP, da APEDE, dirigentes do SPGL, e outros. Algumas ideias:

- É preciso ainda fazer a contabilidade dos professores que em todo o país não entregaram ou não vão entregar os objectivos individuais, sendo muito importante que um grande número resista.

- Há questões jurídicas que só de definem na luta política. E nesse aspecto os professores ganham vantagem, dada a força que já demonstraram. Não têm por isso, nada a temer.

- É necessário encontrar outras formas de luta que voltem a unir os professores, juntando todos os que entregaram e todos os que não entregaram os objectivos individuais. Elas devem ser decididas com democracia e ponderação, evitando “passos em falso”.

- Falou-se da possibilidade de se fazer uma greve mais prolongada do que um dia. Foram pesados os inconvenientes e as dificuldades duma medida de luta como essa, embora se avançassem formas mais cirativas de o fazer: por exemplo, dois dias de greve antes do final de um mês e dois dias no início do seguinte, de forma a não pesar de uma só vez nos salários dos professores.

- Reforçou-se a necessidade de avançar para uma grande Marcha pela Educação, envolvendo não só professores, mas toda a sociedade e o movimento sindical em geral.

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