quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Ministério quer voluntariar professores que enxovalhou...


A mais recente afronta aos professores, como é a questão do voluntariado no sector da educação, não deixa de ser irónico, quando a “brilhante” ideia saída da equipa do M.E. é divulgada no preciso momento em que os professores, cansados de tanta ingratidão e incompreensão perante quem dedicou várias décadas à escola pública, ao ensino. Manifesta-se sim “voluntário”, mas para escapar ao pesadelo e à amargura em que estão a transformar o papel destes profissionais ultimamente humilhados e desrespeitados, acusados na praça pública como os principais responsáveis pelo estado degradante da educação no país.

Como se propõem estes governantes incentivar os docentes a regressarem como voluntários, se objectivamente os afastam a um ritmo deveras preocupante, por meras teimosias, como a que persiste de um modelo de avaliação do desempenho que para tentar segurar e sustentar a equipa ministerial até final de mandato, se transformou em algo aparentemente inofensivo (simplex), mas com o sofisma de no próximo ano lectivo, caso tenha as necessárias condições politicas, voltar a ser factor de instabilidade das escolas, que desgasta, que desmotiva e que fundamentalmente desvia o docente do seu verdadeiro e principal papel na escola para com os alunos.

Quer o Ministério criar condições para as escolas poderem recrutar professores reformados, para em regime de voluntariado colaborarem no apoio aos alunos nas salas de estudo, em projectos escolares ou no funcionamento das bibliotecas, através de programas de voluntariado, que prevê até incluir o apoio à formação.

Uma ideia mais uma vez assente no descarado economicismo, já que no fundo o que pretende é reduzir custos, mas à custa do desemprego e do aumento da precariedade dos jovens docentes que correriam o risco de se verem substituídos e preteridos, caso os professores mais velhos tivessem saudades de regressar à escola de hoje, o que não é o caso, até porque algumas destas áreas previstas para intervenção do voluntariado, estão já a ser asseguradas pelos docentes em espera da hora de partirem para fora do modelo angustiante e de pressão psicológica em que se transforma cada vez o meio escolar.

José Lopes (Ovar)

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