Caros Colegas:
Após a bem sucedida greve do passado dia 19 – a rondar os 90% de adesões - e após a campanha pela não entrega de objectivos individuais – que tudo indicia estar a correr mal - os professores, mostram-se cansados, e com a moral em queda.
É altura de parar um pouco e pensar, antes de começarmos a tirar conclusões catastrofistas, ou a ensaiar discursos de desânimo e de derrota! Os professores não vão perder o tino e aceitar “morrer na praia”!! Os professores não mudaram a sua forma de pensar sobre o SIMPLEX ou sobre a lei da gestão ou sobre este ECD. Continuamos a pensar exactamente o mesmo que pensávamos há 15 dias antes do episódio da entregados OI.
São leis injustas, erradas para as escolas, impostas prepotentemente pela tutela, que a esmagadora maioria dos professores rejeitam liminarmente. Só as cumpriremos através da coerção legal.
Apenas correu mal a mais recente forma de luta que adoptámos. E mesmo isso, é ainda em rigor, um facto por confirmar, pois a quantificação real dos que não entregaram os OI só deve ser conhecida lá para finais da semana que vem. Mas antecipemos o cenário pior:
Imaginemos que não conseguimos que resultasse o boicote à entrega dos OI, que é uma forma de luta nos limites da legalidade, muito penalizadora economicamente, com consequências meio-imprevisíveis num quadro de disputa jurídica de desfecho imprevisível.
Se não conseguimos desferir eficientemente o mais recente golpe que ensaiámos nesta luta, se falhámos o boicote aos OI, vamos tratar de desferir o golpe seguinte e garantir que ele seja certeiro!
A classe continua a repudiar este pacote de leis para a educação, só temos que continuar a encontrar formas de o ir dizendo à sociedade! Entretanto não temos que dar um realce exagerado e injustificado a este mais recente episódio, previsivelmente menos conseguido, da nossa luta. Será um erro se acentuarmos feridas dele decorrentes e contribuirmos para a divisões no seio da classe;
Por exemplo: Não podemos nem devemos hostilizar os colegas que entenderam não aderir A ESTA forma de expressão da sua discordância quanto a ESTE modelo de avaliação porque todos sabemos que na sua esmagadora maioria esses colegas estão e estarão contra este modelo de avaliação, fazendo greves, assinando petições e manifestando-se continuadamente nas ruas, como aliás o fizeram muito recentemente.
A liberdade individual de aderir ou não a uma determinada forma de luta, é intocável !Nós somos democratas nos bons e nos maus momentos; As liberdades individuais respeitar-se-ão sempre. Esses mesmos colegas – que tiveram dificuldade em lidar com uma forma de luta de questionável suporte legal – continuam a recusar ESTE modelo de avaliação e poderão vir a apoiar, a breve prazo - outras formas de luta mais convencionais e legais, mais moderadas e menos gravosas para os respectivos orçamentos familiares.( “...Nem só de pão vive o homem” , mas sem ele não se vive. Como ouvi de colegas que “Os nossos filhos em casa que não têm que pagar pelas escolhas dos seus pais” )
Não vamos acentuar e consolidar divisões dentro da nossa classe, entrando em situações de conflito com quem não pensa como nós. Realizar debates construtivos, sim; Exacerbar antagonismos e realçar diferenças de pensamento não serve para nada e é prejudicial à nossa causa comum.
Esta luta é uma corrida de fundo e não nos podemos impressionar excessivamente com um ou outro revés, uma ou outra deserção, um ou outro momento de fraqueza, um ou outro golpe que tenhamos que encaixar, senão começamos logo a dar tudo por perdido. Sofrer golpes ou falhar golpes é inerente a qualquer situação de luta. A atitude que nos pode ajudar é a atitude do boxeur: Ter à partida claro, que quando se entra num combate, é inevitável sofrermos vários golpes, alguns deles dolorosos, falhar alguns golpes e acertar outros.
Isso é uma inevitabilidade de qualquer combate e quem não aceita esse facto, terá dificuldade em travar qualquer luta.Uma luta como a que estamos a travar, não se pode ganhar OU PERDER, numa única batalha. No cinema de entretenimento é que há sempre uma batalha final entre “o bom” e “o mau” em que tudo se decide...Enfrentamos o governo legítimo do estado português, dirigido pelo maior partido português, sustentado por uma maioria absoluta. Não é legítimo esperar-se que esta seja uma luta rápida ou fácil! Das duas partes em confronto, a que resistir mais tempo vencerá.
A aproximação do calendário eleitoral é favorável à causa dos professores.O governo não quer instabilidade nas escolas e agitação nas ruas, no cenário pré eleitoral. Isso será a prova provada de que a sua política educativa ( um dos seus mais promissores “trunfos eleitorais”) em vez de constituir um benefício para a sociedade portuguesa, de facto, veio trazer problemas e conflitos que o governo se mostra incapaz de sanar. Não podemos “morrer na praia” .
Precisamos rapidamente de novas formas legais e consensuais de expressão de um descontentamento que continua a existir.Na escolha das próximas formas de luta a adoptar é crucial as organizações de classe auscultarem o pensamento dos professores quanto a esta questão fundamental, sob pena de se repetirem mais actos falhados ou pouco conseguidos de contestação ( Como o boicote aos OI ou a manif de Belém).
Não nos esqueçamos : As tutelas mudam, as orientações mudam, mas os professores permanecem. Sem eles, não há ensino.Toda a oposição parlamentar está contra esta política para a educação e mais cedo ou mais tarde, à mínima oportunidade, influenciarão ou imporão as mudanças. Além do mais os professores estão a construir uma reputação de combatividade, união, determinação e convicções fortes que perdurará para lá da actual luta.
Se não desistirmos agora, qualquer governo que venha a orientar o ME, terá em consideração que o melhor é entender-se primeiro com os professores em quaisquer medidas que queira tomar na área educativa. Não pode haver reformas na educação que constituam ataques a quem as vai implementar. Estamos todos cansados desta longa e difícil luta, por isso temos que nos encorajar e puxar uns aos outros. Defendamos a unidade da nossa classe! Não acentuemos as estratégias divisionistas do ME. A luta vai continuar !
Carlos Augusto Silva (Professor, contra esta política educativa de treta)
Após a bem sucedida greve do passado dia 19 – a rondar os 90% de adesões - e após a campanha pela não entrega de objectivos individuais – que tudo indicia estar a correr mal - os professores, mostram-se cansados, e com a moral em queda.
É altura de parar um pouco e pensar, antes de começarmos a tirar conclusões catastrofistas, ou a ensaiar discursos de desânimo e de derrota! Os professores não vão perder o tino e aceitar “morrer na praia”!! Os professores não mudaram a sua forma de pensar sobre o SIMPLEX ou sobre a lei da gestão ou sobre este ECD. Continuamos a pensar exactamente o mesmo que pensávamos há 15 dias antes do episódio da entregados OI.
São leis injustas, erradas para as escolas, impostas prepotentemente pela tutela, que a esmagadora maioria dos professores rejeitam liminarmente. Só as cumpriremos através da coerção legal.
Apenas correu mal a mais recente forma de luta que adoptámos. E mesmo isso, é ainda em rigor, um facto por confirmar, pois a quantificação real dos que não entregaram os OI só deve ser conhecida lá para finais da semana que vem. Mas antecipemos o cenário pior:
Imaginemos que não conseguimos que resultasse o boicote à entrega dos OI, que é uma forma de luta nos limites da legalidade, muito penalizadora economicamente, com consequências meio-imprevisíveis num quadro de disputa jurídica de desfecho imprevisível.
Se não conseguimos desferir eficientemente o mais recente golpe que ensaiámos nesta luta, se falhámos o boicote aos OI, vamos tratar de desferir o golpe seguinte e garantir que ele seja certeiro!
A classe continua a repudiar este pacote de leis para a educação, só temos que continuar a encontrar formas de o ir dizendo à sociedade! Entretanto não temos que dar um realce exagerado e injustificado a este mais recente episódio, previsivelmente menos conseguido, da nossa luta. Será um erro se acentuarmos feridas dele decorrentes e contribuirmos para a divisões no seio da classe;
Por exemplo: Não podemos nem devemos hostilizar os colegas que entenderam não aderir A ESTA forma de expressão da sua discordância quanto a ESTE modelo de avaliação porque todos sabemos que na sua esmagadora maioria esses colegas estão e estarão contra este modelo de avaliação, fazendo greves, assinando petições e manifestando-se continuadamente nas ruas, como aliás o fizeram muito recentemente.
A liberdade individual de aderir ou não a uma determinada forma de luta, é intocável !Nós somos democratas nos bons e nos maus momentos; As liberdades individuais respeitar-se-ão sempre. Esses mesmos colegas – que tiveram dificuldade em lidar com uma forma de luta de questionável suporte legal – continuam a recusar ESTE modelo de avaliação e poderão vir a apoiar, a breve prazo - outras formas de luta mais convencionais e legais, mais moderadas e menos gravosas para os respectivos orçamentos familiares.( “...Nem só de pão vive o homem” , mas sem ele não se vive. Como ouvi de colegas que “Os nossos filhos em casa que não têm que pagar pelas escolhas dos seus pais” )
Não vamos acentuar e consolidar divisões dentro da nossa classe, entrando em situações de conflito com quem não pensa como nós. Realizar debates construtivos, sim; Exacerbar antagonismos e realçar diferenças de pensamento não serve para nada e é prejudicial à nossa causa comum.
Esta luta é uma corrida de fundo e não nos podemos impressionar excessivamente com um ou outro revés, uma ou outra deserção, um ou outro momento de fraqueza, um ou outro golpe que tenhamos que encaixar, senão começamos logo a dar tudo por perdido. Sofrer golpes ou falhar golpes é inerente a qualquer situação de luta. A atitude que nos pode ajudar é a atitude do boxeur: Ter à partida claro, que quando se entra num combate, é inevitável sofrermos vários golpes, alguns deles dolorosos, falhar alguns golpes e acertar outros.
Isso é uma inevitabilidade de qualquer combate e quem não aceita esse facto, terá dificuldade em travar qualquer luta.Uma luta como a que estamos a travar, não se pode ganhar OU PERDER, numa única batalha. No cinema de entretenimento é que há sempre uma batalha final entre “o bom” e “o mau” em que tudo se decide...Enfrentamos o governo legítimo do estado português, dirigido pelo maior partido português, sustentado por uma maioria absoluta. Não é legítimo esperar-se que esta seja uma luta rápida ou fácil! Das duas partes em confronto, a que resistir mais tempo vencerá.
A aproximação do calendário eleitoral é favorável à causa dos professores.O governo não quer instabilidade nas escolas e agitação nas ruas, no cenário pré eleitoral. Isso será a prova provada de que a sua política educativa ( um dos seus mais promissores “trunfos eleitorais”) em vez de constituir um benefício para a sociedade portuguesa, de facto, veio trazer problemas e conflitos que o governo se mostra incapaz de sanar. Não podemos “morrer na praia” .
Precisamos rapidamente de novas formas legais e consensuais de expressão de um descontentamento que continua a existir.Na escolha das próximas formas de luta a adoptar é crucial as organizações de classe auscultarem o pensamento dos professores quanto a esta questão fundamental, sob pena de se repetirem mais actos falhados ou pouco conseguidos de contestação ( Como o boicote aos OI ou a manif de Belém).
Não nos esqueçamos : As tutelas mudam, as orientações mudam, mas os professores permanecem. Sem eles, não há ensino.Toda a oposição parlamentar está contra esta política para a educação e mais cedo ou mais tarde, à mínima oportunidade, influenciarão ou imporão as mudanças. Além do mais os professores estão a construir uma reputação de combatividade, união, determinação e convicções fortes que perdurará para lá da actual luta.
Se não desistirmos agora, qualquer governo que venha a orientar o ME, terá em consideração que o melhor é entender-se primeiro com os professores em quaisquer medidas que queira tomar na área educativa. Não pode haver reformas na educação que constituam ataques a quem as vai implementar. Estamos todos cansados desta longa e difícil luta, por isso temos que nos encorajar e puxar uns aos outros. Defendamos a unidade da nossa classe! Não acentuemos as estratégias divisionistas do ME. A luta vai continuar !
Carlos Augusto Silva (Professor, contra esta política educativa de treta)
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