quinta-feira, 16 de abril de 2009

Escola a tempo inteiro


A ministra da educação, Maria de Lurdes Rodrigues, mostrou-se receptiva a que as escolas venham a estar abertas 12 horas diárias. Um pedido apresentado no Encontro Nacional de Associações de Pais, em Mira. Na cerimónia de abertura do encontro, promovido pela CONFAP (Confederação “ não independente” de Associações de Pais) a representante governamental salientou que tem procurado criar condições para uma participação mais directa dos pais no sistema de ensino (o que a ser verdade e consequentemente eficaz / assumido não seria de todo mal visto), quando há 30 anos a mentalidade era de que os pais só iam às escolas tratar de questões disciplinares.

Contudo seria bom relembrar a estes iluminados que os verdadeiros especialistas na matéria o desaconselham e justificam-no precisamente pelo facto de ser uma decisão insensata e contraproducente, resultante do devaneio mental de um qualquer modelo académico “chilenizado”, tal como o sistema de avaliação dos docentes.

Os professores não têm que ser os bodes expiatórios e as almofadas, mais uma vez de uma organização irracional do trabalho e da desestruturação funcional das famílias. Tal como sugere o professor Daniel Sampaio, também eu sou totalmente contra o conceito escola – armazém (depósito de crianças) e partilho sim da ideia que os pais se unissem para reivindicar mais tempo junto dos filhos depois do seu nascimento, que fizessem pressão nas autarquias para a organização de uma rede de transportes escolares, ou que sensibilizassem o mundo empresarial e as entidades empregadoras para a necessidade de horários com a necessária rentabilidade, sendo mais compatíveis com a educação dos filhos e com a vida em família.

Aos professores e auxiliares, depois de um ano de grande desgaste emocional, conviria que não aceitassem de jeito nenhum mais esta “proletarização” do seu desempenho: é que passar filmes e entreter os meninos depois de tantas aulas dadas – como foi sugerido pelos infelizes autores das propostas não nos parece (como profissionais da Educação) muito gratificante e contribuirá certamente para a sua sobrecarga e desresponsabilização dos pais; não esquecendo que também sou pai e tenho direito à minha opinião e tempo com a minha família. Desenganem-se pois todos aqueles que pretendem ficar sozinhos no campo de influenciar a sociedade.

É evidente que tudo fazem por ter uma sociedade indiferente, bem anestesiada pelo relativismo ético, acrítica e pronta a aceitar os ditos ‘progressos’ mas não contem connosco para lhes dar cobertura! A todas as Lúdico-Ideias existentes ou possam aparecer por esse país fora seria bom relembrar-lhes ‘ sem ovos não se fazem omeletas’, que é como quem diz : sem uma boa base de apoio e bolsa de recrutamento de docentes (pagos a tempo e horas/valorizados de acordo com o seu real e efectivo desempenho) nas AEC e melhores condições técnicas por forma a poderem corresponder às necessidades das comunidades educativas; certamente não poderão/ nem irão haver respostas eficazes, sérias que correspondam aos anseios e necessidades subjacentes das famílias e ao desenvolvimento harmonioso/ integral dos alunos; futuros cidadãos do amanhã.

*não esquecer que o Sr. Albino Almeida (presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais) recebeu do gabinete do Ministério da Educação duas tranches de 38.717.50 euros cada uma, no segundo semestre de 2006, conforme publicação no DR de 2007 ( página 15.720), daí que reaja como um bom assalariado desta edilidade…

José Carlos Jacinto
(zeca.abt@hotmail.com)

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