Jean-Pierre Dupuy, o maior filósofo francês vivo, inspirado nos trabalhos de Ivan Illich, demonstrou que a contraprodutividade do trabalho resulta, na maior parte das vezes, desta mentalidade tecnocrática, utilitarista e consequencialista, que procura sempre e sempre mais meios para atingir os fins. De tanta preocupação com os meios, o trabalho perde-se nas 'técnicas' e nos 'instrumentos', nos 'recursos', na 'preparação' e nas 'estratégias' e, quanto ao fim propriamente dito, esse fica esquecido ou não é atingido por causa do desperdício de tempo nos meios. Vou dar um exemplo simples dos transportes. Imaginem que toda a população de um determinado território se convence, por efeito mimético, que o automóvel é o meio mais racional, muito mais rápido e confortável para fazer as suas deslocações do que os transportes públicos. Todos, fazendo o mesmo e às mesmas horas, entopem as ruas e estradas e ninguém anda: demora-se muito mais tempo do que andar de bicicleta ou até mesmo a pé.
Conclusão: uma decisão aparentemente racional, inteligente e correcta revelou-se absurda e contraprodutiva, perversa. O mesmo se passará e já se passa com este modelo de avaliação: ele insiste tanto nos 'meios' para o ensino, nas 'estratégias', nas 'preparações' e 'planificações', nos 'recursos' e nas 'técnicas' que o fim (o ensino e a aprendizagem) ficará num lugar muito secundário o que, como tem sucedido, se irá provar nas provas internacionais dos nossos estudantes. Os professores vão gastar muito mais tempo do horário normal de trabalho por semana (35 horas) a dizer e a explicar o que vão fazer e, depois, a explicar o que fizeram e como o fizeram do que a ensinar e a ajudar os alunos a prender. Daí resultará uma enorme contraprodutividade que os resultados dos exames não conseguirá disfarçar.
Zeferino Lopes, Prof. e Dout. em Filosofia na Escola Secundária de Penafiel em 29 de Setembro de 2008.
Conclusão: uma decisão aparentemente racional, inteligente e correcta revelou-se absurda e contraprodutiva, perversa. O mesmo se passará e já se passa com este modelo de avaliação: ele insiste tanto nos 'meios' para o ensino, nas 'estratégias', nas 'preparações' e 'planificações', nos 'recursos' e nas 'técnicas' que o fim (o ensino e a aprendizagem) ficará num lugar muito secundário o que, como tem sucedido, se irá provar nas provas internacionais dos nossos estudantes. Os professores vão gastar muito mais tempo do horário normal de trabalho por semana (35 horas) a dizer e a explicar o que vão fazer e, depois, a explicar o que fizeram e como o fizeram do que a ensinar e a ajudar os alunos a prender. Daí resultará uma enorme contraprodutividade que os resultados dos exames não conseguirá disfarçar.
Zeferino Lopes, Prof. e Dout. em Filosofia na Escola Secundária de Penafiel em 29 de Setembro de 2008.
1 comentário:
Concordo inteiramente. Só coloco reservas a afirmações do tipo. "Jean-Pierre Dupuy, o maior filósofo francês vivo"...
Carlos Carujo
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