quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Sindicatos marcam manifestação para 8 de Novembro


A plataforma sindical marcou a manifestação nacional de professores para o dia 8 de Novembro. Este facto merece o meu seguinte comentário:

1) A manifestação de 15 de Novembro que surgiu espontaneamente e foi apoiada por vários movimentos foi essencial para que os sindicatos avançassem. Sem ela, os sindicatos teriam ficado quietos.

2) Como perceberam que não podiam ser ultrapassados por movimentos espontâneos, os sindicatos avançaram com uma manifestação, que não podia ser a 15 de Novembro porque ia parecer que andavam a reboque dos "movimentos", com outros protagonistas

2) Assim, marcaram a manifestação para uma semana antes, correndo menos riscos do que se fosse depois de 15 de Novembro. A novidade positiva é que a marcaram para um sábado e não para um dia de semana, podendo assim ser mais mobilizadora.

3) Obviamente os “movimentos” perceberam a jogada dos sindicatos e ficaram "magoados". Penso que tencionam manter a sua manifestação para 15 de Novembro, afastando a hipótese de uma manifestação conjunta, tal como já tinha feito a fenprof.

5) Uma única manifestação nacional no espaço de uma semana, nesta altura, é sempre melhor do que duas. Com duas há professores que só têm disponiblidade/vontade de ir a uma. E assim nunca serão tão grandes.

6) Para mim, os "movimentos" conseguiram o mais difícil que foi colocar os sindicatos na rua. Tendo conseguido isto só tínhamos todos a ganhar em que os movimentos se juntassem com força e convicção à manifestação de 8 de Novembro, cientes de que ganharam a luta principal. A guerra de protagonismos ficaria para outra altura: desmarcando a de 15 de Novembro e indo em força para dia 8, até seria uma “bofetada de luva branca” nos sindicatos.

7) Mas dado o caminho que levaram as coisas duvido que os blogues e movimentos que convocaram para dia 15 façam essa jogada.

8) Se assim for, eu estarei presente nas duas manifestações e farei o possível para convencer colegas a fazerem o mesmo.

Miguel Reis

7 comentários:

Silvana Paulino disse...

Nem mais. Estou contigo Miguel. Assino por baixo.
E já agora gostava também de dizer que ninguém fica a ganhar com um braço de ferro destes. O nosso inimigo é o Ministério da Educação. Muito importante não esquecer isso.
Silvana Paulino

Maria José Vitorino disse...

As próximas semanas vão ser ricas de ensinamentos. Esta competição de manifs é como dizes Miguel. Tb é verdade que em democracia as manifs são uma das formas, mas nunca serão a única forma de luta.
Temos de aprender artes de convivência que ainda não dominamos, e as tuas palavras, tal como o post anterior do Movimento Escola Pública apelando a atitudes de convergência, ajudam nesse sentido.
Nas escolas, estes ecos fazem perder ânimo e inventam pólos de fricção que nos enfraquecem a todos.
Neste momento, acredito que muitos professores estejam à espera de maturidade das entidades envolvidas. Alguns estarão dispostos, como tu, a distinguir essencial de acessório e mesmo, se for o caso, participar em 2 manifs com1 semana de intervalo, na mesma cidade. Muitos , porém, caminham para não esperar nada de nenhuma delas, o que não é bom. Pelo menos para a Escola Pública tal como dela precisamos. Não tanto pela defesa dum passado como pelas garantias de qualidade futura. O empenhamento e a serenidade dos professores são garantias essenciais. O primeiro ainda se mantém, a duras penas, nas nossas escolas, mas a segunda parece atravessar um momento crítico.
Haja esperança na capacidade de equilibrar tensões e construir atitudes efectivamente úteis neste combate.

Anónimo disse...

Miguel,
Enquanto professor que discorda e tenta lutar contra as políticas públicas deste ministério sou um dos que esperam maturidade de todos os professores.
Fiz os apelos que achei convenientes a alguns dos promotores da manifestação de dia 15 no sentido de passarem da palavra à acção e demonstrarem que não os movia nenhuma ânsia de protagonismo. Para tal bastaria abdicarem da "sua data" uma vez que como bem dizes, conseguiram "a manifestação".
A resposta que tive até agora foi o silêncio total e absoluto a que se vota quem não nos merece consideração.

miguel reis disse...

Francisco

Compreendo o que dizes. Acho que há vontades de protagonismo dos dois lados que prejudicam a luta dos professores pela escola pública.

Mesmo assim fico satisfeito porque têm sido bastantes os apelos para que os "movimentos" dêem a tal "bofetada de luva branca" nos sindicatos (desmarcando 15 e apostando a 8), que seria uma grande ajuda à luta contra o principal inimigo.

Maria José Vitorino disse...

Quer entre os blogues, quer nas reuniões, sindicais e outras, quer em declarações publicadas nos jornais, a hiostilidadfe emerge cada vez com mais facilidade.
Esta hostilidade é aliás um sintoma da elevadíssima pressão a que as pessoas andam sujeitas, nas escolas. E um dos custos da política actual do Governo, suportado por professores e outros trabalhadores das escolas mas também pelos(as) alunos, e, evidentemente, pelas família. São custos sociais, ou danos, que ainda não podemos avaliar, mas que podemos e devemos reduzir. O MEP tem agido bem, e, neste blogue, textos que levam a "parar para pensar, avançar pensando" como o do Miguel e posições como a do João de Portimão são bons aliados da lucidez. A janela até 8 de Novembro precisa de sensatas carochinhas e Joões Ratões que não se deixem cozer e assar no caldeirão. Tenho confiança na capacidade da nossa bicharada, passe a metáfora, para distinguir o essencial do acessório, e contrariar esta política agressiva e absolutamente indiferente às consequências do esgotamento físico, mental e emocional dos adultos que lidam diariamente com crianças e jovens e deveriam, além disso, poder usar a cabeça e o coração diariamente para estudar, aprofundar e imaginar a qualidade que tanto nos falta (porque nos falta, ralmente!) nas nossas escolas. A tal missão do educador... a tal diferençazinha que distingue as sociedades, mesmo na maior das crises.

Maria José Vitorino disse...

Corrigenda às gralhas no comentário anterior, com desculpas
hostilidade e não hiostilidadfe (início)
realmente e não ralmente (fim)

Mil desculpas

Maria José Vitorino disse...

correcção mais importante
quando escrevi
a política actual do governo
deveria ter escrito
a política do actual governo