O modelo de avaliação que nos querem impor privilegia a aparência do rigor relativamente à aposta na melhoria do desempenho de cada professor. Ao impor um sistema de avaliação ligado à progressão na carreira e não à formação, fomentam-se culturas de escolas hierárquicas em que o que é preciso é parecer eficaz junto de um chefe (por exemplo as aulas assistidas fabricadas meticulosamente apenas para avaliador ver) e não conhecer-se como profissional com competências únicas, dificuldades próprias e margens de progressão. O contrário deste modelo deveria ser um sistema cooperativo em que cada um (e todos) possam falar das suas dificuldades enquanto professor e dá-las a conhecer sem as maquilhar, em que se possam inventar/partilhar estratégias de superação individuais e colectivas. Isto depende obviamente do clima de cada escola mas sobretudo depende de dois pontos prévios: o fim da divisão entre duas carreiras (e da noção de que o topo da carreira não corresponde a dar mas a avaliar os colegas) e o fim da ligação entre progressão na carreira e avaliação proveniente de uma forma burocrática de ver a escola e os resultados escolares (é aliás a mesma mentalidade que vê o sucesso escolar como um arranjo cosmético dos resultados dos alunos).
Sem ambos estes pressupostos estarem realizados nenhuma forma definitiva ou transitória de avaliação potenciará a qualidade do sistema de ensino, antes pelo contrário. Assim, pode-se muito bem "salvar o ano lectivo" que se perde sem dúvida mais do que isso em termos de qualidade do trabalho docente. Por isso, se me pedissem para escolher entre a obsessão de salvar o ano lectivo, a suposta credibilização negocial e a tentativa de manter a essência da profissão docente e a qualidade da escola pública, escolheria certamente a segunda.
Carlos Carujo, São Brás de Alportel
Sem ambos estes pressupostos estarem realizados nenhuma forma definitiva ou transitória de avaliação potenciará a qualidade do sistema de ensino, antes pelo contrário. Assim, pode-se muito bem "salvar o ano lectivo" que se perde sem dúvida mais do que isso em termos de qualidade do trabalho docente. Por isso, se me pedissem para escolher entre a obsessão de salvar o ano lectivo, a suposta credibilização negocial e a tentativa de manter a essência da profissão docente e a qualidade da escola pública, escolheria certamente a segunda.
Carlos Carujo, São Brás de Alportel
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