sábado, 22 de novembro de 2008

Reunião Plenária do Movimento Escola Pública no Liceu Camões

As escolas portuguesas vivem um momento de grande instabilidade, provocada por políticas que teimam em eleger como "maus da fita" os professores. Políticas de um governo que nunca quis combater o abandono e os insucesso escolar de forma séria, e que desistiu da escola como projecto emancipatório.

Da aprovação de um Estatuto da Carreira Docente que arbitrariamente divide a classe em professores de primeira e professores de segunda, até à implementação de um sistema de avaliação altamente burocrático e imerso numa paranóia controladora, são cada vez mais evidentes as finalidades que norteiam esta equipa ministerial: poupar em salários, dividir os professores, tornar a escola numa empresa que gere resultados e despacha papéis. Quem fica a perder são os alunos e toda a sociedade.

O recente anúncio do governo de simplificação de alguns procedimentos deste modelo de avaliação é tão só a forma que encontrou para salvar a face. Mas não salva nenhuma das faces porque não mexe nas bases deste modelo, injustas e perturbadoras do funcionamento das escolas. Porque mantém professores a vigiar professores, estimula a competição e a desconfiança entre pares, em vez de apostar na cooperação entre profissionais para impulsionar projectos de escola centrados nas necessidades e aspirações dos alunos.

Os professores e cidadãos reunidos no plenário do Movimento Escola Pública exigem a suspensão imediata deste modelo de avaliação, a revogação do actual Estatuto da carreira Docente e a abertura de um período de reflexão e discussão que envolva governo, sindicatos e movimentos de professores e permita encontrar um modelo de avaliação justo, eficaz, formativo e orientado para a cooperação e melhoria das práticas pedagógicas e da qualidade do ensino.


Por tudo isto, comprometemo-nos com:

- a participação e mobilização para as iniciativas de protesto agendadas pela Plataforma Sindical, nomeadamente: greves nacionais a 3 de Dezembro e 19 de Janeiro, greves regionais de 9 a 12 de Dezembro, vigílias permanentes no Ministério da Educação a 4 e 5 de Dezembro, manifestações regionais de 25 a 28 de Novembro

- participação e mobilização para o encontro de escolas em luta a 6 de Dezembro.


- o apoio à suspensão efectiva deste modelo de avaliação em cada escola, promovendo ou ajudando a promover Reuniões Gerais de Professores nas escolas que ainda não o suspenderam.

- o apoio à recusa liminar em entregar ou preencher os objectivos individuais, seja nas próprias escolas ou através da aplicação informática do Ministério, que aliás é persecutória e ilegal.

- o envolvimento da sociedade civil, sensibilizando pais, mães, cidadãs e cidadãos para a justeza desta luta, feita em nome da qualidade do ensino e da preocupação com as aprendizagens dos alunos e alunas.

Estas são as principais conclusões da reunião. Todos unidos contra a cosmética apresentada pela ministra.

Houve também colegas que sugeriram a possibilidade de se prolongar por mais dias a greve de 3 de Dezembro como forma de radicalizar a luta dos professores. No entanto, esta ideia não suscitou consensos, principalmente por se arriscar a abranger apenas uma pequena parte dos professores. Foi também sugerida a repetição de plenários distriitais como os que aconteceram em Setúbal, Braga, Vila Real.

Os presentes rejubilaram com o anúncio, durante a reunião, de que no Concelho de Setúbal 90% dos agrupamentos e escolas decidiram suspender a avaliação. O último a fazê-lo, hoje ao fim da tarde, foi o Agrupamento de Escolas Barbosa Du Bocaje. Ficou assim a determinação para continuar a suspender esta avaliação escola a escola.

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