quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Paulo Guinote não entrega os objectivos individuais e explica porquê

"Hoje na minha escola, EB 2/3 Mouzinho da Silveira, na sequência de uma Reunião Geral de Professores, foi decidida uma votação (por voto secreto e não de braço no ar) em que 60 dos 79 votantes se pronunciaram pela não entrega dos Objectivos Individuais (4 a favor, 15 votos brancos ou declarando não saber ainda a decisão a tomar), após debate sobre as várias vias de contestação ao modelo de avaliação do desempenho docente.

Não foi elaborada moção, por se ter chegado à conclusão consensual que este é um momento para tomadas de posição individuais, avaliando cada um(a) as suas razões para os seus actos.
Achei bem.

Deixo apenas aqui os fundamentos do meu voto contra a entrega dos OI e porque prefiro isso a adoptar uma das outras duas vias em presença (aceitar o simplex ou pedir a aplicação extensiva do modelo).

- Não aceito o simplex por ele se ter tornado um simulacro de avaliação, mero pretexto eleitoralista e demagógico, de onde está ausente a componente essencial do trabalho de um docente.

- Não acho, neste momento, válida a opção da aplicação extensiva do modelo, com tudo a que teria direito no sentido da implosão do modelo, porque isso significaria aderir a um processo em que o meu desempenho neste pseudo-”ciclo de avaliação” se resumiria à análise do meu trabalho em menos de seis meses, em duas aulas e um porta-folhas mais ou menos volumoso. Ora, em minha opinião, não é assim que se consegue aferir da excelência - ou outra coisa quaquer - do trabalho de um docente que tem orgulho no que faz.

Por isto, e por outras razões que vos poupo de repetir, decidi não entregar os meus Objectivos Individuais no prazo que me for apresentado, independentemente das consequências que isso acarrete, embora garanta que resistirei por todos os meios contra qualquer tentativa de penalização disciplinar que agrave a não progressão na carreira.

Mesmo se sei que quem vai à guerra, dá e leva e essas coisas todas. Mas não há “lutas” (não gosto da terminologia guerreira, mas…) sem riscos. E ninguém pode ir para a guerra apenas depois de ter a garantia que ninguém dispara contra ele(a) ou que o fizer é de mansinho na direcção do dedo mindinho.”

Por Paulo Guinote, em "A Educação do Meu Umbigo"

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