sábado, 6 de junho de 2009

Abaixo o obscurantismo


A propósito de:

Apelo aos pais para que impeçam educação sexual: Plataforma Resistência Nacional está a convidar os encarregados de educação a informarem as escolas que proíbem filhos de ir às aulas.

Comentário:

A lei de educação sexual aprovada no parlamento é um passo importante mas fica aquém do que as escolas, os alunos e a sociedade precisam. No país com a segunda maior taxa de gravidez da Europa, não se compreende como podem existir tantos entraves à distribuição de preservativos nas escolas. O PS recuou para uma formulação ambígua, com medo de enfrentar os obscurantistas. Já não bastava recusar uma disciplina de Educação Sexual e reduzi-la a umas poucas horas por ano e ainda fez marcha-atrás no único ponto claro e que constituía um avanço objectivo e concreto: a distribuição nas escolas de contraceptivos que não necessitam de receita médica.

O problema deste PS é que mais uma vez teve medo de enfrentar as resistências mais medievais. Só que calculou mal. É que essas resistências iam surgir de qualquer maneira como mostra a notícia do DN. Está visto que mais valia fazer este enfrentamento com todas as cartas em cima da mesa, exigindo tudo o que é justo e necessário.

Os osbcurantistas, que usam agora o epíteto de Plataforma Resistência Nacional, são os mesmos que recusaram a legalização do aborto. São os mesmo que nessa altura diziam que o que era preciso era prevenir, era investir na educação dos jovens, para evitar o recurso ao aborto. Tamanha hipocrisia: agora que o aborto está legalizado, não querem a educação sexual. São charlatões.

Acham que os seus filhos devem ser educados no mesmo obscurantismo em que eles foram criados. Têm medo que os filhos falem de sexo na escola porque também têm medo de falar nisso em casa. Só que os filhos já falam de sexo na escola, o que precisam é de um espaço onde o possam fazer sem tabus, com informação e responsabilidade. E isso estes pais querem proibir. Querem proibir os seus filhos do direito a uma sexualidade livre, responsável, autónoma e segura. Querem esconder os problemas para não falarem neles, querem impor aos seus filhos a hipocrisia em que vivem. Por nós, não passarão.

Sem comentários: