O rumo, a direcção, o ângulo da quilha do governo, não vai mudar até às legislativas. Sócrates é outro timoneiro de convicções, e naufrágios. Mas os berloques retóricos das últimas entrevistas e os retoques de pó de arroz nos ministros que mais água meteram são evidentes.
E poderá a "humildade democrática" abafar a palavra que mais consenso gerou o absolutismo da maioria, a arrogância? Se a arrogância não tivesse números e nomes, os do desemprego, da precariedade, do medo que se instalou nas relações laborais, das clientelas, dos apetites privatistas e gerencialistas dos serviços públicos, seria tudo mais fácil.
Humilde, porventura, Sócrates diz que errou na avaliação demasiado burocrática dos professores. Maria de Lurdes Rodrigues reaparece no palco. O governo abre-se para a manutenção do simplex dos simplex. Razão para perguntar: deixaram de querer ser desesperadamente modernos à conta da avaliação dos professores ou aceitam que, farsa por farsa, o melhor é deixar andar?
Estas são questões menores, e por o serem é que estes políticos são tão pouco credíveis, e tanto menos credíveis quanto mais maquilham as absolutas convicções de ontem. As razões de Sócrates são muitas: precisa dos "votozinhos" para as próximas eleições, precisa de segurar Maria de Lurdes Rodrigues, se o futuro o permitir, e precisa de fazer da avaliação de desempenho o único fundamento da indignação de todos/as os/as professores/as, convencido que em política a memória é curta.
E enquanto o governo assobiar com o simplexíssimo não precisa de levar a sério o que até o Conselho Científico para a Avaliação dos Professores conseguiu concluir: que as escolas vivem climas de intimidação e de medo, que as relações entre pares se deterioraram, que nada disto fez bem à escola pública.
E enquanto armadilharem com pó de arroz o que fizeram à escola pública, e àqueles e aquelas que são o seu rosto, podem branquear as questões de fundo: a autocracia da nova gestão, a divisão arbitrária e incompetente entre professores de primeira e de segunda, a precariedade humilhante de milhares de profissionais, etc. Dá-lhes jeito, portanto, mas nem à escola pública nem aos alunos/as, nem às famílias, nem aos profissionais de educação "deu jeito" a política educativa deste governo. E porque nada disto se pode esquecer, estará tudo em cima da mesa no arranque do próximo ano lectivo.
Artigo de Cecília Honório, no Esquerda.net
E poderá a "humildade democrática" abafar a palavra que mais consenso gerou o absolutismo da maioria, a arrogância? Se a arrogância não tivesse números e nomes, os do desemprego, da precariedade, do medo que se instalou nas relações laborais, das clientelas, dos apetites privatistas e gerencialistas dos serviços públicos, seria tudo mais fácil.
Humilde, porventura, Sócrates diz que errou na avaliação demasiado burocrática dos professores. Maria de Lurdes Rodrigues reaparece no palco. O governo abre-se para a manutenção do simplex dos simplex. Razão para perguntar: deixaram de querer ser desesperadamente modernos à conta da avaliação dos professores ou aceitam que, farsa por farsa, o melhor é deixar andar?
Estas são questões menores, e por o serem é que estes políticos são tão pouco credíveis, e tanto menos credíveis quanto mais maquilham as absolutas convicções de ontem. As razões de Sócrates são muitas: precisa dos "votozinhos" para as próximas eleições, precisa de segurar Maria de Lurdes Rodrigues, se o futuro o permitir, e precisa de fazer da avaliação de desempenho o único fundamento da indignação de todos/as os/as professores/as, convencido que em política a memória é curta.
E enquanto o governo assobiar com o simplexíssimo não precisa de levar a sério o que até o Conselho Científico para a Avaliação dos Professores conseguiu concluir: que as escolas vivem climas de intimidação e de medo, que as relações entre pares se deterioraram, que nada disto fez bem à escola pública.
E enquanto armadilharem com pó de arroz o que fizeram à escola pública, e àqueles e aquelas que são o seu rosto, podem branquear as questões de fundo: a autocracia da nova gestão, a divisão arbitrária e incompetente entre professores de primeira e de segunda, a precariedade humilhante de milhares de profissionais, etc. Dá-lhes jeito, portanto, mas nem à escola pública nem aos alunos/as, nem às famílias, nem aos profissionais de educação "deu jeito" a política educativa deste governo. E porque nada disto se pode esquecer, estará tudo em cima da mesa no arranque do próximo ano lectivo.
Artigo de Cecília Honório, no Esquerda.net
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