sexta-feira, 26 de junho de 2009

O debate continua em todo o país









Promovido pelo Movimento Escola Pública (MEP) realizou-se em Barcelos, no passado sábado dia 20, um debate sobre igualdade e emancipação da escola pública. Esta sessão que decorreu no polivalente de uma escola pública – Secundária Alcaides de Faria, contou com a participação de mais de uma centena de pessoas e teve como oradoras: Cecília Honório (Co-fundadora do MEP), Ana Drago (deputada do BE na AR) e Júlia Vale (Dirigente do SPN e Secretariado da FENPROF).

José Maria Cardoso, em nome da comissão de professores que organizou este evento, deu inicio à sessão com a apresentação de um filme sobre a Manifestação dos Professores de 8 de Novembro, realizado pelo colega João Lemos da ESAF, que fez questão de participar nesta manifestação e de deixar este seu tributo como legado para a continuação da luta profissional, dado que se aposentou passados quinze dias da data da manifestação. A apresentação do filme serviu como um reconhecimento e agradecimento à sua digna postura.

Da exposição reflexiva apresentada pelas oradoras destaca-se a veemente critica às políticas governamentais para a educação que têm sido praticadas no nosso país, muito especialmente a grande “machadada” aos princípios e valores da escola pública que o actual ministério tem infligido pondo em causa a democraticidade do sistema de ensino.

Cecília Honório começou por dizer que “a ministra veio pôr pó de arroz no ensejo e fúria reformista. O seu sistema de avaliação docente, que defendeu rasgando a camisola, fica adiado e reduzido a uma caricatura em nome das eleições”. O MEP defende a igualdade, democracia e dignidade da comunidade escolar, “contra o clima de intimidação e medo” da tutela, e visa “abrir o diálogo entre todos os activismos, incluindo sindicatos e partidos”.

Júlia Vale centrou a sua intervenção na luta sindical que tem sido travada em nome dos professores mas também em nome da escola pública inclusiva assim como de todo o mundo laboral dizendo que “esta luta é a de todos os trabalhadores independentemente de quem ganhar o governo, o sistema de avaliação e a carreira docente terão de mudar”.

Por sua vez, Ana Drago afirmou que “ o governo PS quis remediar o atraso educativo face à UE mais rápido e baratinho. Quer-se que a escola eduque para todas as competências sem lhe dar meios”. A deputada do BE referiu que para além da revogação do ECD também se deve exigir o fim do novo modelo de gestão das escolas que como já é do conhecimento público está a levar á partidarização. “ O partido que estiver na Câmara Municipal vai querer ter uma palavra a dizer”.

Seguiu-se um debate bastante participado com um conjunto de intervenções da plateia que abordaram temáticas relacionadas com o processo de luta dos professores e do papel dos sindicatos em todo este processo, entendível que assim fosse, dado que a maior parte dos presentes eram professores, mas também foram discutidas questões relacionadas com o conceito de escola pública.

Sem qualquer réstia de dúvida, comprovada pelas auscultações de pós-debate, esta inédita iniciativa em Barcelos foi um êxito, tanto em termos de participação, numa noite em que a elevada temperatura convidava a outras vontades, quanto em termos de discussão contribuindo decisivamente para o acumular de consciências de que a educação tem de ser encarada como um direito e um bem social e não como um produto comercial.

A educação tem de ser pensada como ferramenta com alto potencial de redistribuição, de correcção de assimetrias, de igualdade de oportunidades, no fundo do exercício da democracia. Por isso o ensino público tem de ser prioridade de qualquer governo democrático porque só ele é garante destes desígnios.

Texto de José Maria Cardoso

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