domingo, 28 de junho de 2009

A precariedade dos professores portugueses


Ora cá temos mais um estudo realizado pela OCDE e não por qualquer outra desacreditada entidade ou instituição, ainda que mesmo assim o Ministério da Educação possa tentar mais uma vez desmentir. Mas as verdadeiras conclusões e o veredicto final cabe sempre ás próprias vitimas das consequências da precariedade, neste caso os professores, mas naturalmente também todo o meio envolvente resultante do seu trabalho marcado por condições de trabalho que segundo a OCDE são os mais precários.

Trata-se do primeiro estudo realizado pela OCDE sobre as condições de trabalho dos docentes portugueses e as conclusões são preocupantes. Ou seja, 32,4% não têm contratado permanente, o dobro da média dos 23 países analisados. O estudo revela também que 17,4% dos professores portugueses têm contratos inferiores a um ano. Os sindicatos confirmam que muitos docentes estão há mais de 15 anos em situação precária.

Portugal é assim o campeão da precariedade docente, mesmo atrás de países como a Eslováquia, Turquia, Estónia, Brasil, Malásia e Polónia, sendo o único com valores inferiores aos 70% de estabilidade contratual (67,6%), contrastando com a média dos restantes países, que é de 84,5%.

Com a avalanche de docentes a “fugirem” deste inferno em que se transformou o ambiente em meio escolar, será que os recursos humanos que ficam ao dispor dos Directores, como “lideranças fortes” nas escolas, são um exercito de mão de obra descartável, precariezada, como prova este estudo, sujeito a politicas educativas mais preocupadas com estatísticas e em função de números? Muito pobre vai ficar a escola pública e a democracia e sobretudo o exercício de cidadania tão propagandeado, mas cada vez menos exercido, talvez por realidades já vividas nos dias de hoje, mesmo em democracia.

São pois estudos como este, que devem merecer atenção das próprias comunidades educativas, para que a escola não se transforme numa “empresa” de infelicidade e de falta de referenciais marcantes pela positiva para o futuro das próximas gerações.

José Lopes (Ovar)

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