terça-feira, 2 de junho de 2009

Números como se fossem balas


Por esta altura, quando o ano lectivo está prestes a acabar, surgem invariavelmente os números. Para todos os gostos e demagogias. Os números dos chumbos. Em linguagem burocrático-ministerial: Os números das “retenções”.

Um diário desta semana informava que uma em cada quatro pessoas que frequenta a escola básica até ao 9º ano chumba. Trata-se obviamente de Portugal, o campeão dos chumbos.

Não sabemos nunca como é entendida esta triste notícia que nos faz corar de vergonha. Com morbidez, certamente, por parte dos mais altos responsáveis ministeriais, comprazidos em poder continuar a perseguição à classe docente, transformada em bode-expiatório.

Com impotência, talvez, pela grande maioria dos professores e professoras.
Com revolta, seguramente, das vítimas da crise da escola: Alunos e alunas, suas famílias, grande parte da classe docente.

Mas nem uma palavra séria ouvimos, uma decisão corajosa, um compromisso, um plano de emergência para sairmos deste “fado”.

Terá que ser a classe docente a impor soluções, a reivindicar apoios, a mobilizar solidariedades, a salvar a escola pública.

O problema sempre foi: por onde começar? Pelo pessoal técnico de apoio especializado? Por alterações legislativas? Pela revisão dos programas?

O mal do ensino português vem de longe, de há mais de um século. O que falta é romper o círculo vicioso da herança da iliteracia da nossa sociedade e a incompetência e desumanidade dos sucessivos governos e ministérios da educação.

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