segunda-feira, 15 de junho de 2009

Livros produzidos por docentes como ferramentas de trabalho


Num ano lectivo (2008/2009) marcado pela maior instabilidade nas comunidades educativas, nomeadamente, pelas manifestações mais representativas dos docentes em resposta ás politicas governativas e do Ministério da Educação, como o polémico modelo de avaliação que veio dividir os professores e mereceu uma gigantesca onda de indignação. Ainda foi possível conciliar a angustia de profissionais acossados por tanta afronta indigna, entre a componente lectiva e a produção de obras literárias auxiliares ao próprio trabalho pedagógico, como guias auxiliares na sala de aula, resultantes de várias vivências profissionais e de exemplares exercícios de cidadania activa.

Um destes exemplos, de dedicação e contributo para o enriquecimento e valorização da relação com o meio envolvente e sobretudo, despertando a comunidade escolar para causas, muitas causas, foi deixado pela passagem da professora Ana Mafalda Damião, destacada na Educação Especial no Agrupamento de Escolas de Ovar.

Promotora e animadora de vários projectos de educação para a cidadania, como Comércio Justo entre vários outros, esta docente natural do Alentejo e licenciada em História pela Universidade Nova de Lisboa, que no próximo ano lectivo continuará certamente noutra comunidade educativa o seu percurso, não só pedagógico, mas cívico e solidário, envolvendo colegas docentes, alunos e restantes elementos das comunidades escolares, deixou na sua breve passagem por Ovar, contributos, como os seus mais recentes livros publicados, “Educar para uma sexualidade harmoniosa” e “Ana Gotinha de Água – Carta de Zaragosa”.

Entre tantos outros trabalhos produzidos por profissionais da educação que representam recursos pedagógicos fundamentais na escola pública, a comunidade escolar de Ovar, teve o privilégio de poder partilhar um diferente modo de estar nesta profissão, em que a professora Ana Mafalda, mostrou o resultado em livros, da sua própria procura de meios de apoio, num caso, para a abordagem da temática da sexualidade no meio escolar, e no outro, para a temática ambiental, no caso concreto, a importância da água para a sobrevivência do ser humano e do planeta.

Através da ilustração de Diana Lérias, a autora do livro “Ana Gotinha de Água – Carta de Zaragosa” encontrou uma história acessível para as crianças e os alunos lerem, sensibilizando-os para os grandes desafios colocados à humanidade através da aprovação da Carta de Zaragosa em Setembro de 2008 sobre a imperiosa urgência de preservar a água do planeta.

Um verdadeiro apelo à necessidade de todos, desde tenra idade, estarem despertos para a importância do desenvolvimento das sociedades com base em critérios de sustentabilidade e com respeito pela natureza, bem como a ideia, de que os cidadãos participem como co-responsáveis na gestão integrada da água e da sustentabilidade. São algumas das linhas orientadoras da Carta de Zaragosa, que através de livro, Ana Mafalda, realça conclusões como a que aponta, que “a educação, cultura, comunicação e participação devem ser eixos de transformação da gestão da água em todo o mundo, ou “que o investimento em infra-estruturas da água, nos países em desenvolvimento, é essencial para a redução da pobreza e o crescimento económico” mas também, que “os investimentos actuais são insuficientes para alcançar os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio”.

Estes livros produzidos por professores como ferramentas de trabalho na educação, são alguns dos contributos através da escrita, que ajudam a contrariar a tendência para não pensar, ou para o imediatismo consumista.

José Lopes (Ovar)

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