segunda-feira, 29 de junho de 2009

Provas de aferição: fim ou meio?


Para mim, não é um espanto ler o que a nossa ministra da educação diz sobre os resultados das provas de aferição. Não se admirem vocês, os que estão a ler este comentário, do estado em que se encontra o ensino e a aprendizagem no nosso país.

Para os que não são professores, informo que a experimentação das provas aferidas teve início em 1990/1991. Encontrava-me, nesses anos, no Instituto de Inovação Educacional, organismo que funcionava "quase à parte" do Ministério da Educação. Ali, trabalhava-se por projecto e não por "horário a cumprir". Por isso, havia entusiasmo, dedicação, vontade de aprender, de analisar, de saber (quando necessário, verificava-se a nossa presença também aos domingos). A equipa (5 pessoas) era "novata" em investigação mas havia uma coordenadora excelente, honesta e investigadora experiente. O objectivo principal - nessa altura - era, de facto, ver o que necessitava de melhorar no sistema educativo.

Passados estes anos todos, não sei - como professora "normal" - o que tem sido estudado. Era também o início da aplicação dos novos programas de Língua Portuguesa e de Matemática (em 2010, haverá a substituição dos mesmos, repare-se!). Poderia/deveria ter sido feito um estudo longitudinal, nomeadamente. Se existe, desconheço. Alíás, é vulgar não haver divulgação de dados aos que de facto estão nos locais de ensino - professores/escolas.

Neste momento, não são os resultados que me interessam, se quero melhorar o que faço. O que gostaria de ver era uma análise de dados. Onde está??? Para a ministra, como as diferenças não são significativas, certamente não lhe interessa saber se o "fosso" (em linguagem popular) entre os "alunos excelentes" e os "piores" é maior ou menor, por exemplo. E, para além disso, analisar a origem desses "excelentes" e "piores" alunos, o método de ensino-aprendizagem que tiveram nas escolas que frequentaram e, especialmente, o método utilizado pelos professores que os leccionaram. Talvez assim, dirigindo todo o trabalho às causas do problema, pudesse até ter dados para uma verdadeira AVALIAÇÃO DE PROFESSORES E DE ESCOLAS, e em seguida, proporcionar a formação necessária que faz parte de qualquer avaliação. Só que, assim, não poderia considerar os números como um fim a atingir, mas antes, como um meio de melhorar.

Fátima Homem Cristo

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