sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Do que é capaz o polvo da avaliação


Em relação ao clima que se está a viver nas escolas muito há a dizer mas hoje, chamou-me a atenção para uma das consequências perversas deste modelo de avaliação, uma conversa que tive com uma colega. A mesma queixava-se que um aluno tinha deixado escrito numa composição qualquer coisa como: “berrava como a Professora de Português”. Isto aliado ao teor de uma outra composição que aludia a factos pouco próprios para uma produção escolar fez com que a colega quisesse falar com a mãe do petiz. Do que se arrependeu depois, pois ouviu da Senhora comentários como: “Qual é o problema” ; “a professora fala alto, então ele não mentiu” ; “Os Professores andam com estas coisas porque estão preocupados com a avaliação.”

Isto lembrou-me outra conversa que ouvi, por alto, no outro dia, onde uma outra colega se queixava que tinha enviado um recado na caderneta, dirigido ao Encarregado de Educação, como aliás sempre fez, sempre fizemos, nós, Professores. Não sei precisar desta vez qual o motivo. Comportamento? Não trouxe o material necessário para as aulas? Chegou várias vezes atrasado? Não trabalhou na aula? Não fez o TPC? – A resposta do Encarregado de Educação não poderia ser mais clara: “deixem o meu filho em paz, vocês estão é preocupados com a avaliação.”

Com este modelo de avaliação a Sra. Ministra conseguiu outra coisa – tornar-nos reféns dos Encarregados de Educação, principalmente dos pouco esclarecidos.Mas o que vale é que muitos pais e encarregados de educação compreendem que este modelo de avaliação só vem prejudicar os alunos. É que os professores, embrulhados em reuniões e grelhas intermináveis, ficam com menos tempo e disponibilidade para o que mais interessa: melhorar pedagogica e cientificamente as suas aulas.

Silvana Paulino

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